“Sem ordem, sem plano, sem qualquer consideração pelo espaço natural”
“(...)desde que muita gente, grandes empresas e autarcas em particular, perceberam que havia muito dinheiro a ganhar, acabaram as resistências – ainda se lembram de como as autarquias e as “populações” resistiam às eólicas que lhes estragavam a recepção das televisões? – e começou a competição por traze-las a tudo o que é monte e vento, sem ordem, sem plano, sem qualquer consideração pelo espaço natural. O problema não está nas energias renováveis, que são de apoiar sem hesitação, está, como em tudo, na combinação da ganância com o desenvolvimentismo, na pressa para ganhar dinheiro no primeiro sítio onde ele pareça poder ganhar-se, levando aos parques eólicos e às barragens o mesmo caos intenso que já conhecemos muito bem de todo o lado.”- Pacheco Pereira.
Pacheco Pereira já disponibilizou, no “Abrupto”, a sua crónica sobre o “toque de finados” da paisagem natural no nosso país (também disponível na edição de Sábado do "Público"). Dura, clara, triste, vale a pena ler. Entra até ao osso, nomeando responsáveis, confrontando-nos com o país de barracões em que nos tornámos e denunciando os perigos da anunciada avalancha de “obra verde”, credibilizada por esse novo profeta que é “o ecologista reconvertido aos negócios do ambiente”. Na verdade, a selvajaria com que se começam a espalhar parques eólicos, não é alternativa à selvajaria com que se espalhou cimento e eucaliptos pelo país. A alternativa está em acabar... com a selvajaria.
Só que, Pacheco Pereira, é o mesmo que defende ser necessário recolocar a questão do liberalismo na agenda, defendendo-o como solução para um “crescimento económico” que nunca mais arranca e para uma Europa que hesita. Estranho. Reduzir a intervenção do Estado e transferir para a esfera privada as questões do ordenamento do território, pressupõe aumentar a influência dos que têm poder económico, os mesmos que exploraram o mercado interno até ao tutano, agarrados ao lucro fácil da construção civil. Precisamente os mesmos que contribuíram para o “Portugal feio” que hoje somos, estejamos a falar da “Estrada Nacional número um”, ou do absurdo crescimento do Algarve. Convém não esquecer que mesmo os negócios feitos com a chancela estatal, desde as auto-estradas com traçados absurdos, até aos estádios de futebol, passando por mil e um projectos locais, do interior ao litoral, de Norte a Sul, beneficiaram, sempre, interesses privados. Ou não?
Pacheco Pereira já disponibilizou, no “Abrupto”, a sua crónica sobre o “toque de finados” da paisagem natural no nosso país (também disponível na edição de Sábado do "Público"). Dura, clara, triste, vale a pena ler. Entra até ao osso, nomeando responsáveis, confrontando-nos com o país de barracões em que nos tornámos e denunciando os perigos da anunciada avalancha de “obra verde”, credibilizada por esse novo profeta que é “o ecologista reconvertido aos negócios do ambiente”. Na verdade, a selvajaria com que se começam a espalhar parques eólicos, não é alternativa à selvajaria com que se espalhou cimento e eucaliptos pelo país. A alternativa está em acabar... com a selvajaria.
Só que, Pacheco Pereira, é o mesmo que defende ser necessário recolocar a questão do liberalismo na agenda, defendendo-o como solução para um “crescimento económico” que nunca mais arranca e para uma Europa que hesita. Estranho. Reduzir a intervenção do Estado e transferir para a esfera privada as questões do ordenamento do território, pressupõe aumentar a influência dos que têm poder económico, os mesmos que exploraram o mercado interno até ao tutano, agarrados ao lucro fácil da construção civil. Precisamente os mesmos que contribuíram para o “Portugal feio” que hoje somos, estejamos a falar da “Estrada Nacional número um”, ou do absurdo crescimento do Algarve. Convém não esquecer que mesmo os negócios feitos com a chancela estatal, desde as auto-estradas com traçados absurdos, até aos estádios de futebol, passando por mil e um projectos locais, do interior ao litoral, de Norte a Sul, beneficiaram, sempre, interesses privados. Ou não?
Existe consenso quanto à necessidade de investimentos de longo prazo. Investimentos estruturantes que funcionem como elementos disciplinadores, reduzindo gastos e abrindo, com tempo, novas áreas de negócio- nenhum deles muito apelativo, de imediato, para a iniciativa privada. Costuma haver unanimidade quanto ao exemplo da educação (quanto a mim, “começando a casa pelo telhado”, mas isso é outra conversa). Mas podemos falar da agricultura e dos produtos alimentares, da floresta, da distribuição, de uma nova gama de serviços para os mais idosos (incluindo o próprio turismo) e, também, das “energias alternativas”. Todos eles requerem investimento sem retorno imediato, alguns com uma componente social dominante (a agricultura, por exemplo), com ganhos que, a curto prazo, se “limitam” ao que permitem poupar nos “RSIs” e noutras medidas de apoio. Sobretudo, todos eles exigem que sejamos algo de completamete diferente do que temos sido. Será que há assim tantos “capitalistas desinteressados” dispostos a avançar? Não há. Pelo menos, enquanto existirem áreas mais fáceis onde haja “muito dinheiro a ganhar”. Onde o “laissez faire” permita quase tudo, “sem ordem, sem plano, sem qualquer consideração pelo espaço natural”.
1 comentário:
Atenção que agora se diz AllGarve. É como AllWithEolos (o nosso caramulo cheio de ventoinhas Eólicas), uma paisagem que de linda, passou a lunar, a explorada.
Não se faz!
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