quarta-feira, setembro 30, 2009

Manual de sobrevivência para eleições autárquicas

Se algum candidato lhe oferecer pavilhões gimnodesportivos, parques industriais, ou uma expansão urbana capaz de transformar a sua freguesia numa metrópole de sucesso... desconfie! Assim como quem não quer a coisa, pergunte quanto pensam gastar na obra, em que indústrias estão a pensar para o tal parque e onde está essa gentinha toda que vai acorrer à sua terra para encher tanta casa e engarrafar as ruas. Depois, pense no que sabe que existe- mais do que naquilo que gostava que existisse- e tente saber porque não está melhor: porque não tem água canalizada e cada vez tem menos água, porque não beneficia de saneamento básico, porque não consegue vender o que produz a preços que lhe paguem o trabalho, porque ninguém o ajuda a ganhar algum com os tais "fundos" de que tantos falam. Provavelmente vão responder-lhe que a culpa é dos "outros" e tentar calá-lo com com sacos de plástico e fatias de carne assada. Não os corra à pedrada. Pura e simplesmente ignore-os e passe à sessão de esclarecimento seguinte.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Linha do Vouga: Papéis de Valor

Apresento esta semana Obrigações e Acções das empresas que construíram e exploraram a linha do Vale do Vouga antes da CP.

Resumidamente e tendo por base a Wikipédia aqui ficam as principais datas de interesse relativas a estas empresas:

A 29 de Janeiro de 1907 são publicados os estatutos da “Compagnie Française pour la Construction et L'Exploitation de Chemins de Fer à L’Etranger”. 
(empresa que construiu a linha)

Em 7 de Julho de 1923, em assembleia geral, fica decidida a nacionalização da companhia, sendo aprovados em 01 de Abril de 1924 os estatutos da nova empresa que passa a ser designada por “Companhia Portuguêsa para a Construção e Exploração de Caminhos de Ferro” . A Companhia tem como objectivo construir e explorar as Linhas do Vale do Vouga.

Em 30 de Dezembro de 1946 é assinada a escritura da transferência da concessão da Companhia do Vale do Vouga para a CP.

Compagnie Française pour la Construction et L'Exploitation de Chemins de Fer à L’Etranger


Obrigação Privilegiada ( Tipo I ) n.º 8076 - 01 de Junho de 1911



Obrigação Ordinária ( Tipo II ) n.º 15196 - 15 de Julho de 1911


Companhia Portuguêsa para a Construção e Exploração de Caminhos de Ferro


Acção n.º 90 - 1 de Dezembro de 1928

Como curiosidade apresento aqui uma raridade. O "Bilhete de Identidade n.º 469" da Companhia Portuguêsa para a Construção e Exploração de Caminhos de Ferro, válido para os anos de 1932-1933-1934. Este "bilhete" dava à família titular o direito a descontos nas várias Companhias de Caminhos de Ferros descritas no verso.


domingo, setembro 27, 2009

Vale uma aposta?

Vale uma aposta de que antes do final da próxima semana, deixaremos de ouvir falar nos altíssimos valores da abstenção?

Duas reflexões

Primeira reflexão: Os portugueses não merecem ganhar o euromilhões.

Na passada semana quando havia um "jackpot" de cem milhões de euros vi uma reportagem de rua de um canal de televisão onde perguntavam, como sempre acontece quando estão em jogo montantes avultados, "o que faria se ganhasse o euromilhões". As respostas são de arrancar blasfémias a um cristão: - comprava uma terrinha para semear umas batatinhas e plantar umas couves; - comprava uma casita e ia conhecer a Madeira; - ia outra vez de férias para a Republica Dominicana.

