quarta-feira, junho 30, 2010

A Região "online"


Vale a pena acompanhar a cobertura feita às questões regionais, pelo nosso vizinho "O Caricas". Natural de São Pedro do Sul e em actividade desde 2004, é o blogue mais visitado da região de Lafões. É, também, um parceiro na defesa e divulgação das imagens antigas da região, num esforço para que se não perca esse património. Vouzela está bem representada. Em destaque no nosso "Folhado fino", aí na coluna da direita.

segunda-feira, junho 28, 2010

São Pedro do Sul - Antigo Convento dos Frades...

Antigo Convento dos Frades e Paços do Concelho.
1920's


Edição de Fradique Santos

sábado, junho 26, 2010

Pormenores - VII


Vouzela

Brasão da "casa dos Coutinhos".

Final da "Rua da Ponte".

quarta-feira, junho 23, 2010

Relato do triste fim de João "Arrebenta", último enforcado em terras de Vouzela


Talvez não passe de uma daquelas histórias que se contavam às criancinhas na esperança de que se fizessem homens, ou talvez tenha sido mesmo assim- no berço do "Fausto português" , nem sempre é fácil traçar as fronteiras entre a realidade e a lenda. Mas aí fica o triste fim de João "Arrebenta", último condenado à morte pelo tribunal de Vouzela, a partir do que lemos nos registos de Lopes da Costa (Biblioteca Municipal de Vouzela).

A pena foi de morte por enforcamento, a ser aplicada no "campo da forca", localizado no Fontelo, a meio caminho entre Vouzela e Vilharigues. Tinham sido tantas as que o João fez que o povinho acorreu em peso para se certificar de que lhe aliviavam a carga. No meio da multidão, sua mãe, naturalmente chorosa, lamentava a sorte do filho. Ao vê-la, já com a corda ao pescoço e como última vontade, pediu para a chamarem. Aproximou-se a pobre mulher, vergada pela dor. João "Arrebenta" encarou-a e... cuspiu-lhe na cara. "Porque me fazes isto, meu filho?"- imagina-se a mulher a perguntar. "Porque não me castigaste quando fiz o primeiro roubo!"- terá sido a resposta.

As coisas tanto podem ter sido assim, como não. Mas a história vale a pena ser contada às criancinhas na esperança de que se façam homens. E aos pais delas, também.
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De acordo com os registos de Lopes da Costa, no "campo da forca" existia um cruzeiro, destruído em 1953 para se fazer um muro. Mais tarde, outro proprietário das terras mais sensível a estas coisas da memória, mandou edificar uma réplica. É essa que mostramos na imagem. Tanto quanto conseguimos saber, está ligeiramente afastada do local original.

segunda-feira, junho 21, 2010

Locomotiva E211 em Vouzela

Magnífica foto (original) tirada na estação de Vouzela no dia 21-06-1968 às 14:30, faz hoje precisamente 42 anos.


Foto adquirida num leilão (autor desconhecido)

sábado, junho 19, 2010

Pormenores - VI


Rua S. Frei Gil

Este brasão quase passa despercebido

sexta-feira, junho 18, 2010

José Saramago

"Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem"- Ensaio sobre a Cegueira.

Independentemente das ideias que defendam, todos aqueles que não adpatam o verbo a comodidades pessoais, merecem o nosso respeito. Todos aqueles que suportam o peso das suas ideias, merecem a nossa homenagem. No restaurante em que almoçava, a televisão reproduzia declarações oficiais a propósito da morte do escritor. Ar sério, patentes e posições variadas, enealtecia-se o génio e previa-se luto nacional. À minha frente, uma jovem acompanhada da família, largou suficientemente alto que me permitiu ouvir: "Como é possível estarem com esta conversa depois de lhe chamarem tudo quando publicou o Caim?". E com isto se cumpriu a maior homenagem a José Saramago.

