sexta-feira, maio 30, 2008

Os leitores lançam as mãos à massa

Às vezes escrevem-nos. Fazem sugestões, críticas, perguntas, reflexões. Independentemente das opiniões, publicamos quando nos deixam. É o caso. Texto de autoria de um amigo, a partir das comemorações, em Vouzela, do “Dia da Europa”.
Praça Morais Carvalho, anos 30. Foto do Notícias de Vouzela

Ponto de Vista: A propósito do Dia da Europa

Tive o prazer e a oportunidade de assistir a um espectáculo grandioso a todos os níveis, no dia 9 de Maio, dia da Europa, pelas 21,30 no Cine-teatro João Ribeiro em Vouzela, organização do Agrupamento de Escolas de Vouzela e da AGU- Agência de Desenvolvimento.

Grandioso pela envolvência dos alunos participantes, pelo trabalho desenvolvido por professores, pela capacidade técnica dos ginastas, pelo calor dos hinos dos diversos países da Comunidade, pela reportagem fabulosa das imagens que tivemos oportunidade de apreciar.

Por momentos veio à tona do público um certo orgulho de portuguesismo, um laivo de patriotismo enquanto a assembleia de pé cantou a "Portuguesa", hino composto para enfrentar os ingleses no conflito conhecido como "Ultimato Inglês".

Em jeito de agradecimento e despedida fiquei agarrado a estas palavras: "Vouzela com estes jovens tem futuro". É justo que assim seja. Mas que futuro tem Vouzela para oferecer a estes jovens? Que plano estratégico de desenvolvimento cultural, económico, profissional, urbano tem Vouzela para oferecer a estes jovens? É provável que tenha, cabe às instituições oficiais zelar por isso e penso que fazem o melhor que podem. No entanto só posso falar pelo que vejo: Oliveira de Frades a crescer na capacidade de oferta de emprego e serviços, a ter o hábito de nos receber com simpatia e alguma descontracção, a proporcionar uma actividade cultural regular, enquanto que Vouzela deprime, definha, é vítima de si própria, da sua pequenez, a precisar urgentemente de uma nova organização viária na rua Conselheiro Morais Carvalho, a necessitar de uma expansão urbana moderna que desafogue o chamado centro histórico e, já agora, de ideias que vão ao encontro das necessidades de todos os que cá vivem e trabalham. E, a propósito da semana da Europa e das línguas, aprendamos com os franceses que nos recebem nas suas lojas com um "Bom dia Senhor, faça o favor...", "Bonjour Monsieur" mal abrimos a porta, e não o desajustado "Diga!".

Vouzela terá futuro se aprender com os outros, se todos contribuírem para o engrandecimento da NOSSA TERRA e a puserem à frente de qualquer outro interesse!

Obrigado pelo grandioso espectáculo. Por Vouzela e por Lafões!

José Ferreira

quarta-feira, maio 28, 2008

Roleta russa

Há qualquer coisa de suicida no modo como enfrentamos os problemas. A catástrofe pode estar anunciada com enorme antecedência, mas só a encaramos quando nos bate à porta. Normalmente para a deixar entrar.

O aumento do preço dos combustíveis, está a provocar uma turbulência que atravessa toda a sociedade portuguesa. Organizam-se boicotes, fazem-se cálculos para encontrar o “preço justo”, exigem-se descidas de impostos. Os governantes pedem estudos e calma. Mas poucos têm a coragem de reconhecer que o problema era mais do que previsível e nada se fez para o evitar.

Somos o país das auto-estradas e do automóvel à porta. Não é um problema de preguiça, mas de opções políticas e de ausência de alternativas. Transportes públicos miseráveis ou inexistentes, completo desprezo pela ferrovia e uma enorme lata de alguns para tudo justificarem em nome de uma “rentabilidade” que só eles vêem e que, na realidade, se limita a um conjunto de truques para explorar, até à medula, os bolsos do cidadão. Previsão, planeamento, investimentos de longo prazo, não fazem parte do manual de instruções dos nossos governantes. Nacionais e locais.

