quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Em defesa dos muros de pedra

Normalmente são associados a marcas de propriedade. Para nós, os muros de pedra são condição de existência. Espaço vital arrancado à serra, foram a base de tudo o resto. Aí se construíram casas e terrenos agrícolas, com eles se suavizou, tanto quanto possível, a existência difícil do serrano.

Os muros de pedra são, nesta região, marcas de identidade, reflectindo formas de apropriação do espaço e conhecimentos técnicos com provas dadas ao longo de séculos. Como tal, deviam ser protegidos. Quando, no seu “Plano Estratégico” para 2007, a Câmara Municipal de Vouzela prometia “recuperar o património rural de carácter colectivo”, não sei se tinha em mente os muros de pedra. Mas devia. Protegia-se o património e promovia-se uma actividade económica de exigente formação a ele associada. Pequenos passos para um desenvolvimento sustentado.

2 comentários:

CP disse...

Há alguns anos desapareceram centenas de metros quadrados de muros antigos da serra de Montemuro. Foram vendidos a espanhois que não se fizeram rogados e de um dia para o outro começaram a aparecer com frotas de camiões.

Victor Azevedo disse...

Concordo e assino por baixo.
Nalgumas edificações que vou fazendo junto a minha casa na região, por falta de pedra tenho que fazer em tijolo mas, sempre, depois no exterior mando aplicar um forro de pedra.
Embora sabendo nós que a pedra é cara e escasseia (já adquiri alguma na zona de Castro Daire) acho que a Câmara Municipal deveria preocupar-se com a estética, costumes e beleza das habitações e muros da região e, tanto quanto possível, sugerir e apoiar as construções em pedra. Um muro, por exemplo, na falta de pedra pode ter de ser feito em betão mas depois forrado a pedra e assim se mantém o aspecto estético da zona.