domingo, janeiro 06, 2008

Luiz Pacheco

- O principal é tu quereres.
- É.
- Quem tudo quer tudo pode.
- Dizem.
- Não há coisa mais bonita que uma pessoa cheia de boa vontade.
- Às vezes, acontece.
- E se depositam confiança na gente, temos de corresponder.
- Assim parece.
- Quando não, onde iria o mundo?
- Isso é que eu já não sei.
- Pois sei eu!
- Então, diz!
- Não é assim tão fácil.
- Mas sabias.
- Sabia. Mas nem tudo o que a gente sabe nos aproveita.
- Já o dizia a minha mãe, antes de morrer.
- Isso é o principal. Dizer tudo, antes de morrer. Dizer tudo e depois morrer.
(in, Exercício de conversação)

Não era destas bandas, nem sei se algumas vez provou um Pastel de Vouzela. Era das bandas todas, naquele jeito que alguns têm de fugir às fronteiras dos homens. Havia de gostar dos nossos pastéis. Morreu aos 82 anos, depois de dizer o que muito bem quis.

“(...) sou um tipo livre, intensamente livre, livre até ser libertino (que é uma forma real e corporal de liberdade), livre até à abjecção, que é o resultado de querer ser livre em português”.
(in, O que é o neo- abjeccionismo)

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Citações retiradas de Exercícios de Estilo, Lisboa, Editorial Estampa, 1971

1 comentário:

Anónimo disse...

Votos de que ainda tenham muito que dizer. Feliz Ano.