terça-feira, novembro 27, 2012

Uma questão de justiça

O grupo promotor da “Iniciativa Cidadã pelo Desenvolvimento de Vouzela”, na sequência das declarações do presidente da Câmara Municipal de Vouzela, Telmo Antunes, que considerou ter sido uma perda de tempo a reunião com a Ministra da Justiça sobre o enceramento do Tribunal de Vouzela considera que é necessária a mobilização cidadã em defesa do Tribunal de Vouzela.

Este grupo de cidadãos convida a população do concelho de Vouzela para uma vigília a realizar junto ao edifício do Tribunal para o próximo dia 30 de Novembro a partir das 17,30 horas.

Apela-se aos autarcas, aos partidos políticos, ao movimento associativo, aos agentes económicos e à população em geral que se juntem a esta iniciativa contra o encerramento de mais um serviço público no concelho de Vouzela.


Vouzela, 20 de Novembro de 2012

 
Pelo grupo promotor da “Iniciativa Cidadã pelo Desenvolvimento de Vouzela”

Alexandrino Matos,
Cristina Pinheiro, Maria do Carmo Bica, Raquel Ferreira

quinta-feira, novembro 22, 2012

Iniciativa Cidadã pelo Desenvolvimento de Vouzela: urge deitar as mãos à obra


“(...) a paisagem da região lafonense, de tão acentuada beleza policrómica (...) pode distingui-la das regiões vizinhas. Os seus campos de cultura, xadrezados pelos comoros de divisão da propriedade, onde a vinha se abraça às árvores de fruto, e emoldurados ainda pelas matas de pinheiros, carvalhos e castanheiros que revestem as maiores elevações do terreno, oferecem, com efeito, ao turista um espectáculo sem dúvida interessante: um pequeno retalho do Minho perdido em plena região montanhosa da Beira Central”.
- retirado da edição feita pela Fundação Calouste Gulbenkian, 3º volume, 1985.

Era assim que Amorim Girão descrevia a paisagem de Lafões na 1ª edição do Guia de Portugal. Hoje, mantém-se a beleza, mas os estragos são já consideráveis. No dia em que a agricultura abandonar, de vez, a paisagem que desenhou, a vinha deixar de abraçar as árvores de fruto e o seu verde, conjuntamente com o dos carvalhos e castanheiros, deixar de ser dominante, passaremos a ter outra coisa qualquer, mas perdemos um dos nossos principais recursos. É preciso não ter receio de falar nos perigos para prevenir e evitar os seus estragos.

Na "Iniciativa Cidadã pelo Desenvolvimento de Vouzela", não houve receio e houve esperança. Falou-se na necessidade de rentabilizar o património natural e edificado, na defesa da produção de proximidade, no desenvolvimento de hábitos de cooperação, na oganização de parcerias, na urgência de proteger Lafões como "marca" reconhecida. Há mercado para Vouzela, mas não o há em Vouzela. Assim sendo, há que convencê-lo a cá vir. Mas convém recordar que estas conclusões já faziam parte do estudo feito pelo Instituto de Estudos Regionais e Urbanos da Universidade de Coimbra (IERU), já aqui comentado em... 2007! Talvez seja tempo de deitar mãos à obra.

terça-feira, novembro 20, 2012

Por acaso, António Liz Dias é de Vouzela

"Por acaso", é. É de Vouzela. "Por acaso" teve uma experiência internacional única, já que dirigiu a delegação do Fundo de Fomento de Exportação em Madrid, foi Adido Comercial da Embaixada de Portugal, Director da representação em Espanha do Banco de Fomento Exterior, responsável pelo Gabinete de Apoio Empresarial do Grupo Caixa Geral de Depósitos em Espanha, assessor do Banco EFISA, membro do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas... "Por acaso", nunca se cansou de colocar esta sua terra "no mapa", aqui trazendo embaixadores, jornalistas, intelectuais nacionais e estrangeiros. Por acaso, ou talvez não, sempre foi "olimpicamente" ignorado pela maioria dos responsáveis locais. Em contrapartida, os espanhois reconhecem-lhe o valor:

"Después de várias décadas en España, apoyando con incansable empeño el
desarrollo de las empresas ibéricas y la colaboración comercial entre los
dos países, nuestro gran amigo Antonio Liz Dias regresa a Portugal a
disfrutar de un más que merecido descanso.

