Tremido na fotografia
(Quo)
O Instituto Nacional de Estatística disponibiliza na sua página, os dados do “Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2005”. Ao fim e ao cabo, trata-se da confirmação do que todos suspeitávamos e que se torna evidente para quem percorre o País: grande parte do território tem sido abandonado sem projecto nem simples ideia, limitando as opções à emigração ou à especulação imobiliária. Mas, sobretudo, é um retrato em que, todos, continuamos a ficar mal e em que, apesar das aparências, o Poder Autárquico também entra.
Neste momento, Portugal tem a população agrícola mais idosa e menos escolarizada de toda a União Europeia, com uma reduzida capacidade para beneficiar de ajudas, mas com uma forte dependência, ao nível da origem dos principais rendimentos do agregado do produtor, de pensões e reformas. Se acrescentarmos o facto do sector secundário representar a terceira fonte dos principais rendimentos destes agregados (trabalhadores inevitavelmente pouco qualificados), facilmente concluímos que o nosso “mundo rural” é já um “barril de pólvora”, com impactos ambientais, sociais e económicas profundamente negativos. Tenha-se em conta que, nas estatísticas sobre o comércio internacional, no período entre Janeiro e Setembro de 2006, verificou-se um aumento de 8,2% nas entradas de produtos alimentares e bebidas (quer produtos primários, quer transformados).
Se é verdade que a maior parte das decisões para o sector, já pouco dependem das instâncias nacionais, não o é menos que pouco se fez para o reorganizar, tendo em conta os dois maiores serviços que pode prestar ao país: apoiar o ordenamento do território e impedir o extremar de situações sociais de carência. Ao fim e ao cabo, era isto que se exigia dos tais projectos de “economia sustentada” de que tantos falam e poucos praticam: conseguir o financiamento que permitisse a continuação de parte de uma actividade economicamente deficitária, mas que garantia uma percentagem do sustento de pessoas de difícil reconversão, dando-lhes condições mínimas para permanecerem nas localidades e delas cuidarem. Educação, formação e “paradigmas finlandeses”, deviam ter sido as metas a atingir com a geração seguinte, que, desse modo, estaria apta para dar corpo às reformas necessárias.
Neste momento, Portugal tem a população agrícola mais idosa e menos escolarizada de toda a União Europeia, com uma reduzida capacidade para beneficiar de ajudas, mas com uma forte dependência, ao nível da origem dos principais rendimentos do agregado do produtor, de pensões e reformas. Se acrescentarmos o facto do sector secundário representar a terceira fonte dos principais rendimentos destes agregados (trabalhadores inevitavelmente pouco qualificados), facilmente concluímos que o nosso “mundo rural” é já um “barril de pólvora”, com impactos ambientais, sociais e económicas profundamente negativos. Tenha-se em conta que, nas estatísticas sobre o comércio internacional, no período entre Janeiro e Setembro de 2006, verificou-se um aumento de 8,2% nas entradas de produtos alimentares e bebidas (quer produtos primários, quer transformados).
Se é verdade que a maior parte das decisões para o sector, já pouco dependem das instâncias nacionais, não o é menos que pouco se fez para o reorganizar, tendo em conta os dois maiores serviços que pode prestar ao país: apoiar o ordenamento do território e impedir o extremar de situações sociais de carência. Ao fim e ao cabo, era isto que se exigia dos tais projectos de “economia sustentada” de que tantos falam e poucos praticam: conseguir o financiamento que permitisse a continuação de parte de uma actividade economicamente deficitária, mas que garantia uma percentagem do sustento de pessoas de difícil reconversão, dando-lhes condições mínimas para permanecerem nas localidades e delas cuidarem. Educação, formação e “paradigmas finlandeses”, deviam ter sido as metas a atingir com a geração seguinte, que, desse modo, estaria apta para dar corpo às reformas necessárias.
As autarquias tinham um papel a desempenhar que, salvo raras e honrosas excepções, recusaram. Promover a selecção e promoção de produtos de excelência, apoiar na criação de redes de distribuição, estimular o associativismo e a redefinição das propriedades, facilitar investimentos de que resultasse a reconversão de actividades menos produtivas, era um serviço que o poder autárquico podia ter prestado às regiões, ao país e a si próprio, sem grandes custos e apenas com ideias. Em vez disso, abandonaram-se as pessoas à “sorte” e aos ditames do mercado, que na prática significou esperar pela morte dos mais idosos, perverter os princípios de apoio da Segurança Social e abrir portas aos desvarios do imobiliário ou à “fé” nas “zonas industriais” (onde estão os trabalhadores qualificados que as permitam em bases sólidas?). Numa segunda fase, os responsáveis locais perceberam que estavam a perder população e, consequentemente, peso negocial. Azar. Dos autarcas e, sobretudo, nosso, condenados a um território desordenado, desleixado, em muitos casos abandonado.
O pior de tudo, é que se prevê ser difícil a recuperação, já que a base social que a podia sustentar, envelhece ou, pura e simplesmente, não está a ser preparada para tal. Na maior parte dos casos, emigra. Para o litoral, ou para onde quer que seja. Ficam os sinais destes tempos: rotundas, pavilhões, muito alcatrão, urbanizações sem sentido. Espera-se que baptizados com os nomes dos seus mentores. Para que ninguém os esqueça.
O pior de tudo, é que se prevê ser difícil a recuperação, já que a base social que a podia sustentar, envelhece ou, pura e simplesmente, não está a ser preparada para tal. Na maior parte dos casos, emigra. Para o litoral, ou para onde quer que seja. Ficam os sinais destes tempos: rotundas, pavilhões, muito alcatrão, urbanizações sem sentido. Espera-se que baptizados com os nomes dos seus mentores. Para que ninguém os esqueça.
1 comentário:
O Poder Local cumpriu bem o seu papel. Em 30 anos, desde os famosos financiamentos de ETARs que nunca trabalharam, até ao modo vergonhoso como tem sido usado o novo imposto imobiliºario, foi um fartar vilanagem! Podemos acrescentar os negºocios com o mundo da bola, os PDM que sºo beneficiaram a construção, etc. Um monumento!
Enviar um comentário