Se pensarmos que o próximo recurso de que vamos sentir falta é nem mais nem menos do que a água, temos todos os motivos para grandes preocupações. O diagnóstico está feito, a indiferença é a do costume. Como aconteceu com o petróleo. Medidas, também as do costume: apenas projectos de privatização do sector (lembram-se da Galp?). Recuperação dos recursos hídricos, controlo das fontes de captação (vale a pena ler isto), generalização do saneamento básico a todo o território nacional, são assuntos estranhos às preocupações oficiais. Não me digam que não vos faz lembrar a roleta russa. Desta vez, com um só espaço vazio no tambor do revólver. Mas há quem acredite na sorte

segunda-feira, maio 26, 2008

Ponte Romana - Parte I


[CORRIGIDO]


1940's

Ferrania


(sem indicação do editor)


1950's

Portugal Turístico - Edições Santos Vistas
Vouzela - Pontes: Romana e do Caminho de Ferro



Os dois primeiros postais que estavam datados de "1960's" são afinal de "1940's". Acabei de adquirir um da mesma colecção que circulou em 1946.


quinta-feira, maio 22, 2008

O túnel sem luz ao fundo

Frank Miller

Na mais recente polémica envolvendo a ASAE, ficámos a saber que os vulgares congeladores que temos em casa, normalmente associados ao frigorífico, apenas servem para manter produtos previamente congelados industrialmente. Esse hábito de ir comprar fresco e congelar em casa é um disparate, devido à lentidão do processo, só aceitável se for feito num túnel de congelação.

Longe de nós discutir tão doutas opiniões ou manifestar desprezo pela saúde pública. O problema é que o esclarecimento que tem sido dado sobre este assunto (com algum dramatismo, diga-se), está a convidar ao consumo de produtos congelados, isto é, os que foram adquiridos por grandes cadeias de distribuição, ou os produzidos em unidades com fôlego para adquirirem os tais túneis. Aos pequenos produtores, resta entrar no túnel, que é como quem diz, no buraco. Quanto aos consumidores, ou criam a vitela na varanda e mutilam-na à medida das necessidades, ou rendem-se ao congelado. Hipótese menos provável é que alguém se lembre da tal protecção aos produtos tradicionais que já devia existir mas não existe, ajudando a criar condições para que haja túnel e, sobretudo, apareça a luz no seu fundo.

terça-feira, maio 20, 2008

Novo blogue na região

É de Oliveira de Frades e chama-se Pensão Avenida que, pelos vistos, foi onde tudo começou. Pretende partilhar uma colecção de imagens antigas que se adivinha rica e... o que mais se verá. Vale a pena visitar e colaborar. Já faz parte do nosso “Folhado fino”, aí na coluna da direita.

Compete-nos felicitá-los

“Clique” na imagem para aumentar. In, JN

segunda-feira, maio 19, 2008

O ordenamento que nos permitem

Pedro Cabrita Reis- Found cities

Que interesse pode ter um governo em criar uma “política consistente de mobilidade”, se lucrar com a desorganização reinante, quer através dos impostos sobre a gasolina, quer dos impostos sobre veículos, portagens, estacionamento, etc.? Nenhum. E é precisamente isso que se passa.

Em Outubro de 2007, a Comissão Europeia publicou o Livro Verde – Por uma nova cultura de mobilidade urbana. Objectivo, “criar uma política consistente em matéria de mobilidade urbana”, abrangendo cidades e vilas. O Instituto de Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), abriu um debate público, cujas conclusões apresentou na publicação Resposta Portuguesa ao Livro Verde – Para uma nova cultura da mobilidade urbana. Vale a pena ler, para percebermos o raciocínio que preside àquilo que, na cabeça dos nossos governantes, mais se aproxima de uma política de ordenamento do território.


Muita conversa sobre a vantagem de andar de bicicleta, elaborados discursos sobre a necessidade de mudar as mentalidades, mil e uma ideias para sacar o coiro e o cabelo ao cidadão. Ah! E a escola, pois claro, essa entidade milagreira que da técnica do corte das unhas aos caprichos da senhora dona Carlota Joaquina, passando pelos méritos do dar ao penante, tudo há-de ensinar para a salvação dos homens. Medidas concretas de planeamento e reorganização dos transportes, nada mais do que vagos conselhos.