Consumidor informado


Sabia que Portugal é o maior consumidor de peixe da União Europeia e o terceiro maior do mundo? Sabia que, em 2008, o montante das importações de peixe ascendeu a 1215000 euros, enquanto as exportações se ficavam pelos 435564 euros? Sabia que foram feitos acordos para reduzir a frota de pesca portuguesa? Sabia que isto não faz sentido algum? Provavelmente sabia...

Mas vamos ao que, por agora, interessa. A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) lançou um site (ainda em fase experimental), onde pode saber tudo a respeito do peixe que come. O objectivo é aumentar a informação do consumidor, de modo a reduzir a pressão sobre espécies ameaçadas, encontrando alternativas- há altenativas! E um consumidor informado, tem muita força. Não perca, pois, em www.quepeixecomer.lpn.pt. Também acessível na nossa "Masseira", aí na coluna da direita.

quinta-feira, junho 17, 2010

Novamente a mobilização contra as portagens na A25

"Quem se mete com os beirões, leva"- via, Viseu, Senhora da Beira.

Nem de propósito: hoje é o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca

Porque despovoamento tem tudo que ver com desertificação, vale a pena ler as declarações da presidente da Associação Portuguesa de Demografia: para inverter a situação actual, é necessária "uma dinâmica que os municípios e o tecido económico portugueses não possuem". O governo saber o que faz, também ajudava. Dizemos nós...

quarta-feira, junho 16, 2010

Querem mesmo testar a nossa paciência...

Governo admite cobrar portagens na A-25.

Toquem a rebate!

De acordo com notícias recentemente divulgadas, Vouzela pode ficar sem o apoio da ambulância de Suporte Básico de Vida, na sequência das medidas de "redução de custos" que estão a ser pensadas pelo INEM. Recorde-se que a ambulância foi a solução (pouco satisfatória) encontrada para compensar o encerramento das urgências imposto pelo ministro Correia de Campos.

Já aqui manifestamos a nossa opinião sobre a política de Saúde aplicada pelas equipas de José Sócrates. Mesmo quando tinham razão, nunca souberam levar as ideias à prática, devido a uma total incapacidade de diálogo com as populações e, sobretudo, de uma total falta de respeito. Pelos vistos, apesar da perda da maioria absoluta, o "estilo" continua. A verdade, é que já não faltam elementos para avaliar a eficácia do que defendem: mais grave do que os episódios anedóticos ocorridos com as ambulâncias de Suporte Básico de Vida; mais objectivos do que as especulações sobre a destruição do Serviço Nacional de Saúde, são os números recentemente divulgados que mostram a inversão daquela que foi a grande conquista da sociedade portuguesa após o 25 de Abril: a mortalidade infantil. Isto, num país onde, há muito, não apetece nascer.

A concretizar-se esta medida, não podem restar dúvidas de que os governantes entendem que não pagamos o suficiente para termos direito à vida. Compete-nos transformar a deles (a vida) num inferno, recordando-lhes velhas tradições das nossas aldeias, muito mais velhas do que o mito dos "brandos costumes": toquem a rebate!

segunda-feira, junho 14, 2010

A Pensão Avenida

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sábado, junho 12, 2010

Pormenores - V

Esquina da Rua S. Frei Gil com a Rua Aires Gouveia

Mais um brasão de tantos de Vouzela...

Outros pormenores

(Clique na imagem para ampliar)

Quem chega a Vouzela, vindo das Termas de São Pedro do Sul, seguindo a variante que liga à A-25, encontra à sua esquerda a "composição" que aí apresentamos. "Santuário", manifestação de criatividade popular, engenhosa forma de alguém se ver livre de alguma tralha acumulada ao longo dos anos... O leitor que decida. Pelo que pudemos observar, o (a) "artista" prepara-se para continuar a obra. Se o (a) deixarem.

quarta-feira, junho 09, 2010

Como se fecha um país

Ilustração publicada no "Charivari", aquando da inauguração da Escola Conde Ferreira em Vouzela. Colecção de Carlos Pereira.

