segunda-feira, novembro 30, 2009

São Pedro do Sul: Bairro da Ponte

Colecção de Marisa Araújo

sábado, novembro 28, 2009

Alunos da Secundária de Vouzela procuram imagens da Penoita

Retirada da página da Câmara Municipal de Vouzela

Recebemos um pedido de ajuda dos responsáveis de um projecto da Escola Secundária de Vouzela que transcrevemos:

“Sou (...) professora de biologia dos Adubinhos e gostaria de vos pedir ajuda, se possível. Por acaso não têm fotos ou postais antigos da mata da Penoita, que possam partilhar connosco? Eu explico: (...) estou na secundária de Vouzela e dinamizo um pequeno projecto sobre a Penoita. A principal finalidade do projecto é a promoção do ensino experimental das ciências, através do estudo da biodiversidade vegetal (processos de reprodução e dispersão) na mata da Penoita, sensibilizando os alunos para a necessidade da preservação de espécies vegetais autóctones. Um dos grupos de alunos (12º ano, Área de Projecto) está a fazer uma pesquisa sobre a história, a evolução da Penoita e não consegue arranjar imagens. Poderão ajudar?”

Infelizmente, não podemos. As imagens que temos, centram-se no património edificado e etnográfico. Mas o interesse deste projecto, justifica uma visita aos albuns da família. Se encontrarem alguma coisa, por favor, enviem para adubinhos@hotmail.com.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Pequenos passos para uma grande caminhada

Do arquivo fotográfico da revista Life

Há uns tempos atrás, discutiu-se muito a decisão da Câmara de atribuir o fornecimento das refeições escolares a uma empresa de "catering". Uns duvidaram da qualidade do produto, outros contrapuseram os valores da poupança. Como não aumentaram as dores de barriga dos petizes e o custo da paparoca baixou substancialmente, a coisa ficou por aí. É pena.

Defendemos desde há muito que as autarquias locais, sem interferirem directamente na actividade económica, podem dar sinais, criar condições, para que ela se oriente em determinadas direcções. Facilitar licenciamentos, conceder benefícios fiscais, ou criar regulamentos que disciplinem e motivem a iniciativa privada a percorrer os caminhos pretendidos, não custa um cêntimo e é eficaz (e não vale a pena "ensinar o Padre Nosso ao vigário", porque elas fartaram-se de fazer isso em benefício da economia do betão). Salvo melhor opinião, foi essa oportunidade que se perdeu com o novo fornecimento de refeições às escolas.

Durante muitos anos, a agricultura teve um peso excessivo na ocupação da mão-de-obra da região. De repente (muito de repente) a actividade quase desapareceu, atirando um número significativo de famílias para a emigração ou para a dependência de subsídios sociais. As justificações sucederam-se, normalmente viradas para a baixa produtividade e nula competitividade do minifúndio. Só que, a pouco e pouco, foi-se tornando claro o papel social e ambiental do sector, sendo evidente que aceitar a morte da agricultura, significava aceitar igual destino para o nosso principal trunfo: a paisagem.

Hoje, com a riqueza da oferta global a permitir-nos privilegiar a qualidade à quantidade, olhamos para todos os lados e não encontramos juventude interessada em apostar no sector e acrescentar-lhe valor. Isto, enquanto derramamos lágrimas de crocodilo pelo desaparecimento de alguns produtos e pela falta de frescura dos que nos guarnecem o prato. Mas, este tinha que ser o fim de um percurso em que admitimos a completa desvalorização social da agricultura.

Ora, o fornecimento das cantinas escolares podia ter sido uma ajuda para começar a inverter o actual estado das coisas. Bastava que, nos concursos para o abastecimento, se privilegiassem produtos de uma determinada distância, quer dizer, que fossem produzidos relativamente próximos do local de consumo (para além de todas as outras exigências, pois claro)- não conhecemos legislação que o proíba. É pouco? Claro que sim. Mas é a tal história da grande caminhada começar, sempre, por um simples passo.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Ponte Romana

A Ponte Romana, um dos símbolos da vila, foi fotografada de vários ângulos em todas as épocas. As imagens mais conhecidas são tiradas dentro do próprio rio Zela. Eis mais uma perspectiva, não tão vulgar, da década de 1940.