Durante anos estimulou-se o transporte individual e desinvestiu-se no colectivo. O transporte ferroviário foi (é) praticamente abandonado, como opção de circulação interna. As contas com que se justifica tudo isto, esquecem sempre as parcelas sociais e ambientais e, sobretudo, escondem o que se ganha em manter tudo na mesma. Soluções, só as que dependam do esforço e da bolsa do cidadão.

É por isso mesmo que não se vai aproveitar o brutal aumento do preço do petróleo para introduzir correcções. Não dá lucro. Ao contrário das portagens, dos estacionamentos pagos e do aumento do preço do combustível- estas sim, as únicas medidas de “ordenamento” a que teremos direito.

Em Vouzela


Não basta acabar com o estacionamento para melhorar a imagem da Praça

Em Vouzela preparam-se medidas de reorganização do estacionamento. Também aqui a falta de planeamento vai fazer estragos, cujas consequências vão recair, exclusivamente, sobre os ombros dos cidadãos. Quando se "pensou" o bairro da Senra, devia ter sido prevista a limitação de estacionamento em áreas como a Praça Morais de Carvalho e a Avenida João de Melo. Não foi. Agora tudo vai ser mais difícil. Até a hospedaria se debate com a dificuldade de não poder contar com qualquer espaço que facilite uma simples saída de bagagem.

Como alternativa à Praça da República e à Avenida João de Melo, talvez a melhor solução seja a adaptação do Largo da Feira, conciliando as duas funções (feira e estacionamento). Não é inédito. Mas, importante mesmo é que se aprenda com os erros e se perceba que áreas de expansão não podem servir, apenas, para a apropriação privada de mais-valias. Têm que integrar espaços que desempenhem serviços públicos.

sexta-feira, maio 16, 2008

Esta realidade que nos amarra

Robert & Shana ParkeHarrison

Não estivessem os bancos cheios de crédito mal parado e os portugueses endividados até à ponta dos cabelos e, muito provavelmente, continuávamos indiferentes à importância em dinamizar o restauro e o arrendamento, olhando para o território como um bem ilimitado, pronto a levar com cimento em cima em cada metro quadrado disponível.

Já há muito que vinha sendo denunciado o facto de Portugal ser o país da União Europeia que mais construía e menos recuperava. A constante oferta de habitação nova, muito superior às necessidades, deixava para trás um parque habitacional ao abandono, provocando uma alarmante ocupação do solo. Autoridades nacionais e locais ajudaram à festa, permitindo a apropriação privada de mais-valias conseguidas com investimento público e fazendo depender o financiamento das autarquias da área urbanizada dos respectivos concelhos. Ainda hoje existem presidentes de câmara que defendem, sem rir, que a “política do betão” é factor de modernidade. Paz à sua alma.

Com alguma boa vontade, admitamos que foram duas décadas (foram mais) de assalto descarado ao território, fazendo da construção e da especulação imobiliária as actividades económicas de referência, chegando a controlar, directa e indirectamente, cerca de 30% da população activa. Foi quanto bastou para se criarem perversões que vão muito para além da vandalização do território. Alimentou-se a ideia de enriquecimento fácil, em que a compra e venda de terrenos e o amontoar de tijolos, sem grande exigência técnica, era quanto bastava para ter o BMW à porta.

Foram vinte anos a transmitir estes sinais, a educar neste “capitalismo popular” (expressão do primeiro-ministro Cavaco Silva) as gerações mais novas. Agora falem-lhes em “paradigmas finlandeses” e tentem explicar que a “monocultura do tijolo” não é para todos- só para os PIN... Sobretudo, façam desenhos para que se entenda que a terra serve para bem mais do que para meter casas em cima e que as actividades económicas têm que se basear numa sólida formação que lhes acrescente valor.

Ou não façam nada disto. Finjam que dizem alguma coisa, não dizendo coisa alguma; finjam que dão formação, finjam que basta meter a miudagem nas escolas para que, de repente, consigamos saltar para o “pelotão da frente”. Depois, com meia-dúzia de artimanhas, garantam o lugarzinho e brinquem com os números. Se calhar é por causa do aquecimento global, mas a verdade é que a nossa “jangada de pedra” parece aproximar-se, cada vez mais, do Norte de África.

quarta-feira, maio 14, 2008

Capela de S. Frei Gil

1960's


Colecção Passaporte (LOTY)



J.C.A.L.


