quinta-feira, abril 10, 2008

O mau ambiente da economia

Um belo dia, os mercados foram abertos à China. Sem exigências, sem contrapartidas- para quê? O mercado encarregar-se-ia de pôr as coisas nos eixos, diziam. Assim foi. Com custos de produção muito inferiores aos europeus (devido aos custos associados ao trabalho serem muito menores), os produtos asiáticos sufocaram a concorrência. Muitas empresas europeias fecharam, o desemprego disparou, teorizou-se a vantagem da “deslocalização”, ameaçou-se a mais simples reivindicação com o papão dos olhos em bico- e a "crise americana" ainda só estava no início. Na prática, criaram-se condições para o maior ataque aos direitos sociais desde a Segunda Guerra Mundial, acelerando o desmantelamento do “Estado Social”. Quanto aos trabalhadores chineses, lá continuaram na "cepa torta".

Recentemente, em Bruxelas, os líderes europeus entraram em conflito por causa dos custos da meta definida para a redução das emissões de dióxido de carbono. Receiam-se as consequências da “deslocalização”, já que algumas indústrias podem abandonar território europeu. A este respeito, o presidente da Business Europe (federação europeia de empresários), foi claro: entre 50 e 80 milhões de euros anuais é o que se calcula que venha a ser o agravamento dos custos de produção na Europa, com a aplicação do sistema de comércio de emissões de CO2. Os sectores mais afectados vão ser o cimento, aço, alumínio e o papel. Lembram-se do lançamento da primeira pedra daquela fábrica de papel que José Sócrates definiu como o modelo a seguir?

Deste modo chegámos aos domínios do paradoxo. A União Europeia vê a sua política ambiental refém da sua política económica. Na verdade, sempre se percebeu que os limites da primeira seriam determinados pelos resultados da segunda, mas havia uma margem para o faz de conta. Agora nem isso.

Sem comentários: