segunda-feira, outubro 29, 2007

O "ranking" das escolas

Doisneau

Já tudo foi dito sobre o “ranking” das escolas e sobre a manipulação de que é alvo. Ao fim e ao cabo, tudo se reduz a problemas sociais e a condições que umas conseguem evitar e têm e as outras não. Mas talvez valha a pena olhar para estas listas como indicadores de uma geografia da exclusão que não só existe, como é fácil marcar num mapa. Não se trata de limitar tudo a uma espécie de determinismo que reduz os resultados escolares ao dinheiro, mas de perceber que os melhores resultados estão onde há mais condições, onde há mais emprego e, sobretudo, onde faz mais sentido ter bons resultados escolares, porque daí resultam vantagens. As reformas da escola fazem-se na economia e na sociedade.

Talvez por isso, a pressa com que a Ministra da Educação veio relativizar os números. Não interessa que se generalize a ideia de que a Escola está a ser usada como a única medida social de integração, em regiões onde a resposta do Estado se tem limitado a pagar a exclusão (o RSI não tem sido outra coisa)- repare-se no novo regime de faltas dos alunos. E não interessa, porque os resultados vão ser catastróficos: ninguém investe em algo (formação escolar) cujas vantagens não percebe, sobretudo se viver rodeado de referências (a família) que há muito deixaram de ter objectivos e que, mais do que viver, sobrevivem.

Mas o “ranking” pode ser o auxiliar de planeamento, se tal coisa houver. Por exemplo, escolhendo uma das muitas listas publicadas, vemos que a Escola de São Pedro do Sul ocupa a posição 188, a de Oliveira de Frades a 210 e a de Vouzela a 393. Comparando com outras listas, há pequenas diferenças que alteram a posição entre Oliveira e São Pedro- pouco significativo. Agora, como explicar a posição de Vouzela que no passado já obteve resultados bem melhores e que trabalha num meio com características semelhantes às dos outros dois concelhos? Pequenas respostas a dúvidas como esta, são o que verdadeiramente interessa e o que pode dar algum sentido a um “ranking” que tem tido um uso exibicionista de ataque pouco fundamentado à escola pública.

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