Prepara-se nova leva de encerramento de escolas, desta vez com o "critério" de terem menos de 21 crianças. Como sempre, desfralda-se a bandeira da luta contra o "insucesso escolar". Como sempre, fica-se com a ideia de que se brinca com a vida das pessoas e que o lado direito da A-1 (para quem sobe) foi, de vez, apagado da agenda dos nossos governantes.

Já muitos tomaram posição sobre o assunto (incluindo o nosso conterrâneo Vouguinha) e também nós estávamos na disposição de o fazer. No entanto, o texto que a seguir citamos diz quase tudo quanto gostaríamos de dizer- por isso, aí fica. Apenas acrescentamos meia- dúzia de temas para reflexão.

1º) Quando se lança o número de 21 alunos como limite de funcionamento de uma escola (e, já agora, seria interessante saber como se chegou lá), será que se teve em conta que a esmagadora maioria das nossas aldeias não tem tantas crianças? Não seria antes de estimular laços de pertença àquelas que ainda as vêem correr pelas ruas?

2º) Apresentar as autarquias como garante da racionalidade do processo, não será um simples truque manhoso para fingir que se ouve a voz das populações? Ao fim e ao cabo, não é o poder local que suporta os custos de manutenção das instalações do 1º Ciclo e, por isso mesmo, o principal interessado na redução dessas despesas?

3º) Será que nos gabinetes de Lisboa se faz a mais pequena ideia do que são os transportes públicos em grande parte do Interior?

4º) Numa época de inevitável reformulação da oferta de trabalho e num país que se gaba de ter as melhores estradas da Europa, não seria antes de estimular a descentralização e uma racional ocupação do território?

5º) Se o objectivo (mesmo que inconfessado) é poupar, não fazia mais sentido garantir uma utilização multifuncional dos edifícios existentes, evitando a proliferação de mamarrachos (para a sede da junta, o centro de dia, o infantário, as sedes das colectividades, para isto e para aquilo)?

6º) Se- mais uma vez- o objectivo é poupar, como é que se permite que estejam a construir edifícios escolares, sem preverem a utilização de energias alternativas, de aproveitamento das águas pluviais, etc.?

E pronto... Aí fica o texto intitulado "A régua e esquadro" da autoria de Daniel Oliveira e publicado no "Arrastão":

"O governo vai fechar todas as escolas com menos de 21 alunos. Não é coisa pouca. Sâo quase 900 escolas básicas. Um quinto das escolas do ensino básico. 500 já no próximo ano. Dizem que vão negociar. Nos próximos quinze dias.

Esta decisão não corresponde a nenhum plano preparado e estudado durante uns anos que acaba no encerramento de várias escolas para garantir o aproveitamento das crianças. Se assim fosse, a decisão nunca seria a de fechar todas as escolas com menos de 21 alunos e guardar 15 dias para negociação. Seria a de ponderar vantagens e desvantagens da decisão em cada escola. Nuns casos fechava-se. Noutros, como o de um concelho alentejano que ficará com uma única escola básica, não se fechava.

Se a decisão tivesse alguma coisa a ver com a qualidade de vida e o aproveitamento dos alunos, tinha-se em conta a distância da escola mais próxima, os efeitos deste encerramento na vida da localidade, os resultados específicos daquela escola, os custos de transporte para o Estado (tem de ser ele a pagá-los) e não as estatísticas gerais. Sabendo-se que esta decisão tem vantagens – escolas demasiado pequenas não têm massa crítica – e desvantagens – é mais um prego no caixão do interior despovoado e piora a qualidade de vida das famílias -, não se pode ser leviano. Era tendo tudo isto em conta que se decidia o que fazer com cada caso, em negocação com os pais e com as autarquias. É assim que políticos rigorosos trabalham. Mas não foi nada disso que se fez. Decidiu-se administrativamente um critério geral e “kaput”.