Um homem acerta no euromilhões e vai semear batatas e plantar couves, compra uma casita, vai à Madeira e alarga as férias na Republica Dominicana. Ninguém pensa em passar a comer em restaurante, ir fazer uma viagem de volta ao mundo ou entrar definitivamente de férias. Não! Português é pobre até a sonhar, é uma questão de cultura mas sobretudo de falta dela porque o pobre que comprava a terrinha para a trabalhar deve ter vivido sempre com dificuldade para alimentar a sua família, o menos pobre está farto de pagar renda e acredita que a Madeira é mesmo um jardim, e o estúpido que, sabe-se lá com que dificuldade conseguiu ir à R.D, entende que aquilo é o fim do mundo.

Todo este quadro deveria dar que pensar pois seria demonstrativo do atraso económico-cultural de um povo sem futuro nem ambição, controlado por um bando de políticos que antes de o serem, também seriam capazes de dar as mesmas respostas, pois o pouco que sabem e conhecem só aconteceu depois de estarem na "profissão".

Mas não há necessidade de pensar ou estudar muito este assunto porque, conhecendo o povo como eu conheço posso concluir que eles são mentirosos, ou seja, o velho da terrinha pensou num grande jardim, com canteiros repletos de flores exóticas, árvores frondosas a oferecerem generosamente os seus coloridos e perfumados frutos , campo de golfe, court de ténis, lago artificial e belas mulheres em roupas reduzidas a trazerem-lhe as bebidas geladas. O da casinha e da ida à Madeira, pensou numa grande moradia na Quinta da Marinha e numa viagem à Madeira sim, mas a bordo do seu iate de 30 m com uma tripulação feminina escolhida entre as concorrentes a miss universo e o que voltava para a Republica Dominicana pensou numa ilha paradisíaca cheia de beldades que o iriam receber e tratar como um rei quando chegasse a bordo do seu jacto privado.

Porque disseram uma coisa e pensaram outra? A resposta é simples: porque têm medo de perder o rendimento de inserção, a reforma ou salário mínimo, pois como bons portugueses, nunca se sabe o que o futuro nos reserva, e além disso as parceiras não iriam achar graça à presença das beldades que como viram estão sempre presentes. E o fisco? Quem é que não pensa logo no que poderia acontecer quando soubessem que tinham ganho tanto dinheiro. Ná! o melhor mesmo é ir semear batatas, comprar uma casita, ir à Madeira ou à Republica Dominicana, continuar a ver as gajas na internet e por o dinheiro debaixo do colchão.

Segunda reflexão: a gripe "A" , as eleições e a comunicação social

Muito se tem lido e dito sobre esta gripe e especulado ainda mais. Os boatos são mais que muitos e bem conhecidos pelo que nem os menciono. A minha reflexão tem a ver com a comunicação social. O jornal da noite da SIC abre com a noticia da "segunda morte em Portugal devido à gripe A". No decorrer do jornal um outro profissional daquela estação diz que "este é o primeiro caso de morte devido à gripe A". Em que é que ficamos? É o primeiro ou o segundo? E o que é que isso importa? E cada vez que morrer alguém com esta gripe a ministra faz um comunicado e apresenta condolências à família?

E os médicos vêm esclarecer a opinião pública sobre o tratamento e a medicação que ministraram? E os que morrem de outra qualquer doença, não terão os mesmos direitos? Porque não criar um canal de televisão para os comunicados, condolências e terapias? Talvez assim a paupérrima comunicação social tivesse de procurar outro tipo de notícias de certo com mais interesse para a comunidade.

Mas como tal não irá acontecer, teremos de ficar a gramar os telejornais com mais de uma hora e a ver as habituais desgraças servidas em bandeja dourada, do marido que matou a mulher por ciúmes, ou do carro que caiu na ravina . Notícias a sério não existem porque os "jornalistas" não as procuram ou se as encontram sabe-se lá porque razões não as publicam/emitem. Então eles não sabem o que todos nós de uma forma geral sabemos? Então porque não investigam? Porque dá trabalho e ganham mal? Ou porque vão mexer com gente graúda que lhes prega com uma acção em tribunal, para a defesa da qual não têm dinheiro? Ou porque em alguns dos casos estão envolvidas empresas/empresários que são a grande fonte de receita publicitária do seu "emprego"? Assim continuamos a ver/ouvir/ler as noticias que a Lusa, agência do estado e dependente do governo que estiver em funções, distribua com base em critérios pouco transparentes.