1985

Edição: Câmara Municipal de Vouzela
6 - Capela de S. Frei Gil - Passadeira de Flores
Gráfica Ideal - Águeda

segunda-feira, maio 12, 2008

Regulamento de Edificações Urbanas: proteger as marcas da nossa identidade

O Regulamento de Edificações Urbanas está em período de discussão pública. Convém dizer que o fundamental da questão não depende das opções locais e quem quiser encontrar o fio da meada legislativa, tem que se fazer acompanhar de guia e de uma boa dose de paciência. Partindo de um Decreto-Lei de 1951, a coisa desenrola-se por uma série de regulamentações parcelares, de alterações e de alterações às alterações, naquele jeito de complicar as coisas simples que deixa ao cidadão a ideia de que o querem afastar da compreensão do assunto.

No entanto, devemos tentar. Sobretudo, devemos fazer sentir aos responsáveis locais que há uma opinião pública atenta, sensível à necessidade de preservarmos o equilíbrio da nossa paisagem e a defesa do nosso património.

Com esse objectivo, parece-nos importante que se preveja a defesa das edificações em pedra. Já aqui falámos na preservação dos muros, “causa” que contou com uma feliz iniciativa do “Burro quando foge” e que urge apoiar para travar os erros que estão a ser cometidos. Propomos agora que se alargue a todas as edificações em pedra, elemento determinante nas características da nossa paisagem e marcas da nossa História. Reflectem técnicas de construção, organização económica, conceitos de habitar.

A legislação permite-o, dando, no entanto, ampla liberdade às autarquias. Na interpretação e na estratégia. Depende, pois, da sua sensibilidade e vontade. Que tal darmos uma ajuda?

sábado, maio 10, 2008

O FMI e a fome

A não perder o editorial do número de Maio do Le Monde Diplomatique (edição portuguesa). É sobre o disparo do preço dos alimentos e- por incrível que pareça- quem com ele beneficia. De passagem, fala-se no abandono da produção local e da autonomia alimentar. Para os que estão fartos de dar voltas à cabeça, tentando perceber porque comem feijão-verde de Marrocos e batata de França, a não perder (aqui e muito mais na coluna da direita- Masseira- do Pastel de Vouzela)

Para guardar em local seco-III

(Foto: Pastel de Vouzela)

Ideias de outros que interessa guardar. Para consumir mais tarde ou para reproduzir em futuras sementeiras.

Só foi pena não se terem lembrado disto antes de venderem património ao desbarato

É o fim dos bairros sociais. E da solução dos problemas habitacionais através da entrega de uma casa. Em vez de mandar construir mais fogos para as 40 mil famílias que têm necessidade imediata de habitação, o Estado deverá dinamizar o mercado de arrendamento e ser ele próprio a adquirir ou arrendar imóveis, para constituir uma bolsa de fogos com que possa resolver algumas das carências habitacionais detectadas- Público.

Construtores e banca, uma aliança explosiva

Importa referir que no final dos anos 80 a diminuição das taxas de juro e a folga no rendimento disponível das famílias foi completamente absorvida pelo aumento especulativo do preço das casas que beneficiaram apenas duas entidades: os construtores e a banca. Os Governos foram cúmplices desta situação quando dispunham de mecanismos de regulação que não quiseram usar- pedra do homem

PINtem-nos de verde

A miopia dos PIN’s só tem equivalente na miopia de muitos dos nossos empresários. Juntos vão destruir de forma irreversível um património único que deveria e poderia ser preservado. O bem comum também passa por aqui e não é incompatível com o mercado regulado e bem encaminhado- Ladrões de Bicicletas.

