Manda o Borda d’Água semear couves
Bem vistas as coisas, a crise estava anunciada: o aumento do preço dos produtos agrícolas está a provocar situações extremas de fome a nível mundial. As causas são várias, desde as perversões introduzidas com a aposta nos biocombustíveis (e consequente redução da área destinada à produção alimentar), até à especulação e ao açambarcamento. Para alguns optimistas, é desta que a agricultura vai reconquistar a sua importância estratégica.
Num país como o nosso, sempre deficitário no que à produção agrícola diz respeito e com grandes dificuldades em reformar o sector, a situação actual devia ser entendida como uma oportunidade. “Bons alunos” quanto às directivas europeias, Portugal tem limitado a sua acção à aplicação das orientações da Política Agrícola Comum (PAC), o que tem levado, nalguns casos, ao completo abandono da produção e ao desaparecimento de muitas pequenas e médias explorações.
Depois, a insistência na produção intensiva (concorrendo com produtores de muito maior dimensão) e o desinteresse em apoiar a certificação e distribuição de alguns produtos regionais, tem levado ao abandono, por esgotamento, de muitos agricultores e á desvalorização social do sector. Recorde-se que nos dados comparativos entre 2006 e 2007, o rendimento dos agricultores portugueses teve uma queda da ordem dos 5%, enquanto o dos espanhóis aumentou 10,3% e o dos suecos 16,5% (fonte, Eurostat). Por sua vez, já em 2005, o Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas mostrava que a nossa população rural é a mais idosa e a menos escolarizada de todos os países da União Europeia.
A verdade é que, na situação actual, muito jeito nos dava ter uma produção nacional minimamente capaz de nos por a salvo das perversões do mercado e dos percalços da vida. Não temos. Nem parece que venhamos a ter nos próximos tempos, já que as Novas Oportunidades estão mais viradas para formações em informática e coisas afins- desempregados mas de nova geração. Quanto à terra, é vê-la, neste país de muita estrada e pouco caminho, bem coberta por cimento e alcatrão. “Sous les pavés, la plage”, escrevia-se nas paredes de Paris há 40 anos. Esperemos que, para além da praia, ainda sobrem uns centímetros de terra fértil. Para memória futura.
Não há, pois, que hesitar. O Borda d’Água manda semear, “no Crescente, em local definitivo”, couves, abóbora, agrião, alface, cenoura, ervilhas, fava, feijão... E plantar tomates. À falta de outros, que haja para a salada.
Num país como o nosso, sempre deficitário no que à produção agrícola diz respeito e com grandes dificuldades em reformar o sector, a situação actual devia ser entendida como uma oportunidade. “Bons alunos” quanto às directivas europeias, Portugal tem limitado a sua acção à aplicação das orientações da Política Agrícola Comum (PAC), o que tem levado, nalguns casos, ao completo abandono da produção e ao desaparecimento de muitas pequenas e médias explorações.
Depois, a insistência na produção intensiva (concorrendo com produtores de muito maior dimensão) e o desinteresse em apoiar a certificação e distribuição de alguns produtos regionais, tem levado ao abandono, por esgotamento, de muitos agricultores e á desvalorização social do sector. Recorde-se que nos dados comparativos entre 2006 e 2007, o rendimento dos agricultores portugueses teve uma queda da ordem dos 5%, enquanto o dos espanhóis aumentou 10,3% e o dos suecos 16,5% (fonte, Eurostat). Por sua vez, já em 2005, o Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas mostrava que a nossa população rural é a mais idosa e a menos escolarizada de todos os países da União Europeia.
A verdade é que, na situação actual, muito jeito nos dava ter uma produção nacional minimamente capaz de nos por a salvo das perversões do mercado e dos percalços da vida. Não temos. Nem parece que venhamos a ter nos próximos tempos, já que as Novas Oportunidades estão mais viradas para formações em informática e coisas afins- desempregados mas de nova geração. Quanto à terra, é vê-la, neste país de muita estrada e pouco caminho, bem coberta por cimento e alcatrão. “Sous les pavés, la plage”, escrevia-se nas paredes de Paris há 40 anos. Esperemos que, para além da praia, ainda sobrem uns centímetros de terra fértil. Para memória futura.
Não há, pois, que hesitar. O Borda d’Água manda semear, “no Crescente, em local definitivo”, couves, abóbora, agrião, alface, cenoura, ervilhas, fava, feijão... E plantar tomates. À falta de outros, que haja para a salada.
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