sábado, março 20, 2010

REFLEXÕES PARA UM DIA DE CHUVA

Por razões diversas tenho estado afastado da escrita, mas hoje regressei e aqui ficam algumas reflexões:

1. Pelos vistos o PEC foi muito aplaudido pelo FMI e por essa figura incontornável do presidente da comissão europeia que dá pelo nome de Barroso (Cherne para os amigos) e que, como todos sabemos é uma autoridade neste tipo de planos, até que surja outro que lhe dê mais jeito. Infelizmente, quando os graves conflitos sociais que com a aplicação deste PEC irão inevitavelmente rebentar, estas sumidades não vão estar cá para levarem o que há muito andam a pedir. Um valente arraial de porrada.

2. Os políticos nacionais vão de mal a pior e todos os dias há casos que levam os portugueses a afastarem-se deles. A cena do secretário de estado da educação no Parlamento é de deixar qualquer um de boca aberta. Não sei se o homem é secretário ou subsecretário. Sub é de certeza. E o Lello e seus comparsas a fecharem violentamente os computadores dá que pensar. O Presidente da AR lá fez o seu papel em ambos os casos, só que no segundo quando referiu que os computadores eram propriedade do estado, deveria ter acrescentado que quem estraga paga. Mas isso já seria demasiado, até porque como se sabe, em qualquer situação quem paga é sempre o povo.

3. Sobre o congresso do PSD (ou será PPD/PSD) já muito foi dito e escrito, mas penso que ninguém referiu que os militantes daquele partido não representam a maioria do povo português, para quem Coelho não passa de um rapazinho convencido e pedante, Rangel um baixote bonacheirão e Aguiar até parece sério, mas é do Porto carago.Com estes três pode Sócrates dormir descansado.

4. Ouvi num telejornal que os portugueses se preparavam para limpar o país! Vai haver uma revolução? Vamos de novo a votos? Nada disso. Os portugueses vão limpar as lixeiras que vão proliferando um pouco por todo o lado, e até mostraram um caso no Algarve onde depositaram num terreno umas dezenas de sofás azulinhos todos iguais. Não deveria ser difícil às autoridades descobrirem a sua origem, mas não o fizeram e pelo menos trouxeram algum colorido á reportagem sobre o assunto. Pena foi que os sem abrigo não os tivessem descoberto.

5. As televisões andam mesmo com falta de assunto. Lá voltaram a passar as imagens sobre as inundações na Madeira e eu pergunto: não seria muito mais interessante fazerem uma reportagem para mostrarem o actual estado das coisas?

6. Ainda sobre a Madeira. Com a tragédia os “media” deixaram de falar no Sócrates; o Sócrates deixou de falar no orçamento da Madeira; o Jardim deixou de lhe chamar nomes e o Presidente elogiou a solidariedade entre os governos central e regional. Longe vão os tempos do Sr. Silva e do tenebroso Sr. Souza, ou seja há males que não vêem por bem mas sim na altura certa. Espera-se que as promessas sejam cumpridas ou o folclore madeirense vai reaparecer em edição revista e aumentada.

7. Vi e revi vezes sem conta a tragédia que se abateu sobre aquela bela ilha. As imagens impressionam e compreendo a dar profunda de quem perdeu as suas casas e sobretudo de quem perdeu os seus familiares. Mas a imagem que mais me impressionou foi a da postura das pessoas face à tragédia. Não vi lágrimas, nem gritos, nem desespero extremo. Vi vontade e força para recomeçar, vi coragem e confiança, vi na realidade um povo diferente e , como o outro, apetece-me dizer: eu quero voltar para a ilha!!!

8. Houve há uns meses atrás uma manifestação dos proprietários de carrosséis. Não sei se têm razão ou não mas vai ser bem giro ver qualquer dia as manifestações dos proprietários de carrinhos de choque, do “vai um tirinho oh jeitoso!!!”, do poço da morte e do comboio fantasma e dos vendedores de algodão doce e pipocas. No que toca a manifestações estamos conversados, a feira está instalada só que devia ser frequentada por todos ao mesmo tempo. Aí isto mudava mesmo.

