sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Chamem-lhe metro de superfície

Os municípios de Viseu, S. Pedro do Sul, Vouzela, Oliveira de Frades, Sever do Vouga, Águeda e Albergaria-a-Velha, vão candidatar ao QREN a construção de uma Ecopista com uma extensão de 75 quilómetros. A obra tem um investimento previsto superior a 5 milhões de euros e terá como base a antiga linha do Vale do Vouga.

Os pormenores podem ser procurados no Notícias de Vouzela (clicar no nome), mas interessa também ler o comentário do Viseu, Senhora da Beira, a cuja opinião nos juntamos. De facto, a maior parte destas autarquias ou não percebe ou menospreza as consequências (inevitáveis, a médio-prazo) de estar completamente dependente do transporte rodoviário, sem resposta para as previsíveis dificuldades que lhe irão ser colocadas. Sobretudo parece não perceber ou menosprezar o jeito que nos dava o regresso do comboio, quer para enfrentar as limitações que se adivinham, quer como elemento de apoio a uma actividade turística capaz de satisfazer uma potencial clientela de elevado poder de compra, mas de idade cada vez mais avançada (ver aqui).

Nada temos contra as ecopistas, muito pelo contrário. Mais: se essa é a única forma de salvar um conjunto de “obras de arte” associadas ao antigo caminho de ferro, venha a Ecopista. Mas não temos quaisquer dúvidas de que esta seria a altura certa para reivindicarmos uma ligação ao litoral por via férrea. E se o comboio não soa suficientemente “modernaço” e pomposo aos senhores autarcas, chamem-lhe... “metro de superfície”.
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Já agora, se o objectivo da Ecopista também é animar um certo turismo, que sentido faz abrir bares que substituem visitas às localidades, vão estar fechados a maior parte do ano e vão representar custos adicionais?

2 comentários:

Victor Azevedo disse...

Assino por baixo.
Sem que condene essa coisa modernaça da ecopista, (aqui e neste caso, ocorre-me lembrar o "turismo do pé descalço"...) acho que a gente das Beiras deve sobretudo reclamar e fazer força pela volta do comboio, o mais barato, confortável e seguro transporte público que até hoje o homem descobriu.
Como foi possível deixá-lo extinguir em zonas tão importantes do nosso Portugal, é uma interrogação que sempre faço...

Zé Bonito disse...

"Como foi possível deixá-lo extinguir em zonas tão importantes do nosso Portugal, é uma interrogação que sempre faço..."

Essa é uma história que, com tempo, se irá revelando.