Esta falta de assuntos é compensada nos períodos eleitorais, com o acompanhamento dos candidatos mais importantes, os frente-a-frente, os comentários, as sondagens, as opiniões etc.. Este ano, tal é a falta de assunto e a necessidade de dizer qualquer coisa que foram ao pormenor de (não lembrava ao diabo) contarem os quilómetros que os candidatos percorreram e os quilos de CO que as respectivas caravanas emitiram. Estou a ver os ecologistas a irem votar no partido que emitiu menos CO ou os adeptos do automobilismo no que fez mais quilómetros. Francamente! À pobreza da campanha junta-se a pobreza da informação. E já anunciam que após o encerramento das urnas vão avançar com as projecções, os comentários, as entrevistas e pasme-se, acompanhar o vencedor com meios nunca vistos, motos, helicóptero eu sei lá o quê. A importância que a comunicação social dá aos políticos é impressionante e penso que única no mundo civilizado, e ajuda a transformar os políticos manhosos que por aí proliferam em estrelas que eles sabem não ser, mas que chegam a pensar que são.

Todos nós sabemos que Portugal é dos países mais atrasados da Europa, e a comunicação social tem dado uma ajuda preciosa para isso. Já era tempo de os telejornais terem 30 minutos de duração e darem as notícias que o são na realidade e que deverão ser do conhecimento geral. As desgraças guardem-nas para os programas da manhã e da tarde que é para isso que pagam à Fátima Lopes, à Júlia Pinheiro e ao Goucha . E quando forem questão mais científicas façam programas sobre o tema em questão. Assim evito de ver operações de barriga aberta quando estou a jantar.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Vejam lá, pela vossa saudinha!

"Em todas as velhas sociedades os governos são (...) os inimigos natos do progresso. A evolução progressiva da humanidade realiza-se, a despeito deles, pela elaboração irresistível das ideias fora da esfera oficial, sob a acção das descobertas da ciência ou das sugestões da arte. O mais que fazem os governos é submeterem-se às transformações sociais que a solução de cada novo problema resolvido pela ciência impõe à existência dos povos. Os governos, portanto, sempre que uma forte efervescência intelectual não agita a sociedade e os não abala constantemente na eminência do seu posto, forçando-os a concessões sucessivas, tendem ao retrocesso"- Ramalho Ortigão, Farpas.

quarta-feira, setembro 23, 2009

A ver vamos

Foto de José Campos

"O que arreta o frio, arreta o calor". Assim era a capucha, traje unisexo para miúdos e graúdos, protegia o serrano do frio cortante do Inverno e do calor tórrido do Verão. O segredo estava no modo como era tecida a lã, de forma compacta-não passava nada.

A imagem da capuchinha com suas ovelhas, remete-nos, talvez, para uma Vouzela lá dos confins da memória, do tempo em que era mais fácil encontrar um lobo do que um automóvel a cortar-nos o caminho. Um tempo de trabalho sem idade e sem horário, de luta constante "contra" os ditames de uma natureza que ainda não tinha adquirido estatuto nem letra maiúscula. Talvez algures pelos finais do século XIX ou princípios do século XX... Falso! Esta imagem tem pouco mais de quarenta anos e isso diz tudo sobre o desenvolvimento que (não) tivemos- a História dos povos tem que ser assumida mesmo quando dói e essa ideia dos ranchos de homens e mulheres cantando e bailando no fim da jorna, foi uma criação do António Ferro para adoçar o Portugal de Salazar.

