sábado, março 01, 2008

Quem te avisa…

Sobre as cheias:

“(…)vão repetir-se, porque se tem aumentado a impermeabilização devido ao excesso de construção e continua a fazer-se más obras que impedem a circulação da água. E não se diga que a culpa é da intensidade das chuvas, nem é das alterações climáticas”.

Sobre a Reserva Ecológica e a Reserva Agrícola Nacional (REN e RAN):

“São poucas as pessoas que entendem o seu alcance, a importância que tem, para a comunidade, a preservação do território e da paisagem. O conceito de desenvolvimento aparece erradamente associado à produção de dinheiro a curto prazo, o que não é compatível com a boa gestão dos recursos naturais nem com a necessidade da sua renovação permanente”.

Sobre a agricultura e o incentivo à exploração intensiva dos olivais:

“Só não é sinónimo (de subdesenvolvimento) quando aparece por aí a agricultura intensiva, como a que veio, há uns anos, para Odemira [na Herdade do Brejão, do empresário Thierry Roussel, que produziu morangos em regime intensivo e entrou em falência, deixando os campos contaminado].

(…)

Aquilo é apenas negócio e falta de conhecimento de quem aprova estes projectos. Aquela olivicultura dura 10 anos, é uma espécie de eucaliptal de azeitona. Depois os empresários, que são sobretudo de Espanha e que trazem de lá os trabalhadores, vendem aquilo quando até as produções estão no auge. Mas depois caem abruptamente. Fazem como os alemães fizeram com os laranjais em Angola. Não podemos cair num jogo desses.”

A reflexão lúcida do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles, numa entrevista dirigida por Pedro Almeida Vieira e publicada na revista Notícias Sábado. A partir daqui.

3 comentários:

AJ@ disse...

Então e que diz ao futuro parque da feira semanal de Viseu que vai ocupar o leito de cheia do Rio Pavia e do Ribeiro de Santiago e que depois de terminado não será utilizado por um ano ou dois porque irá ficar e "quarentena”....
Imaginem construir uma casa, uma ponte ou uma estrada e deixá-la de "quarentena".

Ver em:
http://www.jornaldocentro.pt/?lop=conteudo&op=8efb100a295c0c690931222ff4467bb8&id=49129551dac6241eb7d1f601f058679b

Zé Bonito disse...

Sim, já tinha lido. A obsessão pela ocupação de espaço revelada pelos nossos autarcas já entra no domínio da patologia. Que projectos irão surgir para o anterior parque?

AJ@ disse...

Era um novo bairro e um espaço de uso público (indeterminado )mas agora dizem-nos que nada está decidido.