(sem referência ao editor - papel gevaert)


2007 

 

quinta-feira, novembro 19, 2009

Vender gato por lebre

The delights of landscape- Magritte

No "Fugas" do passado sábado, noticiava-se que o guia "Best in Travel", da revista Lonely Planet, refere Portugal como um dos dez melhores destinos turísticos para 2010, por se tratar de um país "comprometido com o desenvolvimento sustentável", onde os "carros de bois ainda marcam passo por ruas floridas".

Esta notícia sugere várias perguntas e a mais importante nem é saber que indemnização vai pedir o primeiro turista por publicidade enganosa. É saber o que justifica tamanha diferença entre o que se sabe vender no mercado do turismo e aquilo que se faz entre nós. O imaginativo autor daquela descrição, sabe o que tem procura. Sabe que existe mercado para ofertas de qualidade, construídas a partir de espaços abertos que apostem na diferença, assumindo o que têm de mais característico. Indiferentes a tudo isso, insistimos em privilegiar a unidade hoteleira à sua envolvente, em organizar "programas fechados", onde quase tudo se passa entre o piso das massagens e o do restaurante. Na verdade, insistimos em fazer o que qualquer outro faz, o que muitos outros fazem há mais tempo e melhor. Depois, esperamos que a imaginação de um qualquer publicitário consiga vender o que não somos, que é como quem diz, "gato por lebre".

segunda-feira, novembro 16, 2009

O Casal do Cruzeiro

Posted by Picasa

No Domingo de Ramos era aqui que se benziam os ramos da "Festa", da janela central do Casal do Cruzeiro...

sábado, novembro 14, 2009

Quem tira a palavra a quem

É importante que os cidadãos saibam qual o nível de debate que preside aos seus destinos (ver aqui). Uma melhor divulgação das ideias desta gente, do modo como privilegiam as capelinhas ao debate dos problemas concretos, como sucessivamente se desculpam com a nossa suposta "falta de iniciativa" (que não os preocupou quando nos pediram o voto...), talvez nos ajude a decidir... a quem devemos "cortar a palavra".

quarta-feira, novembro 11, 2009

Uma faceta menos conhecida da Associação de Futebol "Os Vouzelenses"

Primeira e última páginas dos estatutos que legalizaram a Associação de Futebol "Os Vouzelenses". São perceptíveis as assinaturas dos fundadores: Joaquim de Souto e Melo, Vitorino Figueiredo de Almeida Campos, António Francisco de Paiva, Celso Ilídio da Silva Giestas, Guilherme José Joaquim Cosme, Elmano dos Santos Ferreira Dória, Paulo de Figueiredo, Luís de Sousa, João Ferraz de Melo Cardoso, Afonso Augusto de Figueiredo, António Ribeiro Bordonhos, José Cardoso de Barros, Aurélio Henriques Almeida Oliveira, Francisco Pinto Gomes, Bernardo Caixa, António Henriques dos Santos, António Joaquim de Almeida Campos.

Esteve para se chamar "Clube de Futebol Os Vouzelenses", porque um dos sócios fundadores era do Belenenses (1). Devido ao sportinguismo de outro, teve as primeiras camisolas verdes e brancas. Mas outras influências acabaram por marcar os primeiros passos da Associação de Futebol "Os Vouzelenses", pensada há 80 anos (10 de Novembro) por um grupo de jovens sedentos de actividade, mas estruturada por outros, menos jovens, conscientes de que, na Vouzela de 1929, as poucas oportunidades tinham que ser aproveitadas e que nem só de bola vive o homem.

Década terrível a de 20, iniciada com memória bem viva de uma guerra há pouco terminada, agravada por uma pandemia, a "Pneumónica" (que obrigou a ampliar o cemitério de Vouzela) e concluída com o despoletar da "Grande Depressão". Pelo meio, Portugal viu instaurada a ditadura (1926) e Vouzela ficou sem a Comarca (1927). No entanto, talvez tenha sido a necessidade de contrariar todas estas adversidades que aguçou o engenho e a vontade, fazendo dessa mesma década um marco de realizações no Concelho.

Foi neste contexto que nasceram "Os Vouzelenses" e é ele que reflecte nas preocupações que lhe deram origem. De facto, da leitura dos seus primeiros estatutos (aprovados em 5 de Janeiro de 1930), fica-se com a ideia de que se procurou ir muito mais longe do que simplesmente criar um clube de futebol, que se aproveitou o pretexto para lançar aqueles jovens num trabalho solidário com uma população cheia de carências.

