TRÊS REFLEXÕES
1. A TENTAÇÃO DE IMITAR.
Já não é de agora esta tentação que os portugueses têm de imitar. E quando falo em portugueses enquanto pessoas, falo também nas instituições do estado, governo, autarquias, tribunais etc., etc..
O João imita o Manuel quando compra um carro da mesma marca e o Manuel imita o Luis quando vai de férias para o Brasil; a Luísa imita a Isabel com o vestido e o penteado e a Isabel imita a Luisa nos sapatos e nas malas; ambos os casais imitam os Souzas quando pôem os filhos no mesmo colégio, e estes imitam os filhos dos outros nos ténis e nas t-shirts, ou seja todos se imitam mutuamente.
Entre as autarquias imitam-se os procedimentos, os investimentos e os empreendimentos
Não importa se estão ajustados à realidade de cada caso, o que importa é ter no mínimo o mesmo que o vizinho tem, mas preferencialmente em maior.
Os governantes também se imitam entre si e é fácil de notar a transformação que cada um dos membros do executivo vai fazendo ao longo da carreira: primeiro mudam de visual e vão deixando de lado os fatinhos do pronto a vestir da Zara e passam para o da Boss, ou similar,em simultâneo mudam também de fornecedor das camisas e gravatas, e para cúmulo da imitação alguns até passam a mandar fazer as fatiotas por medida como faziam os do antigamente.Depois mudam de tom de voz e de estilo de discurso tentando imitar o chefe. São tão flagrantes as semelhanças que por vezes, quando não se vêm, somos levados a pensar que é o chefe que está a falar.
Mas o pior das imitações, são as que vamos buscar ao estrangeiro.
Lembram-se por certo do governo afirmar que pretendia basear o sistema educativo no da Finlandia, com quem com todos sabem, somos muito semelhantes: instalações modernas e equipadas com a mais sofisticada tecnologia, alunos sem fome, disciplina dentro e fora das salas de aula, programas meticulosamente estudados e cumpridos e exames rigorosos e frequentes. Tal e qual como cá. Como devem ter percebido que isto não era copiável devem ter ido beber de outra fonte qualquer, ou o que é pior inventaram eles próprios e criaram mais um modelo "à portuguesa". Temos também os submarinos: se a Espanha tem então nós podemos ficar atrás? Ninguém percebe para que vão servir, mas temos, e depois logo se inventa uma utilização "à portuguesa".
Já não é de agora esta tentação que os portugueses têm de imitar. E quando falo em portugueses enquanto pessoas, falo também nas instituições do estado, governo, autarquias, tribunais etc., etc..
O João imita o Manuel quando compra um carro da mesma marca e o Manuel imita o Luis quando vai de férias para o Brasil; a Luísa imita a Isabel com o vestido e o penteado e a Isabel imita a Luisa nos sapatos e nas malas; ambos os casais imitam os Souzas quando pôem os filhos no mesmo colégio, e estes imitam os filhos dos outros nos ténis e nas t-shirts, ou seja todos se imitam mutuamente.
Entre as autarquias imitam-se os procedimentos, os investimentos e os empreendimentos
Não importa se estão ajustados à realidade de cada caso, o que importa é ter no mínimo o mesmo que o vizinho tem, mas preferencialmente em maior.
Os governantes também se imitam entre si e é fácil de notar a transformação que cada um dos membros do executivo vai fazendo ao longo da carreira: primeiro mudam de visual e vão deixando de lado os fatinhos do pronto a vestir da Zara e passam para o da Boss, ou similar,em simultâneo mudam também de fornecedor das camisas e gravatas, e para cúmulo da imitação alguns até passam a mandar fazer as fatiotas por medida como faziam os do antigamente.Depois mudam de tom de voz e de estilo de discurso tentando imitar o chefe. São tão flagrantes as semelhanças que por vezes, quando não se vêm, somos levados a pensar que é o chefe que está a falar.
Mas o pior das imitações, são as que vamos buscar ao estrangeiro.
Lembram-se por certo do governo afirmar que pretendia basear o sistema educativo no da Finlandia, com quem com todos sabem, somos muito semelhantes: instalações modernas e equipadas com a mais sofisticada tecnologia, alunos sem fome, disciplina dentro e fora das salas de aula, programas meticulosamente estudados e cumpridos e exames rigorosos e frequentes. Tal e qual como cá. Como devem ter percebido que isto não era copiável devem ter ido beber de outra fonte qualquer, ou o que é pior inventaram eles próprios e criaram mais um modelo "à portuguesa". Temos também os submarinos: se a Espanha tem então nós podemos ficar atrás? Ninguém percebe para que vão servir, mas temos, e depois logo se inventa uma utilização "à portuguesa".
Ora como é sabido a unica coisa "à portuguesa" que é boa é o cozido pelo que o resultado ficou à vista no tocante à educação e logo se há-de ver com os submarinos.
