quarta-feira, julho 25, 2007

Águas turvas

Há um generalizado consenso sobre a necessidade de aumentar o preço da água, como forma de promover a sua poupança. Salvo melhor opinião, trata-se de pura demagogia, no melhor estilo do fingir que se muda alguma coisa para que tudo fique na mesma. De facto, grande parte do desperdício da água, está no abandono puro e simples dos recursos hídricos, transformados em esgotos a céu aberto ou cobertos de entulho por obras mal planeadas. Ora, a poupança conseguida com o aumento dos valores da factura, limita-se aos recursos usados, não tendo qualquer impacto na recuperação dos restantes. Por outro lado, penaliza duplamente o consumidor individual, obrigado não só a suportar o acréscimo de custos do seu consumo, como o aumento de preços que a medida irá provocar nos diversos bens, em nada contribuindo para alterar métodos de produção.

Paralelamente, percebemos estar em marcha a privatização das águas. Não para já mas, de acordo com o “Público” de 24 de Julho de 2007 (citando o Ministro do Ambiente), depois do Estado “concretizar o investimento de quatro milhões de euros na construção de infra-estruturas de abastecimento”. Se isto não é apropriação privada de mais-valias conseguidas com investimento público, não sei como lhe chamar. Depois, ainda não consegui perceber o que vamos beneficiar com tal privatização, até porque não conheço nenhuma “fatalidade genética” que obrigue uma empresa pública a funcionar pior do que uma privada. O que conheço, são empresas mal geridas. Públicas e privadas. E conheço medidas suspeitas, como as que se anunciam com louváveis objectivos ambientais e que, na realidade, visam tornar mais aliciante um negócio. O das águas. Turvas.

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