As sementes... do futuro
Não experimentem lá em casa, mas podem ter a certeza de que, quando alguém se está a afogar, dificilmente presta atenção às características da vegetação das margens. Náufragos que somos, nestes tempos de águas agitadas e correntes fortes, sem referências nem boias de salvação, esbracejamos tentando manter a cabeça à tona, esgotados. Mas, algo se passa nas margens. Não estivéssemos demasiadamente cansados e perceberíamos o riso de gozo de quem parece deliciar-se enquanto nos afundamos.
Bruxelas prepara-se para regulamentar a troca de sementes. Isso mesmo. Algo que resulta da adaptação do homem ao meio, através de milhares de anos de experiências e que, como tal, é património da humanidade, pode ser limitado pela exigência de registo de patentes. A consequência prática duma medida destas seria (está a ser!), não só, a perda das espécies tradicionais, como a limitação do comércio de produtos aos que resultem das sementes patenteadas. E quem são os detentores dessas patentes? As grandes empresas agro-químicas, pois claro.
Já em 1984 a FAO calculava a perda da biodiversidade agrícola em todo o mundo, em cerca de 75%. "Até os anos 70, quando a agricultura industrial tomou o globo, cada espécie de planta tinha milhares ou mesmo centenas de milhares de variedades, nalguns casos cultivadas só por uma família. Na altura na Índia existiam perto de duas centenas de milhares de variedades de arroz. Hoje, apenas quatro variedades de arroz alimentam a maioria da população humana e na Índia estima-se que sobrem talvez 10% das variedades tradicionais" (Quercus). Se, durante algum tempo, tudo resultou do poder económico das grandes empresas e do modo como dominaram o mercado, a regulamentação que se anuncia representa uma clara interferência da União Europeia, tomando partido e assumindo um frete ao lado mais forte desta contenda.
Mas, há mais. Acrescentem-se as manobras pouco claras em que Bruxelas tem entrado para promover a privatização da água, veja-se a regulamentação já existente sobre diversas espécies, recordemo-nos do que esteve quase, quase quanto aos pesticidas e facilmente concluímos que a tal bandeira em prol do "comércio livre" foi remetida para a dispensa da história e que a União Europeia está apostada em facilitar uma monumental concentração de riqueza nos "bolsos" de alguns grupos e de alguns países. E quando lhe disserem que os sacrifícios que lhe estão a exigir são "inevitáveis"; que a privatização das "jóias da coroa" são caminho obrigatório para pagar a dívida... pense nisto. Não querem discutir o "pós-troika"?
Já em 1984 a FAO calculava a perda da biodiversidade agrícola em todo o mundo, em cerca de 75%. "Até os anos 70, quando a agricultura industrial tomou o globo, cada espécie de planta tinha milhares ou mesmo centenas de milhares de variedades, nalguns casos cultivadas só por uma família. Na altura na Índia existiam perto de duas centenas de milhares de variedades de arroz. Hoje, apenas quatro variedades de arroz alimentam a maioria da população humana e na Índia estima-se que sobrem talvez 10% das variedades tradicionais" (Quercus). Se, durante algum tempo, tudo resultou do poder económico das grandes empresas e do modo como dominaram o mercado, a regulamentação que se anuncia representa uma clara interferência da União Europeia, tomando partido e assumindo um frete ao lado mais forte desta contenda.
Mas, há mais. Acrescentem-se as manobras pouco claras em que Bruxelas tem entrado para promover a privatização da água, veja-se a regulamentação já existente sobre diversas espécies, recordemo-nos do que esteve quase, quase quanto aos pesticidas e facilmente concluímos que a tal bandeira em prol do "comércio livre" foi remetida para a dispensa da história e que a União Europeia está apostada em facilitar uma monumental concentração de riqueza nos "bolsos" de alguns grupos e de alguns países. E quando lhe disserem que os sacrifícios que lhe estão a exigir são "inevitáveis"; que a privatização das "jóias da coroa" são caminho obrigatório para pagar a dívida... pense nisto. Não querem discutir o "pós-troika"?
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