Lá voltamos nós ao mesmo- a propósito do prolongamento da Avenida João de Melo
Praça da República, antes de serem retirados os separadores arborizados. Foto de Guilherme Figueiredo
Pelos vistos, há quem não sinta que estamos em crise. Pelos vistos, não é só José Sócrates que não gosta de ouvir falar em recessão. Os actuais responsáveis pela Câmara Municipal de Vouzela devem cavalgar a mesma onda, projectando gastar dinheiro numa obra tão inútil quanto prejudicial para o ordenamento da vila: o prolongamento da Avenida João de Melo.
De acordo com o que se lê na página da Câmara, esse é um dos projectos que integram a sua candidatura às verbas do QREN, curiosamente apresentada com o objectivo de "requalificar a imagem urbana da vila". Vamos por partes.
A ideia parece ser ligar a Praça da República à Av. Comendador Correia de Oliveira. Se a ideia inicial se mantiver, isso vai ser feito a partir do espaço do edifício que separa a Igreja da Misericórdia da Biblioteca Municipal. Para quê? "Pretende-se com a obra aliviar a sobrecarga de tráfego a que está sujeito o centro histórico, designadamente a Rua Conselheiro Morais de Carvalho”.
Ora, tal como já aqui escrevemos, é difícil conciliar a obra com a ideia. Na prática, vai surgir mais um cruzamento que, das duas uma: ou permite o acesso à Praça- aumentando, inevitavelmente, a confusão- ou tem sentido único no sentido Praça-Av. Comendador Correia de Oliveira e os objectivos podem ser vários, mas nenhum relacionado com “aliviar a sobrecarga de tráfego a que está sujeito o centro histórico, designadamente a Rua Conselheiro Morais de Carvalho”.
“Requalificar”, significa devolver qualidade a algo que dela foi privado. Infelizmente, bem necessitamos disso por aqui. No entanto, para que tal seja conseguido, é necessário não perder de vista o objectivo primeiro de manter as características de Vouzela, com um equilíbrio ainda invejável entre o natural e o edificado. Ao fim e ao cabo, consolidar aquilo que os de fora continuam a procurar e todos os estudos revelam ser o nosso grande trunfo económico- por muito que custe aos “fazedores de obra”, pouco (muito pouco!) há digno de registo, no centro da vila, produzido nos últimos anos.
Intervir em Vouzela é, por tudo isso, difícil e caro (barato teria sido não estragar). Mas também é urgente. Por exemplo, construir alternativas de estacionamento automóvel, obriga a optar por parques subterrâneos que evitem o desleixo dos carros amontoados em qualquer um dos espaços da vila (nomeadamente no Largo do Convento que o projecto da Câmara parece condenar a esse fim). Há condições para o fazer, mas é preciso engenho, arte e...dinheiro. O mesmo se pode dizer sobre a requalificação da Praça da República, do bairro da Senra, sobre um rigoroso planeamento da nova urbanização de Sampaio, sobre a intervenção urgente em vários edifícios da Rua de São Frei Gil ou da Sidónio Pais, sobre a arborização da envolvente da Zona Industrial do Monte Cavalo...
Tanta coisa para fazer que, estranhamente, se ignora. Tanta necessidade de dinheiro. Resta-nos a esperança de que, no prometido período de discussão pública, seja possível evitar um erro perfeitamente escusado.
“Requalificar”, significa devolver qualidade a algo que dela foi privado. Infelizmente, bem necessitamos disso por aqui. No entanto, para que tal seja conseguido, é necessário não perder de vista o objectivo primeiro de manter as características de Vouzela, com um equilíbrio ainda invejável entre o natural e o edificado. Ao fim e ao cabo, consolidar aquilo que os de fora continuam a procurar e todos os estudos revelam ser o nosso grande trunfo económico- por muito que custe aos “fazedores de obra”, pouco (muito pouco!) há digno de registo, no centro da vila, produzido nos últimos anos.
Intervir em Vouzela é, por tudo isso, difícil e caro (barato teria sido não estragar). Mas também é urgente. Por exemplo, construir alternativas de estacionamento automóvel, obriga a optar por parques subterrâneos que evitem o desleixo dos carros amontoados em qualquer um dos espaços da vila (nomeadamente no Largo do Convento que o projecto da Câmara parece condenar a esse fim). Há condições para o fazer, mas é preciso engenho, arte e...dinheiro. O mesmo se pode dizer sobre a requalificação da Praça da República, do bairro da Senra, sobre um rigoroso planeamento da nova urbanização de Sampaio, sobre a intervenção urgente em vários edifícios da Rua de São Frei Gil ou da Sidónio Pais, sobre a arborização da envolvente da Zona Industrial do Monte Cavalo...
Tanta coisa para fazer que, estranhamente, se ignora. Tanta necessidade de dinheiro. Resta-nos a esperança de que, no prometido período de discussão pública, seja possível evitar um erro perfeitamente escusado.
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