segunda-feira, dezembro 29, 2008

Fantástica! a velha ESTAÇÃO...



Esta é uma das mais fantásticas relíquias que guardo na colecção!

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Que seja de vez

(Folheto turístico, colecção particular CM)

Os dois últimos anos foram particularmente difíceis para Vouzela. Em 2007 começou a ameaça da saída de serviços o que, para uma região com reduzida capacidade de oferta de emprego e em acelerado processo de envelhecimento, é assim uma espécie de “toque de finados”. 2008 foi dominado pela concretização da reforma dos serviços de Saúde, dando origem a uma das maiores mobilizações de que há memória. Ficou a consolação de termos contribuído para a saída de um ministro que nunca soube dialogar com as populações, mas a verdade é que estamos mais pobres no que diz respeito à prestação de cuidados médicos. Sobretudo, estamos mais desconfiados.

Costuma dizer-se que “não há duas sem três e à terceira é de vez”. Pois aí está 2009 cheio de ameaças, a que nem as lentes cor-de-rosa do nosso Primeiro-ministro conseguiram resistir. Para nós, a dúvida não está em saber se conseguimos fugir à crise porque ela há muito que nos apanhou. A dúvida é sobre o final da história, que tanto pode ser uma oportunidade, como uma condenação.

Nada foi feito, até agora, que nos proteja da crise social que aí vem. Com um “tecido económico” desorganizado, a sofrer as consequências de se ter deixado embalar pelo canto da sereia do imobiliário, Vouzela não tem agricultura, não tem pecuária e não tem turismo. Quanto à indústria, insiste num mais que discutível projecto de abertura de “parques industriais” cuja avaliação está por fazer mas que, à primeira vista, anda mais pelo domínio dos desejos do que da realidade. Curiosamente, se olharmos para a nossa História dos últimos 50 anos, vemos que o erro já foi cometido no passado. Em 1958 discutiu-se um arrojado “plano de urbanização” da vila que, para além de não sei quantas variantes, previa a construção de um hotel em frente de outro então existente (Mira-Vouga) e um “bairro operário”, apesar de- como dizia com alguma graça o Notícias de Vouzela (1)- não existirem fábricas. Sabe-se como tudo acabou. Em vez de dois hotéis, ficámos sem nenhum, como ficámos sem indústria, sem operários e sem “bairro”. E fomos ficando sem tudo o resto que então tínhamos, mas para que se não soube ou quis olhar.

Este exemplo ilustra um dos erros que, em nossa opinião (e com raras e honrosas excepções), foi sucessivamente repetido pelos responsáveis locais: recusa em enfrentar o que na verdade somos e temos. Normalmente, projecta-se para uma população ideal, com uma economia ideal, acreditando em fluxos migratórios que nos encham as ruas, as lojas, a terra. Na realidade, nem os de cá conseguimos segurar.

Mais grave ainda, é esse “tique” da governação local manifestar uma espécie de vergonha pelo nosso passado rural. Azar o deles, já que é isso mesmo que os forasteiros procuram, sendo afirmado em todos os estudos que essa característica (a paisagem que moldou) é o nosso grande trunfo estratégico.

2009 vem aí. Cheio de ameaças ou de desafios? Há que escolher. Porque se não há duas sem três, convém, mesmo, que à terceira seja de vez.
________________________
(1)- Notícias de Vouzela de 16 de Novembro de 1958.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Sim, nós sabemos: pastéis de Vouzela são Património Cultural. Da Humanidade-dizemos nós.

Foto: Margarida Maia

Claro que sabemos. Só os eleitos o sabem fazer, poucos o sabem comer- mas vale a pena tentar. O pastel de Vouzela vai integrar uma lista de produtos "que não se podem perder". Claro. Nem sempre um acto de cultura se desfaz na boca.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Avenida João de Melo


1920's



Edição da Casa AUGUSTO ROCHA


Edição de Dias & Rocha - Vouzela

sexta-feira, dezembro 19, 2008

"5,7 milhões de imóveis edificados para uma população de 3,7 milhões de famílias”

(...) não há dúvida que poucos são os países que não embarcaram de alguma forma no regime anglo-saxónico de acumulação dominado pela finança. Portugal não foge à regra.
(...)
O sector mais significativo é, sem dúvida o da habitação. Animado pela descida da taxa de juro dos anos noventa, possibilitada pelo processo europeu de integração monetária, o Estado português (no seu sentido lato, envolvendo as autarquias) promoveu todo um modelo de desenvolvimento assente na construção civil. A ausência e desinteresse na provisão pública de habitação – confinada aos bairros sociais –, aliada a um conjunto de incentivos fiscais (bonificação de taxas de juro, deduções fiscais nas contas de poupança habitação) e à quase ausência de planeamento urbano, incentivaram à construção e à compra a crédito de habitações novas. O resultado, além da total irracionalidade de existirem 5,7 milhões de imóveis edificados para uma população de 3,7 milhões de famílias, foi o endividamento galopante das famílias: de 50 por cento do produto interno bruto (PIB) em meados dos anos noventa, para 130 por cento do PIB actualmente. Os portugueses vivem hoje endividados durante metade das suas vidas, gerindo o seu dia-a-dia em função das variações da taxa de juro e da prestação a pagar ao banco.
- Nuno Teles, Le Monde diplomatique (ler o artigo aqui)

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Já são os dedos que estão à venda

São conhecidas as histórias de pessoas apanhadas na conversa de burlões que as levavam a acreditar ser possível comprar o Mosteiro dos Jerónimos, ou a Torre de Belém. Eram casos de polícia. Dentro de algum tempo, se for aprovada a proposta de lei do Governo sobre o “regime geral dos bens do domínio público”, pode ser um caso... muito sério.

