quarta-feira, outubro 01, 2014

Histórias que por cá se contam-VI: A cova do Lobisomem

"A cova do Lobisomem é uma caverna pré-histórica, encontra-se na povoação de Cambra de Baixo, da freguesia de Cambra, situada na margem direita do rio Alfusqueiro. Acerca desta caverna, existe uma lenda, onde se fala que havia um fantasma  que de dia descansava na margem do rio, e de noite percorria sete freguesias. A situação desta caverna em relação ao rio, e o facto de ficar na parte externa duma curva deste, onde a erosão é portanto mais activa, levando a querer que ela tenha sido em parte escavada pelas águas.
Esta caverna consta de uma galeria, ou corredor cuja entrada mede 2.40m de altura por 2m de largura, indo estreitando gradualmente para o interior, conduzindo a uma vasta câmara de forma oval irregular por um estrangulamento onde a custo cabe um homem de pé, pois não tem de largura mais de 40 cm, tendo aliás 2.20m de comprimento.
A câmara, com cerca de 5m de comprimento por 2.50m de largura e outro tanto de altura, pode comportar 10 homens bem à vontade, O comprimento total incluindo galeria e câmara mede l8m.
Toda a caverna foi aberta em saibro muito rijo, quase tão consistente como o granito, tendo na parte superior da câmara um pequeno buraco totalmente tapado por uma cobertura de pedras roladas ligadas por um cimento arenoso e argiloso muito duro e incontestavelmente produto da indústria humana. O fundo está completamente obstruído de areia e pedras roladas.
Depois de feitas algumas escavações, demonstrou-se que as águas das cheias em sucessivas invasões, levaram quaisquer restos humanos que ali porventura tivessem sido depositados, enterrados, mas a prova irrefutável de que a caverna foi habitada tivemo-la nós, pela presença de pedras calcinadas e vestígios de fogo no tecto do recinto interior".
Fonte Biblio: CRUZ, Julio Lendas Lafonenses Vouzela, AVIZ / Clube de Ambiente e Património da Escola Secundária de Vouzela / ADRL, 1998 , p.29.

A lenda

Reza a lenda que em noites de lua cheia o lobisomem percorre as ruelas graníticas da povoação de Cambra, caçando quem apanhar desprevenido. As portadas das janelas fecham-se e as crianças escondem-se debaixo das mantas quando ouvem o tropel das suas patas na calçada. Mas que monstro é este que assim apavora as noites enluaradas?
Acontece que nas famílias da região, nas mais numerosas, era costume haver 7, 8, 9 e mais filhos... Se, ao chegar o sétimo filho, nascesse uma menina havia que chamar-lhe Custódia ou Benta e se fosse menino havia que pôr-lhe o nome de Bento ou Custódio. Mas, nem todas se lembravam ou então não acreditavam na maldição e assim lá lhe davam outro nome. Então, em todas as noites de lua cheia, essa criança, ao chegar à idade adolescente sofria uma terrível transformação: crescia-lhe os dentes e as orelhas, as unhas transformavam-se em garras e o corpo ficava coberto de pêlo negro e hirsuto... os olhos chamejantes vasculhavam o escuro, saltava de casa para fora, procurava as vítimas indefesas, caçava-as e depois arrastava-as para o seu esconderijo: uma gruta, na margem do rio Couto, perto de uma velha torre onde as devorava sofregamente! Testemunho disso são os ossos que por ali se iam encontrando e as paredes enfarruscadas da cova onde, nas noites mais frias, o monstro acendia uma fogueira para se aquecer.

- Retirada de Geocaching

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