Uma juventude sem vontade
A juventude da nossa terra é como as águas do Zela. Está cá, mas a maior parte das vezes está parada! |
Sou novo por aqui. Um novo elemento no Pastel de Vouzela. Talvez o mais jovem. Dou pelo nome de Rapaz da Senra. E por ser jovem, e preocupado com o rumo da minha terra, não posso deixar de mostrar o meu descontentamento pois apercebo-me que há muito desinteresse dos jovens da minha terra em querer ingressar em movimentos políticos.
É claro que a política não agrada a todos, e cada um é livre de escolher em que iniciativas “se meter”. Mas salta à vista a descrença. Como se o ambiente político que se vive fosse uma alavanca a funcionar ao contrário – “isto está mal e eu quero é afastar-me ainda mais!”. E funciona. A juventude mais qualificada de sempre da nossa região quer ficar longe da política. Essa distância que querem manter como que prepara uma outra distância, mais real e preocupante - o abandono da sua terra natal. E eu percebo! Mas desejava o oposto. Que houvesse vontade de não desistir de viver nas nossas terras.
Qualquer que seja o partido, sendo em prol das nossas terras, e livre das amarras da corrupção, da austeridade e do capital, é um meio para conseguir travar o desequilíbrio e empobrecimento a todos os níveis que se vive em Lafões.
Mas
falta a vontade dos jovens da nossa terra. As ideias novas e a força juvenil escasseiam. Precisa-se injectar novo sangue nas nossas autarquias. E não é “novo por ser
novo”, não é meter “juventude” a trabalhar nos municípios. É preciso
mais que isso. Muito mais. É necessário (urgente!) pensar em ideias e soluções
novas, projetos inovadores. Nem tudo envolve grandes quantias de dinheiro.
Cada
município de Lafões pode chamar a si o investimento, no entanto há (muitos)
riscos de nunca vir a ser aplicado esse investimento. A força de Lafões, com os
três municípios unidos - e não fundidos, pois sou contra o concelho de Lafões- é o futuro. Aceite-se ou não. O “orgulhosamente sós” já lá vai. Não faz sentido que os municípios puxem cada um por si e andem de costas voltadas.
Voltando
atrás… Apesar de tudo percebo a descrença dos jovens - a não
vontade de entrar, de certa forma, na vida política. Percebo-os! Mas
desilude-me essa descrença. A política faz-se por pessoas e para as pessoas. É
por ela que parte da nossa vida em sociedade se desenrola. As grandes decisões são tomadas em ambiente político.
Face
aos tempos que correm, é um ato de cidadania fazer parte de iniciativas capazes
de juntar pessoas em torno de objetivos que contraponham aquilo que se vai
fazendo de errado e injusto na esfera política e na governação. Mas
(muitos) dos jovens mais qualificados que a nossa terra tem querem é distância
da política. E devia ser ao contrário. Perante o rumo errante que as nossas
terras levam é nosso dever (de todos, dos jovens principalmente) lutar por mais
justiça para estas terras do interior. “Bater punho” como alguém diz por aí. Só
lutando, e temos de ser nós, é que se poderá conseguir melhor qualidade de vida
para a nossa terra.
Os
jovens que ainda resistem, e existem, por estas terras, são extremamente
necessários para criar novas dinâmicas! Venham à luta. Precisamos de ser nós a criar movimentos de cidadãos,
juntar pessoas, formar a chamada massa crítica, debater ideias, perceber o que
há de errado, pensar em novas soluções. Gerar alternativas. Desenvolver novas
iniciativas.
Queremos
as nossas terras a desaparecer?
Queremos
ver o interior a ser engolido pelo litoral?
Queremos
“Ah, eles que decidam, eu depois voto” ?!
Com
certeza que não!
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Esta é a estreia do Rapaz da Senra, o novo colaborador do Pastel de Vouzela. Mais um contributo, de outra geração,com que procuramos contribuir para que Vouzela e a região de Lafões seja alvo de reflexão. Deem-se, pois, as boas vindas ao Rapaz da Senra e que o "punho" não lhe doa, nem o ânimo lhe falte nesse empreendimento.
Pastel de Vouzela
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