De acordo com o Público, a proposta de lei considera como sendo do domínio público, “os bens culturais imóveis que sejam simultaneamente monumentos nacionais e propriedade do Estado” e não só prevê a sua venda, como permite a realização de “obras de alteração irreversíveis”. Como se ainda não bastasse, vai mais longe e regulamenta um tal “dever de desafectação” para se aplicar sempre que o monumento “deixe de desempenhar a função de utilidade pública que justificou a sua inclusão no domínio público”.

Já estamos a ver o filme e nem é necessária grande imaginação. Qualquer autarca a precisar de receitas e com um castelo, um convento, ou qualquer outro “monte de pedras” a ocupar-lhe espaço e a entrar-lhe no orçamento, só tem que o deixar entregue ao abandono e arranjar quem se disponha a pagar o “justo preço”. Depois, ideias não hão-de faltar, com o "fino recorte" a que já nos habituámos e se já está previsto um “hotel de charme” para o Mosteiro de Alcobaça, talvez pensar num condomínio fechado para o Castelo de Leiria, ou uma discoteca... para a nossa Matriz.

Simples “actos de gestão” de acordo com os princípios de quem nos tem regido. Para o cidadão comum, mais inclinado a chamar “os bois pelos nomes”, é a certeza de que os anéis já se foram e agora são mesmo os dedos que estão à venda.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

A famosa Avenida ... "Pastel de Vouzela"



Muito se tem falado ultimamente neste blog dos projectos para a Avenida João de Melo...esta imagem provavelmente dos anos 20 do século passado dá-nos uma visão não muito usual dos postais da época...habitualmente as fotografias eram tiradas no sentido contrário, a partir da ponte do Caminho de Ferro.

Adivinhamos nesta imagem à direita algum "Pastel de Vouzela" no forno...

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Crise "on the road" (*)

_________________
(*)- Com o nosso pedido de desculpas à malta do Maio de 68 e a Jack Kerouac.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Água, esse negócio

Em declarações ao Público (08/12/2008), Pedro Serra, administrador das Águas de Portugal, divulgou a estratégia do grupo para o período 2007-2013. O assunto não teria particular interesse, não fosse estar em causa a água que nos corre nas torneiras e a (des)confiança sobre a qualidade desse serviço.

Por exemplo, ficámos a saber que o grupo vai entrar nos “sistemas em baixa” (ligação à rede doméstica), depois de vários anos limitado aos “sistemas em alta” (desde a captação na fonte, até à entrada nos sistemas de distribuição municipais). E porquê? Porque se concluiu ser necessário “corrigir as ineficiências detectadas nas estratégias anteriores, dando ao mesmo tempo mais sustentabilidade ao negócio. Mas, para que não ficassem dúvidas, a jornalista explicou: “Os grandes obstáculos assentaram na falta de capacidade de investimento das autarquias nos serviços em baixa, muito devido à pequena escala dos sistemas, que desincentivaram o interesse dos privados.

Ou seja, se acreditava ser o acesso à agua de qualidade um direito, o leitor não passa de um ingénuo que ainda julga ver o Pai Natal a entrar pela chaminé. A água que a "Mãe Natureza" põe à nossa disposição, é uma mercadoria que alguns “iluminados” decidem quando e como deve chegar a nossa casa. O problema não está em eliminar o desperdício ou discriminar formas de consumo. Está no mais básico dos argumentos: há ou não há dinheiro para pagar. Por isso mesmo, o administrador Pedro Serra anuncia que o aumento das tarifas é uma hipótese para 2010-2011. E quem tiver dificuldade em pagar? Também está previsto: “há casos onde terá de haver apoio social (…). O problema é que há dezenas de operadores no sector da água, o que dificulta a aplicação desta solução”. Estamos totalmente esclarecidos…

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Percursos

Todos sabem que caminhar faz bem e é de graça. Todos sabem as vantagens que uma caminhada tem para o coração, para a circulação, ... e para um infindável rol de doenças. Claro que se a uma boa caminhada juntarmos uma boa paisagem... Quanto a isso meus amigos, Vouzela... só vendo.



2008


Câmara Municipal de Vouzela


1963

Comissão Municipal de Turismo

domingo, dezembro 07, 2008

Tiraste-me as palavras da boca...