Agora, quando terminar a campanha para as Legislativas e saírem de cena as "altas velocidades", escutas telefónicas, e "linhas da frente", é tempo de falarmos dos problemas do cidadão real. É tempo de assumirmos, com orgulho, a riqueza imensa que nos foi deixada por esses homens e mulheres de capucha e mãos calejadas, mas tendo presente que, como dizia um grande amigo já desaparecido, "não queremos ser uma reserva de índios". É sobre este equilíbrio entre o respeito pela tradição e a modernidade; sobre a utilização das riquezas naturais como pilares de uma estratégia de desenvolvimento, que queremos ouvir os candidatos à Autarquia. Há unhas para tocar tão delicada guitarra? A ver vamos.
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A menina da foto, talvez seja, hoje, uma mãe de família ou, até, avó. Talvez ainda use capucha e tenha um rebanho. Nestas alturas, convive com a indiferença de quem não a inclui nas "grandes preocupações nacionais", embora lhe deixe um ou outro avental, isqueiros e esferográficas. Provavelmente, até lhe deixam uma fotografia do líder das suas simpatias que coloca ao lado do crucifixo, por cima da mesa de refeições- é a história do "junta-te aos bons...". O que muito provavelmente esta senhora não tem, é alguém mais jovem para a ajudar a tomar conta das ovelhas e não é preocupação com o trabalho infantil. É porque, muito provavelmente, viu os filhos saírem porta fora para um qualquer grande centro, fugindo da miséria a que sempre associaram a vida da mãe- ninguém lhes explicou que não tinha que ser assim. Por lá constituíram família e mostram, hoje, à descendência, a fotografia pitoresca da avó, de capucha vestida, que já os mais novos se vão habituando a associar a pobreza, alimentando o mito e o vício do círculo. Esta gente existe e merece respostas que, até agora, foram sempre ignoradas. Também pelos autarcas.

segunda-feira, setembro 21, 2009

De Vouzela para Albergaria...



Esta imagem de Oliveira de Frades foi utilizada em muitas edições de diferentes datas...quem não se lembra quando ía de Vouzela para Albergaria pela estrada do Vale do Vouga e passava neste local?
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sábado, setembro 19, 2009

Há quem prefira... a couve de Bruxelas

Sempre criticámos a política agrícola seguida pelo actual governo, como criticamos todos aqueles que se acomodaram à ditadura da Política Agrícola Comum (PAC) do interesse dos grandes produtores europeus e incapaz de valorizar a função social e ambiental do sector. Sempre recusámos (na agricultura ou em qualquer outra actividade) o princípio de que "qualquer coisa serve desde que justifique o acesso aos fundos europeus". Por tudo isso, não estamos de acordo com a opinião de Porfírio Silva, expressa neste texto (a que chegámos a partir daqui), publicado no blogue Simplex assumidamente favorável ao Partido Socialista. Mas, como se descobrem umas verdades sempre que se zangam as comadres, vale a pena reter o que é dito na passagem que citamos a seguir. Explica muita coisa sobre a simpatia de alguns pela... couve de Bruxelas.

"Quando o actual governo entrou em funções, os serviços do Ministério da Agricultura estavam impedidos de receber directamente dos agricultores as respectivas candidaturas aos apoios. Essas candidaturas tinham obrigatoriamente de ser canalizadas pelas grandes confederações agrícolas. E cada candidatura assim canalizada rendia directamente 17 euros a uma confederação. Dezassete euros por papel! Cara franquia! E entravam por ano cerca de 300.000 dessas candidaturas. É fazer as contas, como dizia o outro! Além disso, as confederações “delegavam” nas suas associações o trabalho prático de apoiar a elaboração das candidaturas, o que algumas faziam com grande sentido da responsabilidade – enquanto outras cobravam grossas percentagens sobre os montantes recebidos pelos destinatários das ajudas (em alguns casos da ordem dos 20%). Isto significava, por exemplo, que a Companhia das Lezírias, tutelada pelo Estado, não podia apresentar candidaturas nos serviços do Ministério da Agricultura, tendo de o fazer através da AJAP (Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, juventude da CAP), para quem assim escorria uma fatia que de outro modo nunca entraria nos respectivos cofres".

