sexta-feira, outubro 17, 2008

Duas ou três coisas sobre o Orçamento para 2009

. A gestão das medidas para ultrapassar a crise, vai ser feita pelos mesmos que a provocaram ou, pelos menos, se recusaram a ver a sua inevitabilidade. Não consta que os responsáveis locais e nacionais que apostaram num crescimento baseado na especulação imobiliária e no agravamento do consumo interno, se tenham demitido. Eles acreditam na nossa falta de memória. Valia a pena surpreendê-los, recordando-lhes algumas coisas que disseram e fizeram...

. Reflectindo a imagem do País que vai fazendo escola entre os nossos governantes, o orçamento olha, sobretudo, para o lado direito da A1, seguindo rumo ao Sul. Não se trata de uma imagem política. trata-se de constatar que algumas das principais preocupações da população do interior são, pura e simplesmente ignoradas, e que algumas das inovações se limitam aos residentes nos principais centros urbanos. Repare-se no incentivo ao pagamento de passes sociais pelas empresas, medida que se elogia e que pode, de facto, ter consequências significativas na circulação automóvel e no bolso das famílias. Quem vai beneficiar com ela? Nós não. Mas, também aqui, há que exigir mais das autoridades locais na reorganização dos serviços de transportes. Lembram-se de uma proposta feita pela vereadora Ângela Carvalhas para que o transporte escolar fosse gratuito? Foi recusada.

. No entanto, nem todas as portas estão fechadas ao Interior. Comentando as verbas destinadas ao sector que dirige, o ministro da Agricultura chamou a atenção para algumas prioridades: o olival, a hortofloricultura, a reconversão da vinha, floresta, sector das carnes e produtos tradicionais. Quanto ao olival, já sabemos que se refere ao que o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles chamou de “eucaliptal da azeitona”. Também sabemos que, para Jaime Silva, floresta é sinónimo de espécies de crescimento rápido. Mas, diz-se em bom português que “quem não arrisca, não petisca”.

. Uma das jóias da coroa deste orçamento, é o tal fundo para estimular o arrendamento. O futuro dirá se não estamos perante a criação, por parte do Governo, de uma oportunidade de negócio para as instituições financeiras. Apesar de ainda só existirem dúvidas sobre a sua organização, pode-se avançar, desde já, com uma certeza: os valores de mercado, ainda por cima num contexto recessivo, não vão cobrir grande parte dos empréstimos, sobretudo se tiverem pouco tempo de amortização. Sendo assim, o que sobra pode ser um grande "furo" para as instituições financeiras. E um grande buraco para os cidadãos.
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Oliveira de Frades e Vouzela não constam dos "beneficiados" pelo PIDDAC que aumenta a sua intervenção no Distrito.

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