Nas autarquias foi a corrida às variantes que muitas vezes não vão dar a lado nenhum, às passagens desniveladas ou subterrâneas para peões e veículos, aos cine-teatros, pavilhões gimno-desportivos e outras coisas mais. À primeira vista até estariam bem se fossem utilizadas convenientemente, mas o que infelizmente se verifica é que nada daquilo está a ser devidamente aproveitado. As passagens para peões porque estão mal localizadas ou porque se tornaram em locais de assalto, os cine-teatros porque as populações empobrecidas e envelhecidas não os frequentam e os jovens preferem ir á cidade mais próxima onde a oferta é substancialmente maior. Salvam-se alguns pavilhões gimno-desportivos, porque apoiam as escolas que os não têm e onde os jovens , para imitarem o Ronaldo, o Évora ou a Naide acabam por ir.
Mas também inventaram: as rotundas "à portuguesa".
Também as tradições têm vindo a ser copiadas ao longo dos tempos. Primeiro apareceram as fitas de tule a enfeitar os carros nos casamentos, moda trazida pelos emigrantes em França; depois o carnaval brasileiro, com a ligeira diferença de passar dos 40ºC para os 6ºC e do sol de verão para a chuva de inverno; mais tarde veio o Halloween sem que ninguém percebesse porque é que não se manteve o nosso Pão por Deus. Vi há dias numa novela brasileira que os bébes saem da maternidade com botinhas vermelhas. Aposto que vai passar a ser moda dentro em pouco como o foram os nomes postos às nossas crianças há uns anos: Katias, Vanessas, Sónias Rudolfos, etc..
Eu até não me importava que copiassem o que de bom existe nos outros países, mas sempre o pior?
2. AS DOENÇAS
Não sei se já repararam mas sempre que se fala de doenças em Portugal, o número dos que delas padecem anda sempre na casa dos 500.000. Ora, como eu próprio, bem como a maioria dos que me são próximos não têm qualquer doença, haverá por certo uns quantos desgraçados que têm todas.
Sendo as doenças o motivo de conversa favorito dos portugueses é fácil ouvir alguém que se está a queixar ao amigo, que já não vê há dez anos, dos seus problemas de colite, obter como resposta – e eu não sei? Há cinco anos que descobri que tinha uma! E assim o fígado, os pulmões, os ossos, o coração, a coluna, as articulações, as alergias etc. dão o mote a longas conversas entre amigos ou simples conhecidos, se forem das classes pobre ou média baixa. Nas classes média alta e alta, as doenças já são outras, como por exemplo as encefaleias, as hepatites , as cirroses, o Parkinson e o Alzheimer , os esgotamentos, as depressões etc. Se há povo introvertido e envergonhado é o nosso e meter conversa não é nada fácil a menos claro se o tema for doença. Aí vamos ter conversa para horas e até quem sabe, iniciar uma profunda e sincera amizade que poderá chegar mesmo ao acasalamento desde que os respectivos interlocutores não sejam portadores de HIV ou impotência. Aliás sobre este ultimo tema nunca ninguém fala, pelo menos até agora nunca ninguém me disse que era impotente, antes pelo contrário a avaliar pelo que oiço, só há garanhões, pelo que sugiro aos serviços de saúde que revejam as estatísticas (em baixa, claro). É evidente que nesta situação vou mais pelo que me dizem as mulheres deles, coitadas.
Mesmo quando se fala sobre o sexo oposto, o que à partida seria saudável, raras são as vezes em que não entram as doenças: conheço-a bem é uma atrasada mental; uma histérica; cuidado com esse tipo que tem herpes labial; põe-te a pau ou ainda arranjas uma blenorragia; protege-te por causa da Sida, etc. etc..
Mas está bem: Portugal é um país de doentes, mas quem faz as estatísticas exagera, porque a acreditar nelas haveria dias em que muito poucos iriam trabalhar, ou seja os que não têm nada, mas que sem os que têm tudo nada fariam, pelo que o país entrava de baixa da caixa colectiva.
Mas pensem agora no desgraçado que junta as doenças todas: não pode comer porque tem cancro no estômago, não bebe porque os rins não funcionam, respira mal porque já só tem um pulmão, a angina de peito dá-lhe dores horríveis bem como as artroses múltiplas e a espondilose anquilosante, para já não falar na diabetes que lhe está atacar a visão. Como bom português ainda ouve (muito mal é claro) a esquizofrénica da mulher dizer-lhe: a tua sorte é teres ficado impotente muito cedo, senão ainda apanhavas Sida.
Por isso meus queridos e saudáveis amigos vivam o melhor que poderem porque um dia tudo isto ainda nos pode tocar.
3. NÓS CÁ EM CASA
Sempre se quantificaram as familias pelo numero de pessoas. Cá em casa somos 2, em caso do meu filho são 4, em caso do meu primo são 7, em casa do meu amigo Francisco são 5 etc..
Ao que parece isto já não é assim. De acordo com o anuncio televiso a uma conhecida rede de comunicações as familias passaram a ser quantificadas pelos equipamentos electrónicos que possuem, ou seja, em casa do João Pinto, do Nicolau Breyner e de um outro que não sei quem é são televisores, computadores e telefones fixos e móveis.
Isto está mesmo a mudar!