quinta-feira, setembro 17, 2009

Gostávamos de saber


Gostávamos de saber, o que justifica o custo astronómico dos "centros escolares". Gostávamos de saber por que não se optou por edifícios adaptáveis a diversas funções, tendo em conta a incerteza da evolução demográfica do Interior. Gostávamos de saber se estes novos edifícios passam a estar preparados para usar energias alternativas e fazer uma correcta recuperação e utilização de águas residuais. Finalmente, gostávamos de saber porque não se integraram os antigos edifícios nos novos projectos, garantindo a sua preservação e evitando soluções "chapa 5". Gostávamos de saber. Muito, mesmo.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Ponte Romana - Colecção Passaporte (LOTY)

1950's

Colecção Passaporte (LOTY)

Este postal é extraordinário por várias razões.
Primeiro porque não o tinha e é mais um para a minha colecção;
Segundo porque tem um verso lindo. Ora leiam...


E por fim o mais importante: o carimbo!



Quem tem acompanhado os meus post neste blog e anteriormente no Postal de Vouzela sabe que tenho publicado alguns postais desta colecção. Sempre os referi como sendo dos anos 1960's. Muitos coleccionadores me disseram que suponham que alguns negativos eram anteriores e que a impressão dos postais (no caso dos de Vouzela) teria sido efectuada exactamente em 1960. Claro que eram suposições. Vouzela é uma vila pequena e não aparecem destes postais (circulados com carimbo) todos os dias. A diferença de alguns anos pode parecer irrelevante, mas não é. Quando se classifica seja o que for, temos que ter a preocupação de ser o mais rigorosos possível.

Andava enganado e a enganar os outros! Aqui fica a correcção.

Nota: não sei quantos postais tem esta colecção. Tenho o número 37 por isso são pelo menos esses.



Para quem tiver por aí destes postais... a mim faltam-me bastantes e estou interessado em adquirir os seguintes: 1, 2, 3, 7, 12, 15, 19, 24, 32, 33, 34, 35, 36 (acima de 37?)

sábado, setembro 12, 2009

Sondagem revela sério risco de ingovernabilidade

Pasteis de Vouzela- 50%
Folar- 25%
Caladinhos- 12,5%
Raivas-12,5%

Ficha técnica: Sondagem realizada pelo Pastel de Vouzela a pedido do Pastel de Vouzela sobre as preferências dos elementos do Pastel de Vouzela. Motivo: se os outros fazem, nós também queremos. Utilizaram-se entrevistas, observação directa e a mais descarada coscuvilhice. Margem de erro: 25% (suspeitamos que o Zé de Lisboa é um incondicional dos Pasteis de Belém e a Moura Encantada está a fazer dieta). Estes resultados mostram estarmos perante um possível cenário de ingovernabilidade que pode abrir a porta à ameaça das bolas de berlim e do surtido fino.

Os leitores lançam as mãos à massa- VII

Os leitores escrevem-nos cada vez mais, o que agradecemos. Fazem propostas, críticas, perguntas, ou partilham memórias da sua terra. Foi o que fez Jean-Pierre Silva de Oliveira de Frades, que nos enviou imagem da edição comemorativa do centenário do famoso Hino de Lafões.

