sábado, setembro 19, 2009

Há quem prefira... a couve de Bruxelas

Sempre criticámos a política agrícola seguida pelo actual governo, como criticamos todos aqueles que se acomodaram à ditadura da Política Agrícola Comum (PAC) do interesse dos grandes produtores europeus e incapaz de valorizar a função social e ambiental do sector. Sempre recusámos (na agricultura ou em qualquer outra actividade) o princípio de que "qualquer coisa serve desde que justifique o acesso aos fundos europeus". Por tudo isso, não estamos de acordo com a opinião de Porfírio Silva, expressa neste texto (a que chegámos a partir daqui), publicado no blogue Simplex assumidamente favorável ao Partido Socialista. Mas, como se descobrem umas verdades sempre que se zangam as comadres, vale a pena reter o que é dito na passagem que citamos a seguir. Explica muita coisa sobre a simpatia de alguns pela... couve de Bruxelas.

"Quando o actual governo entrou em funções, os serviços do Ministério da Agricultura estavam impedidos de receber directamente dos agricultores as respectivas candidaturas aos apoios. Essas candidaturas tinham obrigatoriamente de ser canalizadas pelas grandes confederações agrícolas. E cada candidatura assim canalizada rendia directamente 17 euros a uma confederação. Dezassete euros por papel! Cara franquia! E entravam por ano cerca de 300.000 dessas candidaturas. É fazer as contas, como dizia o outro! Além disso, as confederações “delegavam” nas suas associações o trabalho prático de apoiar a elaboração das candidaturas, o que algumas faziam com grande sentido da responsabilidade – enquanto outras cobravam grossas percentagens sobre os montantes recebidos pelos destinatários das ajudas (em alguns casos da ordem dos 20%). Isto significava, por exemplo, que a Companhia das Lezírias, tutelada pelo Estado, não podia apresentar candidaturas nos serviços do Ministério da Agricultura, tendo de o fazer através da AJAP (Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, juventude da CAP), para quem assim escorria uma fatia que de outro modo nunca entraria nos respectivos cofres".

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