9. Por razões que não vem ao caso tenho visto e mais ainda ouvido a novela da SIC “Perfeito Coração” e aquilo é um insulto aos telespectadores para além de por em causa os banqueiros, as polícias, a ASAE, os médicos, os serviços prisionais e não sei mais quantas instituições que para terem má fama não precisam de novelas. Entre muitas e várias ideias ridículas , há dois personagens octogenários a fazer “jogging” no estádio nacional, um mecânico a fazer um curso de massagem a cabeças, um cabeleireiro de bairro que trabalha à noite com DJ´s e muitas outras que não me ocorrem. E quanto ao português nem vale a pena falar, mas esta pérola não posso deixar de referir : “…não me vou embora sem saber nada do meu pai.” Talvez ela se fosse embora se soubesse alguma coisa sobre o pai.

10. A audição do Vara foi o que se esperava, isto é, fartou-se de gozar com a tropa. Na realidade as comissões parlamentares nunca serão as comissões de inquérito do senado norte americano. Por cá cada um diz o que lhe apetece e no fim o resultado é sempre o mesmo. Pelo menos dá algum protagonismo a quem delas faz parte o que pelos vistos em termos políticos é bom e compensa os enxovalhos.

11. Do tanto que se tem escrito e dito sobre as escutas, fico com o pé atrás sempre que atendo o telefone não vá o diabo tecê-las. É que os figurões têm sempre desculpa para tudo e dinheiro para os advogados, mas eu não me posso permitir a tanto luxo, daí que frases como “ é pior que o Pinóquio” “estou farto deste gajo”, “o tipo é um aldrabão”, “onde é que isto vai parar”, “mente com os dentes todos”, “é o chefe de um bando de parasitas” e outras relacionadas, podem nas escutas ser interpretadas como ofensas a qualquer excelência e como já disse não tenho dinheiro para advogados.

12. Foram anunciadas as candidaturas à presidência de M. Alegre e F. Nobre e eu eleitor penso: - o primeiro quando foi a votos estava claramente em oposição ao Sócrates, ou seja estava com a maioria do povo português como se viu nas eleições posteriores, mas agora tem alinhado com ele a menos que apareça a discordar do PEC; o segundo saiu das boas causas para abraçar as más, que, segundo ele, o deixarão de ser se for eleito, o que dá para desconfiar. Pelo menos uma coisa é certa: se perderem têm onde se ocupar e sempre é melhor termos um bom poeta e um médico altruísta que um mau presidente.

13. Vi há umas semanas atrás a apresentação do projecto do palco para a missa que o Papa irá celebrar no Terreiro do Paço. Irá custar uma pipa mas alguma empresa “mecenas” irá pagar. Não tenho nada a opor, mas já agora seria bom saber se as empresas que podem promover este tipo de coisas, sãos as mesmas que não pagam horas extras aos trabalhadores, congelam os salários etc., etc.. Mas estas visitas de Papas são sempre um manancial para os “media”, que irão explorar os mais ínfimos e desinteressantes detalhes, desde o que o homem veste, passando pelo carro e até ao helicóptero que o irá transportar. Para mim Papa será sempre um senhor vestido de branco que vive em Roma e que não recebeu a companheira de Sá Carneiro mas recebeu a Carolina Salgado.

14. Declarações na TV de um oficial da GNR sobre a queda da avioneta onde morreu um antigo capitão de Abril “…quando chegámos ao local encontrámos a avioneta partida ao meio e os dois corpos presumivelmente já cadáveres..” A prudência nunca fez mal a ninguém mas será que um oficial da GNR não consegue perceber quando alguém deixa de estar presumivelmente e passa mesmo a estar morto?

2 comentários:

MR disse...

:))

F. J. Branquinho de Almeida disse...

Foi uma "viagem" com boas coordenadas às realidades actuais do nosso descontentamento!!! lol