El Círculo de Empresarios y Gestores Españoles y Portugueses - CEGEP -, que

de ninguna manera existiría sin el impulso y consejos de Antonio, vamos a
aprovechar la III Edición de la Entrega de Premios Excelencia a las Empresas
Españolas con Capital Portugués para realizar un homenage a nuestro mentor".


António Liz Dias prepara-se para regressar a Portugal e a Vouzela, fazendo de sua casa um centro dos trabalhos da pintora Helena Liz, com quem é casado. Talvez seja altura de lhe mostrarmos o orgulho que sentimos em o ter entre nós. Numa altura em que por aqui se fala de recursos desaproveitados e de portas fechadas que não conseguimos abrir, talvez seja, também, de lhe pedir conselho. Viu demasiado mundo para se impressionar com invejas mesquinhas e querelas de paróquia. Gosta demasiado de Vouzela para recusar uma ajuda. Por acaso.

segunda-feira, novembro 19, 2012

quarta-feira, novembro 14, 2012

Iniciativa cidadã pelo desenvolvimento de Vouzela- "caladinhos" só os biscoitos

É já no próximo dia 17, pelas 21 horas, nas instalações da Escola Básica Integrada de Vouzela, com a presença do Professor Doutor Alfredo Simões, investigador do Instituto para o Desenvolvimento Regional e Urbano da Universidade de Coimbra, autor de vários estudos sobre a região.
Dizia, há tempos, um ilustre vouzelense, que se tinha perdido o hábito do convívio, da conversa, da tertúlia de que tantas ideias sairam. Falava-se de grande polémicas, como a passagem do Castelo para os Serviços Florestais, que motivaram cada uma das partes a "mostrar serviço", organizando melhoramentos que criaram a Vouzela que hoje conhecemos. Também não havia dinheiro. Recuperar esse bom hábito do encontro, da troca de ideias de que surge a confiança necessária para a iniciativa, é uma prioridade. A Associação D. Duarte de Almeida já teve iniciativas bem sucedidas que provam existir recetividade para espaços de debate e de diálogo. Sigamos, pois, o seu exemplo e alarguemos o seu âmbito, sem medos nem preconceitos. "Caladinhos" só os biscoitos!


segunda-feira, novembro 12, 2012

Parque e Ermida do Monte do Castelo

Excelente imagem que tive o grato prazer de adquirir recentemente e que mostra a capela da Senhora do Castelo de um ângulo hoje impossível de fotografar.


quarta-feira, novembro 07, 2012

"Ou há pulmões/ Ou não há!"


Algures pela Penoita

Sinceramente, estamos a ver as coisas mal paradas. Muito lamento, muita acusação, muito faz de conta, mas nada de soluções concretas para problemas concretos. A menos de um ano das próximas eleições para as autarquias locais, ou arrepiamos caminho, ou arriscamo-nos a ficar pelos azedumes impotentes, enquanto o concelho se esvai de gente, serviços e ideias. Como dizia o Torga, "Ou há pulmões/ Ou não há"! Veremos se há.

O anúncio do encerramento do Tribunal esteve muito longe de ser uma surpresa. Foi a evolução natural de uma estratégia mais do que errada, que já tinha disparado todos os alarmes por altura do encerramento dos serviços de saúde. Por um qualquer motivo insondável, ou por puro e simples exibicionismo, os dois principais partidos do concelho, PS e PSD, preferiram as jogadas de bastidores, assim a modos de quem quer mostrar que "eu tenho mais influência do que tu". Como na altura disse José Junqueiro, quem melhor se "mexeu" foram as "forças vivas" de São Pedro e o resultado foi o que se viu. Agora, com o tribunal, estamos na mesma, apenas com um governo diferente. O dr. Telmo Antunes parece ter confiado na sua influência junto dos colegas de partido e fartou-se de anunciar que não acreditava no encerramento. A evolução da história é conhecida e talvez o presidente da Câmara de Vouzela tenha percebido que já poucos se lembram dele lá pelos gabinetes da São Caetano. É o preço da interioridade...