Em Portugal, dizem-nos, não há dinheiro para os grandes projectos. Então e os pequenos projectos- arranjar calçadas, cuidar dos jardins, melhorar o transporte urbano, pintar prédios, cuidar de aldeias, criar bibliotecas, manter museus abertos, fazer desporto amador, pôr creches no local de trabalho? Sim, eu sei. É tudo poesia. Peço desculpa por falar nisto.
- Rui Tavares, A infelicidade dos portugueses conta?, Público, 3 de Dezembro de 2008

sábado, dezembro 06, 2008

E vão dois


Foi há dois anos que iniciámos esta aventura. No dia 6 de Dezembro de 2006, estava um mau tempo danado, o nosso Manel Vaca abria as hostilidades, prometendo cortar a direito nas histórias desta terra onde "a sabedoria das pedras é tanta que dos homens pouca história reza, mas reza". Por aqui tem "rezado", com o jeito disponível e com a vossa ajuda que muito agradecemos. O Pastel de Vouzela, reflecte as características deste (ainda belo) recanto de Portugal. Talvez mais os defeitos do que as virtudes, mas não desistimos. Ao fim e ao cabo, se a variante para as Termas demorou mais de quarenta anos a ser pensada e, mesmo assim, deixa muito a desejar, temos o direito de reclamar algum tempo mais, para alcançar os objectivos a que nos propusemos: dinamizar o debate com a elegância do nosso folhado, mas com a firmeza de dentada necessária para apreciar os nossos pasteis. Os tais que "só os eleitos sabem fazer e poucos sabem comer". Muito obrigado por nos acompanharem.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

O dia em que as escolas pararam

A greve dos professores teve uma adesão nunca vista por estas paragens. Sem pretendermos entrar na ridícula guerra dos números, apresentamos valores publicados aqui (onde chegámos a partir daqui):

Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades - O. Frades - Fechado
Escola dos 2º e 3º Ciclos Ens. Básico e Sec. - O. Frades - Fechada

Agrupamento de Escolas de Vouzela - Vouzela - Fechado
Agrupamento de Escolas de Campia - Vouzela - Fechado
Escola Secundária de Vouzela - Vouzela - 91%

Agrupamento de Escolas de Stª Cruz da Trapa - S. P. Sul - 70%
Agrupamento de Escolas de S. Pedro do Sul - S. P. Sul - Fechado
Escola Secundária de S. Pedro do Sul - S. P. Sul - 98%

Pelo que nos diz respeito, trocamos: mantenham-se abertas as escolas e feche-se, de vez, o Ministério. Adeus senhora ministra.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Um sinal de derrota

Foto retirada daqui

“Esse património é e continuará a ser património municipal. Ponto Final.”

Foi assim que o presidente da Câmara de Vouzela respondeu a um texto nosso (ver comentários) onde, entre outras coisas, manifestávamos preocupação sobre a alienação dos edifícios das antigas escolas primárias. Receávamos que isso fosse feito na sequência do empréstimo contraído pela autarquia. Enganámo-nos. Foi feito (está a ser) independentemente disso. Mas a verdade é que do tal património que “é e continuará a ser municipal”, só resta o que ainda não conseguiu ser vendido. Ponto final.

A reestruturação da rede escolar e a consequente venda de património é medida que está a ser aplicada a nível nacional. Se limitarmos a análise ao número de crianças que frequentava os antigos edifícios e à sua necessidade de socialização, a opção é justificável. Se a avaliarmos numa perspectiva de ordenamento do território, é preocupante.

De facto, impressiona concluir que nenhum dos actuais responsáveis põe, por um segundo, a hipótese da actual situação demográfica ser reversível. Referimo-nos não apenas ao número, mas, sobretudo, à sua distribuição territorial. Tudo se passa como se fosse possível continuar a empurrar a população para os grandes centros, sem que daí resultem consequências sociais, económicas e ambientais.

Num país tão pequeno como o nosso, onde tanto se tem investido em vias de comunicação, mais incompreensível é persistir no erro. Momentos de crise como o que estamos a viver, onde a intervenção do Estado ganha uma maior margem de manobra, devia ser a altura para pôr cobro a estas perversões. Salvo melhor opinião, este seria o contexto ideal para proceder a algumas reformas ao nível da agricultura, pecuária e floresta, que mobilizassem franjas mais jovens, construindo uma alternativa à pouca oferta de emprego noutros sectores. Esta seria a altura certa para “arrumar a casa”.

Nada disto está a ser feito. Uma autarquia de finanças limitadas, como a de Vouzela, define como prioridade gastar dinheiro numa obra inútil (prolongamento da Avenida João de Melo), em vez de o fazer em planos estruturantes. O governo insiste em manter na agenda a construção de mais auto-estradas, em vez de racionalizar o sistema interno de transportes; apoia as espécies de crescimento rápido, em vez de reordenar a floresta; centraliza serviços na educação, saúde e justiça, em vez de repensar o ordenamento do território.

A venda dos edifícios das antigas escolas, é um símbolo desta incapacidade de pensar o futuro. É um sinal de resignação, de cair de braços, de reconhecimento da derrota. Derrota que não aceitamos.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Rua Conselheiro Morais de Carvalho




Esta é uma vista da rua pouco conhecida...habitualmente os postais desta rua foram elaborados a partir de fotografias tiradas no sentido ascendente e não neste...