ESCREVER PARA O PASTEL DE VOUZELA
Ao aceitar, ou fazer-me convidado, para escrever no Pastel de Vouzela, confesso que não sabia que tinha obrigatoriamente de escrever sobre Vouzela.
Na verdade o que eu gostava era de falar da manifestação dos Professores e da cara de engeitadinha da senhora ministra. Mas não. É sobre Vouzela e mais nada. Acreditem que mesmo para quem quasi ali nasceu, andou na escolaa que agora é junta de freguesia, apanhou míscaros no caminho para a Foz onde ia tomar uma bela banhoca no rio Vouga e na volta apanhava uvas dos quintais limítrofes do caminho, não é fácil falar de Vouzela.
O que eu queria mesmo era dizer mal do Ministro da Agricultura e Pescas e da sua incompreensível posição sobre as cotas disto e daquilo, sempre subserviente a Bruxelas. Mas não. O tema é Vouzela. Vouzela é a melhor terra do mundo: calma, limpa e acolhedora que sabe manter e preservar os seus costumes (será que sabe?). Mas não consigo passar sem me rir da cara do Ministro da Economia e das suas bombásticas e cada vez menos credíveis declarações publicas, tratando-nos como atrasados mentais quando se refere ao aumento das exportações que face à crise mundial, toda a gente percebe que vão diminuir, ou que é mentira que a alectriciade em Espanha seja 30% mais barata que em Portugal. Pára Zé! O que interessa é Vouzela. Vouzela é o café da Dona Carlota, a vitela do Matos, a Fonte da Nogueira, o São Frei Gil, o Gamardo e as festas do Castelo. Mas o que é isto comparado com o Ministro das Finanças que diz que talvez já possa reduzir os impostos e no dia seguinte vem o outro e diz que quem fala em reduzir impostos é irresponsável? Então há ministros irresponsáveis no Governo? Calma, que o que interessa é Vouzela.
Vouzela é o centro de uma das regiões que se fosse espanhola seria um grandioso centro de atracção turística. Infelizmente para a população desta região e felizmente para os forasteiros(excepção feita ao facto de não terem onde dormir), Vouzela é assim há cinquenta anos, e é bom viver lá. Perdoem-me mas viver lembra-me construção e não posso deixar de pensar no Ministro das Obras Publicas. "Jamais, jamais", disse ele. Ontem era a Ota, hoje é Alcochete. Ontem eram as scuts sem portagens hoje passam a pagar, ontem isto, hoje aquilo e amanhã outra coisa completamente diferente.
Ah! Voltemos a Vouzela. Vouzela é a Vila que tem tudo para ser aquilo que não é porque os vouzelenses não querem que seja; francamente já não sei se estão certos ou errados, porque para fazer burrada está aí o Governo. Pronto lá estou eu de novo a falar do que não devo, mas não resisto a lembrar a trapalhada da reforma da saúde, que irá afectar Vouzela (boa, isto é sobre Vouzela) e do ridículo da proposta sobre a experiência piloto da venda de unidoses de medicamentos que já está em prática há dezenas de anos em dezenas de países, mas que à cautela vamos ensaiar numa farmácia hospitalar que ainda não existe e que, claro, nada tem a ver com o lobby das farmacêuticas. A propósito: Vouzela também são as figuras incontornáveis do Sr. Figueiredo, Dr. Telmo e do Dr. Simões (que merecia bem mais do que a rotunda a que deram o seu nome) e já agora do Dr. Arsénio que faz jus ao nome.
Mas amargo mesmo é o nosso primeiro. Ele grita, ele gesticula, ele faz o que quer e sobra-lhe tempo e esquecido da velha teoria do "oasis" vai apregoando que a enorme crise mundial que já começou e que dia a dia se agrava, não nos irá afectar porque ele tomou as medidas certas e como tal seremos um farol no meio do oceano revolto e o povão vai aguentando. Quem o viu e quem o vê. E aquela reunião do PS em que só se fala das coisas boas? E a proposta de lei sobre os "percings" e as tatuagens? Isto é que é democracia! Se fosse o Chavez chamavam-lhe nomes. E o outro que quer cobrar as quotas em dinheiro vivo? Vai ser fartar vilanagem. E o dos submarinos e das fotocópias? E o do Casino/Parque Mayer. Não há dúvida: deixem-me viver em Vouzela, se possível sem rádio, televisão e jornais, e serei um homem feliz.
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Nota: O problema das instalações hoteleiras de Vouzela teve, recentemente, uma evolução muito positiva (ver aqui). Isto prova que há iniciativa, há vontade, falta um projecto e uma estratégia.
5 comentários:
Não há dúvida, mais tarde ou mais cedo, tenho mesmo que voltar para Vouzela.
E venho eu aqui para ver, ler e saber coisas de Vouzela e seus pasteis de que tanto gosto e, afinal, neste caso, hoje encontro esta potilitiquice com a cassete de uso tão frequente noutros locais...
Ora bolas!...
No Pastel de Vouzela é assim: as diversas camadas de folhado, todas diferentes, dão aquele produto final que conhecemos. Depois, por muito que resistamos, há momentos em que a relação local/nacional se confunde.
Belo texto.
Cpts e pasteis.
Já li o post duas vezes e só agora percebi que o Zé era outro.:)) Pastel de vouzela- umaequipa que se reforça. Bons escritos.
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