terça-feira, dezembro 11, 2007

Estamos feitos

(Foto: Guilherme Figueiredo)

. Ainda o encontro de Bali estava para arrancar e já se divulgava que Portugal não vai cumprir as metas definidas por Quioto. Claro que o nosso ministro que-se-não-existisse-tinha-que-ser-inventado, vê o problema por outro ângulo: Portugal vai cumprir, mesmo que para isso tenha que comprar direitos de poluição ao estrangeiro. É mais ou menos como quem compra as respostas de um exame para não ter que estudar. Pois...

. Analisada a situação nos diversos sectores, fica claro que entre 1990 e 2005 Portugal aumentou- e muito- as emissões de gases com efeito de estufa. Apenas duas excepções: agricultura e resíduos. A primeira porque quase não existe, os segundos porque, possivelmente, se produz e consome menos. Se nos recordarmos da publicidade que se deu ao menor número de fogos deste último Verão- quando, na realidade, isso só foi conseguido por ter sido excepcionalmente chuvoso- talvez consigamos encontrar a chave da estratégia ambiental de quem nos governa.

. Mas nem tudo é mau na avaliação do Plano Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC). De acordo com o "Público" (3 de Dezembro), 11 dos relatórios recebidos no Ministério do Ambiente são considerados bons. É verdade que das 41 medidas previstas no PNAC, apenas receberam relatórios sobre 28, mas também não sejamos tão exigentes. Até porque, como disse o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosas, “(...) o Governo tem andado muito ocupado com a presidência da União Europeia”.

. Uma das áreas onde as coisas estão a correr melhor, é a da energia. A electricidade produzida a partir de fontes renováveis atinge já os 37% e o objectivo para 2010 é chegar aos 45%.

. Directamente relacionado com isto, está o Programa Nacional de Barragens recentemente aprovado, que inclui a do “nosso” Pinhosão. Vale a pena conhecer os relatórios que o fundamentaram. E vale muito a pena ler o comentário publicado no “ambio” sobre esses relatórios (consultar aqui relatórios e comentário). Não ter em conta as consequências das alterações climáticas na disponibilidade hídrica futura, muito mais do que incompetência, pode indiciar que o Programa visou, sobretudo, objectivos da área da construção civil.
. É preciso estar atento aos estudos de impacto ambiental que venham a ser publicados e contrariar a tendência para a aprovação acrítica destas medidas ((atenção, a este respeito, à campanha que se anuncia de divulgação do País). Se assim não for, é fatal como o destino: estamos feitos!

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