A apologia da mediocridade
O governo há muito cavalga a onda. Consciente de que a única forma de criar uma ideia de crescimento é recorrer a nova vaga de “betão”, lançou a já muito debatida ideia dos PIN e “agilizou” a aprovação dos PDM. Sucederam-se os casos: “Pescanova”, “Portucale”, Plataforma Logística de Castanheira do Ribatejo... O futuro dirá o que vai sair da cartola para “compensar” os municípios do Oeste perante a fuga do aeroporto.
A cada alerta dos ambientalistas, Basílio Horta, responsável máximo da Agência Portuguesa para o Investimento, lançou mão ao argumento. Seguiu-se uma significativa corte de jornais que não hesitaram em divulgar notícias pouco fundamentadas, embora já não tenham sido tão expeditos a publicar os esclarecimentos.
O que mais espanta em tudo isto, é os defensores da teoria não se aperceberem de que estão a fazer a apologia da mediocridade. Ou, pelo menos, não se aperceberem de que nós percebemos. Ao fim ao cabo, é como se reconhecessem que o país é tão miserável e os investidores tão “pindéricos” que não conseguissem suportar exigências mínimas de qualidade.
Por sua vez, é curioso notar que o argumento dos “custos” nunca aparece quando se trata de compensar erros. Portugal já por diversas vezes foi condenado em instâncias internacionais por não respeitar regras ambientais; a zona costeira portuguesa vai exigir intervenção de fundo para compensar anos de “vale tudo”; zonas de captação de água foram destruídas por obras mal planeadas... Alguém quer puxar da calculadora?
Ao contrário do que diz a malta da contabilidade, o desrespeito pelas questões ambientais é que é contrária aos interesses económicos. Foi assim que se criou um “tecido económico” de baixo valor acrescentado, virado para a especulação, logo, condenado ao fracasso. Foi assim que se chegou à situação actual.
Sem comentários:
Enviar um comentário