Sócrates disse, naquele estilo hiper-adjectivado que que usa para defender tudo e o seu contrário, que “era criminoso para o nosso sistema público de ensino não ter feito nada para encerrar as escolas com menos de 20 alunos”. Querem defender o ensino público e os alunos? Vamos isso. Escola a escola, caso a caso, com estudos para cada uma delas, como fazem as pessoas sérias. Trata-se de poupar dinheiro fazendo crianças de seis e sete anos pagar a crise? Sejam directos e digam ao que vêm. Não brinquem é com a nossa inteligência".

segunda-feira, junho 07, 2010

1916 - ...com pintas, quadrados ou arabescos...

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S.P.SUL - 1916

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sábado, junho 05, 2010

Pormenores - IV


Rua S. Frei Gil

Brasão picado da casa dos Távoras

quarta-feira, junho 02, 2010

Nos 75 anos do Notícias de Vouzela: o primeiro aniversário


Chovia a cântaros quando saiu para as bancas a edição de 1 de Janeiro de 1936, comemorativa do primeiro aniversário do "Notícias de Vouzela". Numa primeira página a três colunas, dominada por um artigo sobre o Natal assinado por Viriato, o director da altura, Horácio Simões da Silva, ocupava toda a coluna do lado esquerdo para referir os obstáculos que o então quinzenário teve que ultrapassar. "Reconhecemos durante a nossa primeira etapa quanto é difícil satisfazer a todos os paladares, sem ferir susceptibilidades quer políticas, quer religiosas, quer mesmo pessoais". Era o início da caminhada do periódico que sucedeu ao anterior "Correio de Vouzela" e que acabou por se tornar no principal guardião da memória do que por aqui houve nos últimos 75 anos.

Nesse Janeiro de 1936, Horácio Simões da Silva reflectia as pressões sentidas, vindas das mais diversas sensibilidades que os quase dez anos de ditadura não calaram, num mundo que se preparava para mostrar, mais uma vez, a ferro e fogo, a falsidade das verdades únicas.

Isso mesmo era previsto na rubrica "Rabiscos", onde se reclamava por "armas, metralhadoras, tanks, aviões, muitos aviões, que são as armas dos países pobres". Mas para que a estratégia ficasse completa, apelando ao "antigo valor dos lusitanos" e com as lições de Aljubarrota, continuava: "E depois das armas precisamos que a educação nas escolas seja orientada no sentido de cada vez mais os rapazes amarem a nossa Pátria e defende-la, apesar de tudo, não recuando nunca na frente da superioridade numérica do inimigo".

Menos belicista, mas reflectindo preocupações semelhantes, o correspondente de Vasconha falava da festa em honra do padroeiro da freguesia (São Silvestre) e fazia votos para que "ele conseguisse agora a paz para o mundo revolto, e puzesse termo à guerra italo-etíope e outras".

Na segunda página, o Dr. Gil Ribeiro Cabral, "Administrador do Concelho" desenvolvia a sua opinião sobre a rede de estradas do concelho e, por entre uma série de notícias mais pequenas sobre nascimentos, baptizados, aniversários, partidas e chegadas, informava-se que Fataunços e Mossamedes estavam prestes a ver a luz (eléctrica), que a Câmara tinha aberto concurso para o lugar de aferidor "com o vencimento anual de 600$00" (3 euros) e que se tinha descoberto o autor de um roubo na capela da Nossa Senhora do Castelo que contou com a conivência do sacristão.

O "Notícias de Vouzela" tinha, então, quatro páginas, dedicando a última a anúncios. Para além do director, apenas eram feitas referências ao editor (José L. Soares de Morais Carvalho) e à tipografia- "Visiense". Como não podia deixar de ser, era "visado pela Comissão de Censura". Escrevia Vitorino Campos: "Só quem tenha permanecido fora do torrão onde nasceu ou foi criado e não possua alma expurgada de sentimentos espirituais e bairristas, poderá avaliar o que representa para os seus conterrâneos auzentes, a visita quinzenal de um jornal da sua terra, por mais modesto que êle seja".