Logo no artigo 1º podia ler-se: "Sob a denominação 'Os Vouzelenses' é formada uma associação de desporto, instrução, educação cívica e auxílio mutuo(...)"(2). Mas no artigo 3º, ia-se mais longe: "Com o objectivo de instruir e educar, (desenvolverá) o maior esforço a fim de chamar à Associação o maior número possível de cidadãos, criando aula noturna, promovendo passeios, conferências (...)". No artigo seguinte, vinha a "jóia da coroa": "Prestará assistencia moral e material a todo o associado (...)", prevendo consultas médicas gratuitas, subsídios para medicamentos e auxílio "em qualquer conjuntura em que o associado peça a assistencia da Associação e esta reconheça em Assembleia Geral dever prestar-lha". Para tal, previa-se a acção solidária dos sócios que se disponibilizariam a pagar uma "quota suplementar".

Convém recordar que se estava no Portugal dos anos 20-30. A taxa de analfabetismo ultrapassava os 60% (bastante mais entre a população agrícola), a média de vida limitava-se aos 45 anos para os homens e 49 para as mulheres e a mortalidade infantil atingia valores de 144/1000(3). Vouzela era um concelho quase exclusivamente rural, com uma população a rondar os 15 mil habitantes, número excessivo para as características económicas dominantes e sem a possibilidade de recorrer à emigração (por causa da guerra, primeiro, e da crise económica, depois). A vila terminava na Escola Conde Ferreira, não havia passeios nas suas principais artérias e o chafariz, actualmente no Largo do Convento, estava localizado bem no centro da Praça da República por motivos que nada tinham que ver com a simples decoração...

Da actividade cultural então prevista conhecem-se algumas acções, tais como conferências, aulas nocturnas (ministradas graciosamente por um famoso professor daquele tempo, José Manuel da Silva) e algumas representações teatrais orientadas por António Joaquim de Almeida Campos (autor dos estatutos). Não sabemos se alguma vez foi posta em prática a vertente de solidariedade social, apesar de haver notícia de um forte esforço financeiro feito nos primeiros anos da Associação por alguns dos seus fundadores. No entanto, fica o exemplo daqueles que souberam interpretar o seu tempo e, com conhecimento e imaginação, usar os (poucos) recursos de que dispunham. Foi há oitenta anos (4).
________
(1)- Quem quiser conhecer a história da Associação de Futebol "Os Vouzelenses", tem que consultar duas fontes: o artigo que Afonso Campos escreveu na edição comemorativa publicada pelo "Notícias de Vouzela" em 1979 e o trabalho de Lopes da Costa, arquivado na Biblioteca Municipal. Este último, para além de ser um conhecido estudioso da história de Vouzela, viveu o clube nas diversas dimensões que lhe marcaram os primeiros tempos, tendo sido jogador e membro do seu grupo de teatro.

(2)- Respeitamos a grafia original.


(3)- História de Portugal, José Mattoso

(4)- Os nossos agradecimentos ao actual presidente da Associação, Engº. Aidos, por nos facultar cópia dos Estatutos de 1930.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Vista aérea

Vista aérea do centro da vila, Edição Foto Bela- Colecção de Augusto Matos

Esta fotografia, da autoria do Tenente Morais Carvalho, deve ter sido tirada na mesma altura de uma outra já aqui publicada. Destaque para a Avenida João do Melo, artéria central na imagem. A Igreja da Misericórdia é de fácil identificação, assim como a casa que alguns pretendem "furar". De fácil identificação são, também, os terrenos beneficiados com tal "furo"... Esperamos que o tempo tenha sido bom conselheiro e nos evite este... buraco.

sábado, novembro 07, 2009

A CARRUAGEM

Sempre se disse que pelo andar da carruagem se vê quem lá vai dentro. Poderíamos dizer o mesmo em relação à Justiça: pelo andar dos processos se vê quem são os arguidos, ou seja se for gente importante anda devagar, se for arraia miuda é um ver se te avias.

Vem isto ao caso da já tão falada "Operação Face Oculta", que diáriamente nos vai surpreendendo com mais um personagem de um enredo digno de um filme do Coppola, tipo o Padrinho, diferindo apenas no facto de, no filme, se saber quem ele é.