Um debate decisivo para o Mundo Rural

Nadir Bensmail mostra como a produção 'moderna' para os mercados internacionais mantém no essencial as estruturas sociais existentes (o recurso ao trabalho assalariado desqualificado, a concentração da propriedade, etc.); inversamente, discute como a associação entre produtores e uma postura mais consciente dos consumidores pode conduzir não apenas à preservação da diversidade cultural, mas também a modelos de desenvolvimento do sector agrícola mais sustentáveis, em termos ambientais, sociais e económicos. Ou seja, paradoxalmente, a produção 'tradicional' pode revelar-se mais progressista do que a produção 'moderna', desde que enquadrada por uma atitude crítica por parte de produtores e consumidores. O mesmo tipo de lógica é facilmente extensível à generalidade dos produtos tradicionais- Ladrões de Bicicletas.

quarta-feira, maio 07, 2008

Bastava uma simples comunicação

“Estou saturada da desculpa de que Bruxelas é que tem a culpa”- Ana Soeiro, antiga funcionária do Ministério da Agricultura

A falta de protecção aos produtos tradicionais é da exclusiva responsabilidade das autoridades portuguesas. Bastava uma simples comunicação a Bruxelas para que fosse possível continuar a usar materiais e métodos de fabrico tradicionais. Só que ninguém a fez e o assunto só começou a dar nas vistas quando a opinião pública se virou contra o que considerou ser um abuso da actuação da ASAE.

Quem já teve oportunidade de comparar o que por cá é exigido, com o que se passa noutros países da União Europeia, não pôde deixar de estranhar o contraste. Pão caseiro, licores, aguardentes, queijos, tudo nos é oferecido lá fora e proibido cá dentro. As costas largas de Bruxelas serviram de desculpa. Injustamente.

Não é difícil imaginar a importância de muitas dessas actividades, para regiões altamente deprimidas como as do Interior. Ao fim e ao cabo, elas podiam ter sido as dinamizadoras de pequenos focos de economia familiar, ao mesmo tempo que garantiam uma oferta diferenciada, a partir da cultura local. Nada disso foi tido em conta pelos sucessivos governos, com a cumplicidade de muitos autarcas que mantiveram um silêncio indiferente. Preferiu-se empurrar as pessoas para os subsídios da Segurança Social, pelos vistos mais fácil do que preencherem um simples formulário.

Mas a gravidade da situação é tal que, de acordo com Ana Soeiro, nem os produtos qualificados “como denominação de origem (carne do porco alentejano ou pêra-rocha do Oeste, por exemplo) e como indicação geográfica (ovos-moles de Aveiro, presunto de Vinhais)” estão protegidos perante a legislação comunitária. Porquê? Porque “o Governo aprovou o caderno de especificações (que descreve a forma como são fabricados/manuseados), mas não fez as obrigatórias comunicações à Comissão Europeia nem informou à Autoridade de segurança Alimentar e Económica (ASAE)”.

Alto aí! Então e a vitela de Lafões, o cabrito da Gralheira... os pastéis de Vouzela? Impõe-se exigir das autoridades locais e das associações o completo esclarecimento da situação, porque manter a opinião pública informada é a nossa única defesa. Depois, aprender com esta experiência, também ajudava...

Quem é amigo?

Raphael Bordallo Pinheiro- Zé Povinho amarrado à coluna dos impostos

Nos tempos que correm, temos que ser uns para os outros. Apresentamos uma página onde pode encontrar os postos com o combustível mais barato, seleccionar por regiões e comparar (chegámos lá a partir do Blasfémias). Além do mais, destaca a área de serviço de Vouzela.

Já devem ter reparado que não morremos de amores pelo transporte rodoviário. Mas também não somos masoquistas. Nem parvos. Ora, quando falamos num produto em que o preço final é maioritariamente constituído por impostos, sem que nos sejam oferecidas alternativas válidas, faz todo o sentido divulgar os que nos permitam poupar uns trocos. Não têm de quê.

segunda-feira, maio 05, 2008

Manda o Borda d’Água semear couves

Bem vistas as coisas, a crise estava anunciada: o aumento do preço dos produtos agrícolas está a provocar situações extremas de fome a nível mundial. As causas são várias, desde as perversões introduzidas com a aposta nos biocombustíveis (e consequente redução da área destinada à produção alimentar), até à especulação e ao açambarcamento. Para alguns optimistas, é desta que a agricultura vai reconquistar a sua importância estratégica.