Perante isto, só nos restam dois caminhos: ou aceitamos, mal encarados mas passivos, um "destino" que se cumprirá com o encerramento de mais serviços e com um final de concelho assim como quem nos apunhala pelas costas; ou pomos os interesses de Vouzela e de Lafões à frente das contabilidades de "clube" e procuramos o que nos une, de modo a ganharmos força reivindicativa. Dispensam-se "aves agoirentas"!

Temos consciência de que estamos a sofrer as consequências de um esvaziamento destas terras que, como em todo o interior, começou lá pelos idos de 60. Podemos, até, testemunhar, que a primeira descrição que ouvimos do que estamos a viver, foi em plena década de 70, quando uma senhora fantástica que por estas terras houve, rematou uma lúcida análise do que já então se anunciava (mas poucos viam), com um tremendo "Vouzela está a morrer!". Não percebemos, na altura, quando sinais vários do que muitos chamavam "progresso" se traduziam numa miríade de aviários que nasciam por toda a parte e nas cabeças de frangos que desciam rio abaixo e se cruzavam com os banhistas na Foz e na Arrabidazinha. Naquele jeito de dizer qualquer coisa só para não ficarmos calados, dissemos que não, que as terras não morriam. Respondeu-nos a senhora, com o ar sereno e terno que a caracerizava, à porta de sua casa na mítica Quinta das Beijocas: "Morrem sim. Morrem quando morre quem lhes dá sentido". É isso que precisamos saber: conseguimos, ou não, encontrar um sentido para estas terras e para a nossa existência nelas? Somos gente para encontrar esse sentido, ou não passamos de ranchos de mortos-vivos, afogados nas nossas pequenas vaidades e entretidos com quezílias estéreis?

Nunca foi fácil a vida nestas terras talhadas na pedra. Tudo o que se construiu foi à força de braço, de muitos braços juntos, que o esforço exigido não se compadecia com individualismos. Definiam-se objetivos e uniam-se esforços para os alcançar. É do que voltamos a precisar. Sabemos que há culpados do que estamos a viver. Mas, muito mais importante do que perder tempo a apontá-los, é termos consciência de que todos somos muito poucos para que nos possamos dar ao luxo de desperdiçar esforços. "Ou há pulmões/ Ou não há!" Veremos se há.

Ar livre

Ar livre, que não respiro!
Ou são pela asfixia?
Miséria de cobardia
Que não arromba a janela
Da sala onde a fantasia
Estiola e fica amarela!

Ar livre, digo-vos eu!
Ou estamos nalgum museu
De manequins de cartão?
Abaixo! E ninguém se importe!
Antes o caos que a morte…
De par em par, pois então?!

Ar livre! Correntes de ar
Por toda a casa empestada!
(vendavais na terra inteira,
A própria dor arejada,
-e nós nesta borralheira
De estufa calafetada!)

Ar livre! Que ninguém canta
Com a corda na garganta,
Tolhido da inspiração!
Ar livre, como se tem
Fora do ventre da mãe,
Desligado do cordão!

Ar livre, sem restrições!
Ou há pulmões,
Ou não há!
Fechem as outras riquezas,
Mas tenham fartas as mesas
Do ar que a vida nos dá!
-Miguel Torga,  In Antologia poética


segunda-feira, novembro 05, 2012

sábado, novembro 03, 2012

Uma angústia que vai crescendo...

"Sabem, recordo bem a minha/nossa Feira de Oliveira, esse espaço nobre de trocas e de negócios, de conversetas e convívio, e ponho-me a olhar para as carteiras dos Adelinos e Carvalhos do Porto, que ali vinham comprar vitelas, vacas e afins. E enchiam comboios e vagões dessa gadagem, que dava riqueza e conforto familiar às nossas gentes. (...) Hoje, quando mataram, por estupidez da ASAE desses tempos, as galinhas de ovos de oiro de nossos produtores-agricultores, apenas temos moedas. E a Feira, até ela, está a morrer. Tal como nós. É por isto que abri este Blogue com medo de começar a escrever. E o que disse? Nada de jeito. Apenas que até a esperança me está a fugir... E, ao vê-la partir, fico mais angustiado. Muito mais do que há tempos. Quais? Não digo..."