O Dom Corleone português ainda não tem nome que se conheça, ou melhor, que o povo conheça, pois possivelmente a Policia e/ou o Ministério Público sabem bem quem ele é, só que ainda não reuniram provas. Ou o figurão está lá muito em cima, onde dificilmente será atingido, pois se tem poderes para atrasar ou avançar com as investigações, imagine-se o quanto ele pode.

Soube-se agora que as certidões emitidas pelo Tribunal de Aveiro estavam na PGR há quatro meses ou seja, se o que se sabe agora tivesse sido conhecido há quatro meses atrás (Julho), poderia ter tido influencia no resultado eleitoral...

De acordo com o Inspector Carlos Anjos, a policia judiciária não está condicionada a qualquer calendário político. Será? Temos dúvidas.

Quanto ao Don Corleone seria bom sabermos o seu nome, vê-lo acusado e julgado para a tranquilidade de todos e a bem da Nação. É que se este esquema estava montado nas sucatas o que se passará com todas as outras volumosas aquisições de bens e serviços que as empresas públicas fazem?

Espera-se pois que a Justiça desta vez, não tarde nem falhe.

20 de Março é dia de limpeza

"Partindo do relato de um projecto desenvolvido na Estónia em 2008, um grupo de amigos decidiu colocar 'Mãos à Obra' e propor 'Vamos limpar a floresta portuguesa num só dia'. Em poucos dias estava em marcha um movimento cívico que conta já com cerca de 6000 voluntários".

São acções destas que podem mostrar às autoridades nacionais e locais que os cidadãos estão atentos aos espaços naturais. Quando o movimento estiver em marcha, vão aparecer (as autoridades), tirar muitas fotografias e... rezar aos santinhos para que tudo caia no esquecimento no dia seguinte. Compete-nos impedir que o consigam.

O dia 20 de Março de 2010, é dia de limpeza. Em Vouzela já há gente que mexe. Quer ser o próximo?

quinta-feira, novembro 05, 2009

Completamente de borla

Rua de São Frei Gil

Pronto! Temos governo novo, nova equipa camarária, os vencedores lançaram os foguetes da praxe, os vencidos deram as justificações de ocasião. Feitos os habituais balanços, uma conclusão é inevitável: estamos na mesma! Do estado geral da Nação, outros se irão ocupar com maior competência. Ficamo-nos por um olhar por estas margens de um Vouga com água a menos e dúvidas a mais.

No seu discurso de vitória, o Dr. Telmo Antunes realçou mais uma maioria absoluta alcançada pelo seu partido. Convém que tenha consciência de que esse mesmo (legítimo) motivo de orgulho é, também, o que não lhe dá qualquer margem para falhar. O mandato que agora se inicia, vai usufruir de um empréstimo polémico, apresentado como solução para a calamitosa situação financeira da Câmara. Ninguém perdoará que um simples cêntimo seja gasto, sem uma criteriosa definição de prioridades.

Em bom rigor, muito do que Vouzela necessita, tem mais que ver com ideias do que com dinheiro. Trata-se, sobretudo, de manter a casa arrumada, proteger o que a "Mãe Natureza" nos deu... completamente de borla. Às vezes fazemos lembrar uma riquíssima casa senhorial, cheia de tradição e valiosíssimo mobiliário que o desleixo vai abandonando ao caruncho e o mau gosto leva a substituir por cangalhada em contraplacado...

Estimular a recuperação do património edificado, em grande parte nas mãos de privados, pode ser feito através de facilidades fiscais e de licenciamento, melhorando a imagem da região e criando emprego. É verdade que se perdeu uma oportunidade aquando da elaboração do Regulamento de Edificações Urbanas, de modo a criar condições para a preservação de marcas importantes da nossa identidade e, até, para obrigar a construção a preparar-se para os desafios inevitáveis com as alterações climáticas. Mas, são precisamente esses descuidos que dificilmente se podem voltar a admitir a quem tem todas as condições para trilhar um caminho que ele prórpio abriu.

