Iniciativa Cidadã pelo Desenvolvimento de Vouzela: urge deitar as mãos à obra
“(...) a paisagem da região lafonense, de tão acentuada beleza policrómica (...) pode distingui-la das regiões vizinhas. Os seus campos de cultura, xadrezados pelos comoros de divisão da propriedade, onde a vinha se abraça às árvores de fruto, e emoldurados ainda pelas matas de pinheiros, carvalhos e castanheiros que revestem as maiores elevações do terreno, oferecem, com efeito, ao turista um espectáculo sem dúvida interessante: um pequeno retalho do Minho perdido em plena região montanhosa da Beira Central”.
- retirado da edição feita pela Fundação Calouste Gulbenkian, 3º volume, 1985.
Era assim que Amorim Girão descrevia a paisagem de Lafões na 1ª edição do Guia de Portugal. Hoje, mantém-se a beleza, mas os estragos são já consideráveis. No dia em que a agricultura abandonar, de vez, a paisagem que desenhou, a vinha deixar de abraçar as árvores de fruto e o seu verde, conjuntamente com o dos carvalhos e castanheiros, deixar de ser dominante, passaremos a ter outra coisa qualquer, mas perdemos um dos nossos principais recursos. É preciso não ter receio de falar nos perigos para prevenir e evitar os seus estragos.
Na "Iniciativa Cidadã pelo Desenvolvimento de Vouzela", não houve receio e houve esperança. Falou-se na necessidade de rentabilizar o património natural e edificado, na defesa da produção de proximidade, no desenvolvimento de hábitos de cooperação, na oganização de parcerias, na urgência de proteger Lafões como "marca" reconhecida. Há mercado para Vouzela, mas não o há em Vouzela. Assim sendo, há que convencê-lo a cá vir. Mas convém recordar que estas conclusões já faziam parte do estudo feito pelo Instituto de Estudos Regionais e Urbanos da Universidade de Coimbra (IERU), já aqui comentado em... 2007! Talvez seja tempo de deitar mãos à obra.
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