Edição do Centenário do Hino de Lafões

quinta-feira, setembro 10, 2009

Os nossos carvalhos estão doentes


Fotos de P M

Os nossos carvalhos estão doentes e o responsável parece ser esse malandrinho negro que aparece na imagem de baixo- tem um nome esquisito (Haltica ampelophaga) e consegue devorar a maior parte das folhas em poucas semanas. O resultado imediato, é a imagem de um outono antecipado. A prazo, o risco da praga alastrar às vinhas e vermos repetir os estragos, já que o bicharoco não tem concorrência (predador). Como hiberna nas folhas, infestantes e detritos existentes nos solos, aconselha-se uma boa limpeza à volta dos carvalhais- não há dúvida de que vamos ter um final de ano decisivo...

segunda-feira, setembro 07, 2009

quinta-feira, setembro 03, 2009

Rankings são rankings, estudos são estudos, autarcas são autarcas

Foto de Guilherme Figueiredo

Já estávamos de saída para férias quando o "Notícias de Vouzela" nos trouxe a reacção do presidente da Câmara, Telmo Antunes, ao tal estudo que, noutras paragens, justificou ameaças de lambada e processos em tribunal. Por aqui o calmo murmúrio do Zela fez predominar algum senso do bom, mas não deixa de valer a pena analisar as palavras do presidente.

Decorria a sessão de Câmara de 7 de Agosto, quando o vereador socialista, Adélio Fonseca, procurou saber a opinião da equipa autárquica. Ao fim e ao cabo, se São Pedro do Sul passeou por esse país fora a mediocridade do seu 261º lugar, Vouzela só lhe ganhou por onze posições, registando um trambulhão de 39 lugares. O Dr. Telmo Antunes parece que começou por dizer que não tinha lido o estudo e que não fazia qualquer avaliação, mas sempre foi adiantando que tinha recebido uma proposta de uma empresa para fazer um por 20 mil euros que, a ser aceite, certamente apresentaria uma excelente imagem do concelho. Quando lhe chamaram a atenção para o facto de se tratar de um trabalho "universitário, independente e com base científica", respondeu que se fosse efectuado um estudo das universidades portuguesas, a da Beira Interior (responsável pelo trabalho) "não estaria em melhores lençóis que o concelho de Vouzela", rematando com um "rankings são rankings, estudos são estudos" e a estranheza pela subida de alguns concelhos em relação às posições de 2007, assim como por haver "concelhos com classificações extraordinárias só que não vive lá ninguém". Enfim, de quem não leu o estudo não se pode exigir muito mais.

Só que a reacção do actual presidente da Câmara de Vouzela insere-se numa característica que começa a fazer escola entre os autarcas portugueses: a recusa em discutir política local. De facto, também nós manifestámos dúvidas sobre a importância de algumas variáveis avaliadas (por exemplo, sobre a relação entre construção nova, desenvolvimento e bem- estar). No entanto, são avaliadas outras, bem objectivas, como infra-estruturas básicas exstentes, investimento em gestão de águas residuais, tratamento de resíduos, protecção da biodiversidade e da paisagem, cultura, lazer, desporto, etc., etc., etc. Ao fim e ao cabo, aquelas "coisinhas" que não dão para botar lápide com nome, mas que a nós, simples cidadãos, dizem tudo sobre as condições que nos proporcionam. Será que o presidente da Câmara de Vouzela consegue provar haver saldo positivo em todas elas? Sem pagar 20 mil euros?

O estudo da responsabilidade de José Pires Manso (Professor catedrático da Universidade da Beira Interior e responsável do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social) e de Nuno Miguel Simões (Técnico Superior Economista), compara dados com um outro publicado em 2007. É em relação a ele que são definidas as subidas e descidas- Vouzela desceu. Há erros? Denunciem-se. Mas se, em pleno período de eleições autárquicas, não vão discutir estes assuntos, vão discutir o quê?
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Convém esclarecer que rankings das universidades portuguesas é coisa que não falta. Há para todos os gostos, alguns até fazem comparações internacionais, só não sabemos se custaram 20 mil euros. De qualquer modo e a bem do rigor, devemos dizer que a Universidade da Beira Interior aparece em posição bem melhor do que Vouzela no conjunto dos concelhos nacionais.