O mesmo se pode dizer da resolução, de uma vez por todas, do tratamento de águas residuais, acabando com a anedótica situação de uma ETAR curta para as necessidades e de que a recuperação das águas do Vouga bem necessita. O final desta história vai exigir muito dinheiro. Só que, até lá chegarmos, apenas necessitamos de habilidade, de capacidade de persuasão, para levar as autoridades de São Pedro do Sul a assumirem as suas responsabilidades.

Por último, ainda no domínio do que não custa um cêntimo, convém não desperdiçar recursos. A Reserva Botânica de Cambarinho tem oito meses para ver definida a sua situação legal; a divulgação da imagem do concelho, tem tudo por fazer. Lemos, há dias, que alguns jornalistas tentaram contactar os responsáveis pela produção tradicional dos nossos pasteis e não conseguiram. Desconhecemos os motivos do fracasso, mas a verdade é que não conseguimos compreender que a história do mais famoso produto regional, não seja "cantada" a cada esquina, que é como quem diz, devidamente publicitada. Sem entrar na divulgação do que apenas deve ser do domínio dos eleitos, quer o Turismo, quer o Museu municipal, podiam organizar uma pequena exposição permanente, ilustrando os diversos passos da produção da iguaria e realçando as suas especificidades- barato e eficaz.

Claro que muito falta fazer e muito dinheiro será necessário- aí, o importante é sentirmos serem justificados os impostos que pagamos. Mas é tempo de assumirmos que a preservação é mais barata do que a construção e que a "Mãe Natureza" é, por si só, o melhor dos executivos camarários. Completamente de borla.

segunda-feira, novembro 02, 2009

São Pedro do Sul- Um dia de mercado

Edição Sebastião & Sobriela, colecção de Marisa Araújo

As reacções que temos recebido dos leitores sempre que publicamos imagens antigas, mostram-nos que, muito mais do que nostalgia, há um enorme descontentamento sobre o modo como se tem erigido a "modernidade" numa das mais belas regiões de Portugal- a nossa. Um dos objectivos que nos levaram a mostrá-las, foi precisamente provocar esse confronto entre o que era e o que é. No entanto, até agora sentíamos a falta da representação de São Pedro do Sul, já que os "nossos" coleccionadores são de Oliveira de Frades e de Vouzela. Felizmente, a leitora Marisa Araújo abriu a porta da resolução do problema, através de um simpático "mail" onde nos enviou sete reproduções de postais antigos. Vão passar a fazer parte do folhado fino deste pastel, como sempre às segundas-feiras. Com os nossos agradecimentos.

domingo, novembro 01, 2009

A GRIPE "A"

Confesso que estou baralhado. Isto da gripe "A" ou é uma história mal contada, ou um enorme "bluff". No principio era o verbo, desculpem, era o vírus; depois a pandemia seguida do "Tamiflu" depois a vacina em duas doses e agora a vacina numa só doze. Tudo isto cheira mal. Por outro lado o que está a acontecer é surrealista e passo a narrar um caso em que fui interveniente.

A. foi alertada pela escola do seu filho que o dito estava com dores de cabeça, febre alta a rondar os 39ºC e tinha vomitado: sintomas de gripe "A". Já em casa ligou para a linha saúde 24 tendo-lhe sido dito que o menino deveria tomar um antipirético e que "caso a febre não baixasse, levado a um centro de acolhimento especialmente criado para esta situação". E foi o que aconteceu, mas contrariamente ao que temos ouvido, não foi receitado nenhum antiviral e nem sequer foi feita qualquer recolha de sangue para análise. Mais antipirético , máscara, isolamento, lavar mãos etc e tal. Convém também dizer que no tal centro de "acolhimento" estavam +/- 100 crianças e apenas três médicos e quatro ou cinco enfermeiros/as. Ah! e tinha hórário: fechava às 20.00hs, mas nesse dia, dada a afluência fechava às 19.00hs para atender os que já lá estavam, devendo os outros dirigirem-se a um hospital pediátrico (averiguei posteriormente que pelas 22.00 hs estavam cerca de 230 crianças para serem atendidas por quatro-médicos-quatro no referido hospital).

Questionei um médico sobre este assunto e para meu espanto (?) fiquei a saber que este está a ser o procedimento adoptado pelos serviços de saúde e que da análise, quando é feita só , se conhecem os resultados sete dias depois, ou seja, fica-se só a saber se se teve ou não porque nesses sete dias, normalmente a gripe desapareceu.