Nas autarquias foi a corrida às variantes que muitas vezes não vão dar a lado nenhum, às passagens desniveladas ou subterrâneas para peões e veículos, aos cine-teatros, pavilhões gimno-desportivos e outras coisas mais. À primeira vista até estariam bem se fossem utilizadas convenientemente, mas o que infelizmente se verifica é que nada daquilo está a ser devidamente aproveitado. As passagens para peões porque estão mal localizadas ou porque se tornaram em locais de assalto, os cine-teatros porque as populações empobrecidas e envelhecidas não os frequentam e os jovens preferem ir á cidade mais próxima onde a oferta é substancialmente maior. Salvam-se alguns pavilhões gimno-desportivos, porque apoiam as escolas que os não têm e onde os jovens , para imitarem o Ronaldo, o Évora ou a Naide acabam por ir.
Mas também inventaram: as rotundas "à portuguesa".
Também as tradições têm vindo a ser copiadas ao longo dos tempos. Primeiro apareceram as fitas de tule a enfeitar os carros nos casamentos, moda trazida pelos emigrantes em França; depois o carnaval brasileiro, com a ligeira diferença de passar dos 40ºC para os 6ºC e do sol de verão para a chuva de inverno; mais tarde veio o Halloween sem que ninguém percebesse porque é que não se manteve o nosso Pão por Deus. Vi há dias numa novela brasileira que os bébes saem da maternidade com botinhas vermelhas. Aposto que vai passar a ser moda dentro em pouco como o foram os nomes postos às nossas crianças há uns anos: Katias, Vanessas, Sónias Rudolfos, etc..
Eu até não me importava que copiassem o que de bom existe nos outros países, mas sempre o pior?
2. AS DOENÇAS
Não sei se já repararam mas sempre que se fala de doenças em Portugal, o número dos que delas padecem anda sempre na casa dos 500.000. Ora, como eu próprio, bem como a maioria dos que me são próximos não têm qualquer doença, haverá por certo uns quantos desgraçados que têm todas.
Sendo as doenças o motivo de conversa favorito dos portugueses é fácil ouvir alguém que se está a queixar ao amigo, que já não vê há dez anos, dos seus problemas de colite, obter como resposta – e eu não sei? Há cinco anos que descobri que tinha uma! E assim o fígado, os pulmões, os ossos, o coração, a coluna, as articulações, as alergias etc. dão o mote a longas conversas entre amigos ou simples conhecidos, se forem das classes pobre ou média baixa. Nas classes média alta e alta, as doenças já são outras, como por exemplo as encefaleias, as hepatites , as cirroses, o Parkinson e o Alzheimer , os esgotamentos, as depressões etc. Se há povo introvertido e envergonhado é o nosso e meter conversa não é nada fácil a menos claro se o tema for doença. Aí vamos ter conversa para horas e até quem sabe, iniciar uma profunda e sincera amizade que poderá chegar mesmo ao acasalamento desde que os respectivos interlocutores não sejam portadores de HIV ou impotência. Aliás sobre este ultimo tema nunca ninguém fala, pelo menos até agora nunca ninguém me disse que era impotente, antes pelo contrário a avaliar pelo que oiço, só há garanhões, pelo que sugiro aos serviços de saúde que revejam as estatísticas (em baixa, claro). É evidente que nesta situação vou mais pelo que me dizem as mulheres deles, coitadas.
Mesmo quando se fala sobre o sexo oposto, o que à partida seria saudável, raras são as vezes em que não entram as doenças: conheço-a bem é uma atrasada mental; uma histérica; cuidado com esse tipo que tem herpes labial; põe-te a pau ou ainda arranjas uma blenorragia; protege-te por causa da Sida, etc. etc..
Mas está bem: Portugal é um país de doentes, mas quem faz as estatísticas exagera, porque a acreditar nelas haveria dias em que muito poucos iriam trabalhar, ou seja os que não têm nada, mas que sem os que têm tudo nada fariam, pelo que o país entrava de baixa da caixa colectiva.
Mas pensem agora no desgraçado que junta as doenças todas: não pode comer porque tem cancro no estômago, não bebe porque os rins não funcionam, respira mal porque já só tem um pulmão, a angina de peito dá-lhe dores horríveis bem como as artroses múltiplas e a espondilose anquilosante, para já não falar na diabetes que lhe está atacar a visão. Como bom português ainda ouve (muito mal é claro) a esquizofrénica da mulher dizer-lhe: a tua sorte é teres ficado impotente muito cedo, senão ainda apanhavas Sida.
Por isso meus queridos e saudáveis amigos vivam o melhor que poderem porque um dia tudo isto ainda nos pode tocar.
3. NÓS CÁ EM CASA
Sempre se quantificaram as familias pelo numero de pessoas. Cá em casa somos 2, em caso do meu filho são 4, em caso do meu primo são 7, em casa do meu amigo Francisco são 5 etc..
Ao que parece isto já não é assim. De acordo com o anuncio televiso a uma conhecida rede de comunicações as familias passaram a ser quantificadas pelos equipamentos electrónicos que possuem, ou seja, em casa do João Pinto, do Nicolau Breyner e de um outro que não sei quem é são televisores, computadores e telefones fixos e móveis.
Isto está mesmo a mudar!
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