Num país como o nosso, sempre deficitário no que à produção agrícola diz respeito e com grandes dificuldades em reformar o sector, a situação actual devia ser entendida como uma oportunidade. “Bons alunos” quanto às directivas europeias, Portugal tem limitado a sua acção à aplicação das orientações da Política Agrícola Comum (PAC), o que tem levado, nalguns casos, ao completo abandono da produção e ao desaparecimento de muitas pequenas e médias explorações.

Depois, a insistência na produção intensiva (concorrendo com produtores de muito maior dimensão) e o desinteresse em apoiar a certificação e distribuição de alguns produtos regionais, tem levado ao abandono, por esgotamento, de muitos agricultores e á desvalorização social do sector. Recorde-se que nos dados comparativos entre 2006 e 2007, o rendimento dos agricultores portugueses teve uma queda da ordem dos 5%, enquanto o dos espanhóis aumentou 10,3% e o dos suecos 16,5% (fonte, Eurostat). Por sua vez, já em 2005, o Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas mostrava que a nossa população rural é a mais idosa e a menos escolarizada de todos os países da União Europeia.

A verdade é que, na situação actual, muito jeito nos dava ter uma produção nacional minimamente capaz de nos por a salvo das perversões do mercado e dos percalços da vida. Não temos. Nem parece que venhamos a ter nos próximos tempos, já que as Novas Oportunidades estão mais viradas para formações em informática e coisas afins- desempregados mas de nova geração. Quanto à terra, é vê-la, neste país de muita estrada e pouco caminho, bem coberta por cimento e alcatrão. “Sous les pavés, la plage”, escrevia-se nas paredes de Paris há 40 anos. Esperemos que, para além da praia, ainda sobrem uns centímetros de terra fértil. Para memória futura.

Não há, pois, que hesitar. O Borda d’Água manda semear, “no Crescente, em local definitivo”, couves, abóbora, agrião, alface, cenoura, ervilhas, fava, feijão... E plantar tomates. À falta de outros, que haja para a salada.

sexta-feira, maio 02, 2008

Para guardar em local seco-II

Foto: José Campos

Ideias de outros que interessa guardar. Para consumir mais tarde ou para reproduzir em futuras sementeiras.

Portugal atrasado um ano na transposição da Directiva de Responsabilidade Ambiental

Se até agora a Lei de Bases do Ambiente festejava sozinha o seu aniversário no mês de Abril, a partir deste ano, este mês passa a poder ser recordado por se completar também o aniversário do atraso na transposição da Directiva de Responsabilidade Ambiental (Directiva 2004/35/CE, de 21 de Abril). O seu prazo de transposição terminou em 30 de Abril de 2007, é um documento que permite colmatar uma lacuna importante na Política Comunitária Ambiental, na medida em que inexistia legislação aplicável em toda a UE que previsse a responsabilização efectiva dos autores de danos ambientais, reforçando a sua impunidade- Quercus

E a mancha de carvalhos e castanheiros continua a diminuir


- Sexta, 24 de Abril

As maravilhas da política do betão

Há 18,6 milhões de casas desocupadas nos EUA. Pessoas sem casa são 759.101. Existem 24 casas vazias por cada pessoa sem tecto. Tirando a questão dos sem abrigo, cá a proporção de casas desocupadas não deve ser muito diferente. Gostava de ver esses números — só no site BPI existe um milhão para venda (será possível?). How the World Works- Quinta do Sargaçal.

Para acabar com as peneiras

(...) os nossos promotores têm de começar a apostar em produtos que não sejam apenas os tradicionais: o golfe já é tradicional, os spas começam a sê-lo. Temos de deixar de fazer coisas óbvias(...).
Devemos fazer coisas que estejam intimamente ligadas a Portugal, à sua cultura, à sua herança histórica, às suas gentes e à sua paisagem. É isso que devemos fazer. Até porque é isso que nos diferenciará de todos os outros. O que muitos fazem é replicar modelos de sucesso da América ou de Espanha. Isso é uma completa loucura. Portugal tem uma natureza fantástica, uma cultura riquíssima e uma gastronomia soberba. Porque é que não usamos essas características nos projectos?

- Andrew Coutts, CEO & Partner da ILM/THR, especialista em turismo residencial, suplemento Imobiliário, Público de 30 de Abril

A este respeito, permitam-nos a vaidade de recordar algo que por aí escrevemos (aqui e aqui).