E face ao exposto eu pergunto:

1. Já se esgotou o "Tamiflu" que havia em armazém?
2. Se não era preciso porque é que se utilizou?
3. Se esta gripe é tratada como uma sazonal, porque este alarmismo?
4. Se só temos resultados das análises depois da cura para que servem?

Também a vacina me deixa algumas dúvidas.:

1. É possível em quatro meses descobrir e testar uma vacina?
2. E se foi estudada para ser aplicada em duas doses de um dia para o outro passa a ser só numa?
3. E porque é que muitos profissionais de saúde não a quiseram levar?
4. Os laboratórios já esgotaram os stocks?

De tudo isto apenas registo um caso positivo: os deputados na sua maioria não se consideraram incluidos no grupo dos imprescindíveis. É que de facto não são.

TRÊS REFLEXÕES

1. A TENTAÇÃO DE IMITAR.

Já não é de agora esta tentação que os portugueses têm de imitar. E quando falo em portugueses enquanto pessoas, falo também nas instituições do estado, governo, autarquias, tribunais etc., etc..
O João imita o Manuel quando compra um carro da mesma marca e o Manuel imita o Luis quando vai de férias para o Brasil; a Luísa imita a Isabel com o vestido e o penteado e a Isabel imita a Luisa nos sapatos e nas malas; ambos os casais imitam os Souzas quando pôem os filhos no mesmo colégio, e estes imitam os filhos dos outros nos ténis e nas t-shirts, ou seja todos se imitam mutuamente.
Entre as autarquias imitam-se os procedimentos, os investimentos e os empreendimentos
Não importa se estão ajustados à realidade de cada caso, o que importa é ter no mínimo o mesmo que o vizinho tem, mas preferencialmente em maior.
Os governantes também se imitam entre si e é fácil de notar a transformação que cada um dos membros do executivo vai fazendo ao longo da carreira: primeiro mudam de visual e vão deixando de lado os fatinhos do pronto a vestir da Zara e passam para o da Boss, ou similar,em simultâneo mudam também de fornecedor das camisas e gravatas, e para cúmulo da imitação alguns até passam a mandar fazer as fatiotas por medida como faziam os do antigamente.Depois mudam de tom de voz e de estilo de discurso tentando imitar o chefe. São tão flagrantes as semelhanças que por vezes, quando não se vêm, somos levados a pensar que é o chefe que está a falar.
Mas o pior das imitações, são as que vamos buscar ao estrangeiro.
Lembram-se por certo do governo afirmar que pretendia basear o sistema educativo no da Finlandia, com quem com todos sabem, somos muito semelhantes: instalações modernas e equipadas com a mais sofisticada tecnologia, alunos sem fome, disciplina dentro e fora das salas de aula, programas meticulosamente estudados e cumpridos e exames rigorosos e frequentes. Tal e qual como cá. Como devem ter percebido que isto não era copiável devem ter ido beber de outra fonte qualquer, ou o que é pior inventaram eles próprios e criaram mais um modelo "à portuguesa". Temos também os submarinos: se a Espanha tem então nós podemos ficar atrás? Ninguém percebe para que vão servir, mas temos, e depois logo se inventa uma utilização "à portuguesa".
Ora como é sabido a unica coisa "à portuguesa" que é boa é o cozido pelo que o resultado ficou à vista no tocante à educação e logo se há-de ver com os submarinos.
Nas autarquias foi a corrida às variantes que muitas vezes não vão dar a lado nenhum, às passagens desniveladas ou subterrâneas para peões e veículos, aos cine-teatros, pavilhões gimno-desportivos e outras coisas mais. À primeira vista até estariam bem se fossem utilizadas convenientemente, mas o que infelizmente se verifica é que nada daquilo está a ser devidamente aproveitado. As passagens para peões porque estão mal localizadas ou porque se tornaram em locais de assalto, os cine-teatros porque as populações empobrecidas e envelhecidas não os frequentam e os jovens preferem ir á cidade mais próxima onde a oferta é substancialmente maior. Salvam-se alguns pavilhões gimno-desportivos, porque apoiam as escolas que os não têm e onde os jovens , para imitarem o Ronaldo, o Évora ou a Naide acabam por ir.
Mas também inventaram: as rotundas "à portuguesa".
Também as tradições têm vindo a ser copiadas ao longo dos tempos. Primeiro apareceram as fitas de tule a enfeitar os carros nos casamentos, moda trazida pelos emigrantes em França; depois o carnaval brasileiro, com a ligeira diferença de passar dos 40ºC para os 6ºC e do sol de verão para a chuva de inverno; mais tarde veio o Halloween sem que ninguém percebesse porque é que não se manteve o nosso Pão por Deus. Vi há dias numa novela brasileira que os bébes saem da maternidade com botinhas vermelhas. Aposto que vai passar a ser moda dentro em pouco como o foram os nomes postos às nossas crianças há uns anos: Katias, Vanessas, Sónias Rudolfos, etc..
Eu até não me importava que copiassem o que de bom existe nos outros países, mas sempre o pior?

