Águas paradas
Lembraram-se de nós. Infelizmente. Fomos contemplados com uma das barragens com que o governo de Sócrates quer salvar o mundo, pelo menos o dele. Nós, os pós- socráticos, assumimo-nos cépticos, preferindo realçar que a obra é lançada sem que nada tenha sido feito para reduzir o desperdício de energia. E que desperdício…
Mas na antevisão do charco gigante previsto para o Vouga, os autarcas opinaram. E um deles deu largas à imaginação, falando de “actividades geradoras de mais valias económicas, como sejam os desportos náuticos” (Lusa, 4 de Outubro de 2007). Já estou a ver: um enorme recreio com monitores, quem sabe se umas máquinas de fazer ondas e aulas de surf ou jet- ski e, de certeza, aparelhagens sonoras a berrarem “levante o seu astrauuuuu!”, com sotaque brasileiro, porque tem mais ritmo. Nada de novo. Apenas o assumir de um conceito de turismo que nos vai arruinando o território, a paciência e tudo o resto. Sobretudo, um conceito que não percebe que o segredo do turismo está na diferença e não na uniformidade.
A região de Lafões será procurada enquanto a deixarem mostrar o que é. Deixará de o ser, quando a quiserem transformar numa espécie de Algarve, de Lisboa, ou o raio que os parta. Mas, com a retenção de águas que se avizinha, ainda vai aparecer algum a querer bordejá-la de palmeiras, prática que fez escola na gestão autárquica portuguesa. Talvez- porque não?- um coqueiro, que até pode justificar uma visita presidencial.
Mas na antevisão do charco gigante previsto para o Vouga, os autarcas opinaram. E um deles deu largas à imaginação, falando de “actividades geradoras de mais valias económicas, como sejam os desportos náuticos” (Lusa, 4 de Outubro de 2007). Já estou a ver: um enorme recreio com monitores, quem sabe se umas máquinas de fazer ondas e aulas de surf ou jet- ski e, de certeza, aparelhagens sonoras a berrarem “levante o seu astrauuuuu!”, com sotaque brasileiro, porque tem mais ritmo. Nada de novo. Apenas o assumir de um conceito de turismo que nos vai arruinando o território, a paciência e tudo o resto. Sobretudo, um conceito que não percebe que o segredo do turismo está na diferença e não na uniformidade.
A região de Lafões será procurada enquanto a deixarem mostrar o que é. Deixará de o ser, quando a quiserem transformar numa espécie de Algarve, de Lisboa, ou o raio que os parta. Mas, com a retenção de águas que se avizinha, ainda vai aparecer algum a querer bordejá-la de palmeiras, prática que fez escola na gestão autárquica portuguesa. Talvez- porque não?- um coqueiro, que até pode justificar uma visita presidencial.
Vão-nos prender as águas, mas vai-se libertar a asneira. Querem apostar?
1 comentário:
Isto é que vai um Trinta e um, amigo Trinta e três! Acho que é mais um barco que vai ao fundo. Um barco de três canos, ou quem sabe um porta-aviões do nosso descontentamento.
Até quando?
Até quando esta incompetência, este desvario, esta necessidade de mostrarmos o quanto são banais as decisões de quem manda. Banais, pretensiosas e perniciosas.
Vamos ter um Allgarve no Vouga? Ou uma Braga de visão betumada e a canudo enviesada? ou uma Viseu rotundamente enganada? ou um Porto sujo, atrasado, sem cultura e com aviões e carros de corrida? e uma Viana com Coutinhos prédios sem solução nem dissolução? ou uma linha de Sintra que é uma branca e fraca droga de qualidade de vida?
ou uma Coimbra encavalitada no seu Doutoramento podre e uma baixa tão baixa que vai caindo abaixo?
E mais exemplos daria, mas por falta de tempo e paciência vossa, vou deixar de agitar as águas da minha revolta!!!
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