2. AS DOENÇAS

Não sei se já repararam mas sempre que se fala de doenças em Portugal, o número dos que delas padecem anda sempre na casa dos 500.000. Ora, como eu próprio, bem como a maioria dos que me são próximos não têm qualquer doença, haverá por certo uns quantos desgraçados que têm todas.
Sendo as doenças o motivo de conversa favorito dos portugueses é fácil ouvir alguém que se está a queixar ao amigo, que já não vê há dez anos, dos seus problemas de colite, obter como resposta – e eu não sei? Há cinco anos que descobri que tinha uma! E assim o fígado, os pulmões, os ossos, o coração, a coluna, as articulações, as alergias etc. dão o mote a longas conversas entre amigos ou simples conhecidos, se forem das classes pobre ou média baixa. Nas classes média alta e alta, as doenças já são outras, como por exemplo as encefaleias, as hepatites , as cirroses, o Parkinson e o Alzheimer , os esgotamentos, as depressões etc. Se há povo introvertido e envergonhado é o nosso e meter conversa não é nada fácil a menos claro se o tema for doença. Aí vamos ter conversa para horas e até quem sabe, iniciar uma profunda e sincera amizade que poderá chegar mesmo ao acasalamento desde que os respectivos interlocutores não sejam portadores de HIV ou impotência. Aliás sobre este ultimo tema nunca ninguém fala, pelo menos até agora nunca ninguém me disse que era impotente, antes pelo contrário a avaliar pelo que oiço, só há garanhões, pelo que sugiro aos serviços de saúde que revejam as estatísticas (em baixa, claro). É evidente que nesta situação vou mais pelo que me dizem as mulheres deles, coitadas.
Mesmo quando se fala sobre o sexo oposto, o que à partida seria saudável, raras são as vezes em que não entram as doenças: conheço-a bem é uma atrasada mental; uma histérica; cuidado com esse tipo que tem herpes labial; põe-te a pau ou ainda arranjas uma blenorragia; protege-te por causa da Sida, etc. etc..
Mas está bem: Portugal é um país de doentes, mas quem faz as estatísticas exagera, porque a acreditar nelas haveria dias em que muito poucos iriam trabalhar, ou seja os que não têm nada, mas que sem os que têm tudo nada fariam, pelo que o país entrava de baixa da caixa colectiva.
Mas pensem agora no desgraçado que junta as doenças todas: não pode comer porque tem cancro no estômago, não bebe porque os rins não funcionam, respira mal porque já só tem um pulmão, a angina de peito dá-lhe dores horríveis bem como as artroses múltiplas e a espondilose anquilosante, para já não falar na diabetes que lhe está atacar a visão. Como bom português ainda ouve (muito mal é claro) a esquizofrénica da mulher dizer-lhe: a tua sorte é teres ficado impotente muito cedo, senão ainda apanhavas Sida.
Por isso meus queridos e saudáveis amigos vivam o melhor que poderem porque um dia tudo isto ainda nos pode tocar.

3. NÓS CÁ EM CASA

Sempre se quantificaram as familias pelo numero de pessoas. Cá em casa somos 2, em caso do meu filho são 4, em caso do meu primo são 7, em casa do meu amigo Francisco são 5 etc..
Ao que parece isto já não é assim. De acordo com o anuncio televiso a uma conhecida rede de comunicações as familias passaram a ser quantificadas pelos equipamentos electrónicos que possuem, ou seja, em casa do João Pinto, do Nicolau Breyner e de um outro que não sei quem é são televisores, computadores e telefones fixos e móveis.
Isto está mesmo a mudar!