Vouzela e Tentúgal: dois pasteis, uma causa comum
Caiu-nos há tempos na caixa do correio, o curioso “mail” que transcrevemos tal como nos chegou:
“Porque não um post dedicado ao quase desconhecimento geral da população portuguesa face aos pastéis de vouzela versus pastéis de tentúgal, dado que estes são muito semelhantes na forma, mas os primeiros muito superiores em tudo o resto? Em miúda, os meus pais traziam para casa, de longe a longe, uns pastéis folhados deliciosos com um creme de ovos ainda melhor. Não morámos em Vouzela, por isso suponho que isto acontecesse quando por acaso por lá passavam. Quando fui estudar para Coimbra, senti uma enorme alegria ao verificar que os tais pastéis se encontravam nas montras de qq pastelaria. Não tardou muito que decidisse, numa tarde, pedir um desses pastéis para recordar... Foi a desilusão! Conheci os tentugais...Nunca mais comi um tentúgal, tal deve ter sido a desilusão que o meu estômago sentiu naquele dia. Mas hoje continuo a tentar saber onde é que é possível encontrar pastéis de Vouzela para além de Vouzela.”
A verdade é que tudo gira em torno de ovos, farinha, manteiga e açúcar- o resto bebe na imaginação, no gosto e no engenho de quem os criou. Ambos nascidos na rica doçaria conventual, são indiscutivelmente obras abençoadas que, pelo caminho da boca, nos enriquecem o espírito.
A semelhança aparente entre os pastéis de Vouzela e os de Tentúgal, sempre alimentou um conjunto de crenças pouco documentadas e uma rivalidade sem qualquer sentido- ao fim e ao cabo, a diversidade é, ela própria, a maior riqueza. Estratégias comerciais diferentes, provocaram um maior conhecimento dos que são feitos lá para os lados de Montemor-o-Velho e levaram muitos vouzelenses a defenderem promoção semelhante para os da terra. Puro engano. Como se conclui do escrito da nossa leitora, nem sempre o que está mais ao alcance nos oferece a melhor qualidade.
Saídos da inspiração das freiras do Convento das Carmelitas de Tentúgal, só muito tarde adoptaram o nome da terra como identificação. A proximidade de Coimbra permitiu-lhes beneficiar da divulgação feita por professores e estudantes universitários que, sobretudo a partir da segunda década do século XX, tinham por hábito visitar Tentúgal para provar a iguaria. Se nesta fase os benefícios conseguidos pela terra foram indiscutíveis, já o mesmo não se pode dizer da opção industrial. Hoje, encontram-se pasteis de Tentúgal em toda a parte, quase todos os portugueses os provaram, mas a verdade é que poucos os conhecem. Os verdadeiros. Esses, tal como os de Vouzela, só mesmo no local.
Os pasteis de Vouzela não são melhores, nem piores- são diferentes. Isso basta. Um dos produtos mais conhecidos da região, verdade se diga que não são satisfatoriamente conhecidos e divulgados por ela. A sua história está pouco estudada e a sua origem perde-se nas curvas do tempo, tal como o convento que os criou. É, pois, um dos principais veículos promocionais de Vouzela com considerável margem de progressão. Até porque se lhe disserem que os pode provar numa qualquer área de serviço, ou numa pastelaria fora da terra, desconfie. Os verdadeiros pastéis, de Vouzela e de Tentúgal, não têm conservantes, nem são compatíveis com a frieza da produção industrial. Ainda bem. Um bom motivo para nos visitar(em).
“Porque não um post dedicado ao quase desconhecimento geral da população portuguesa face aos pastéis de vouzela versus pastéis de tentúgal, dado que estes são muito semelhantes na forma, mas os primeiros muito superiores em tudo o resto? Em miúda, os meus pais traziam para casa, de longe a longe, uns pastéis folhados deliciosos com um creme de ovos ainda melhor. Não morámos em Vouzela, por isso suponho que isto acontecesse quando por acaso por lá passavam. Quando fui estudar para Coimbra, senti uma enorme alegria ao verificar que os tais pastéis se encontravam nas montras de qq pastelaria. Não tardou muito que decidisse, numa tarde, pedir um desses pastéis para recordar... Foi a desilusão! Conheci os tentugais...Nunca mais comi um tentúgal, tal deve ter sido a desilusão que o meu estômago sentiu naquele dia. Mas hoje continuo a tentar saber onde é que é possível encontrar pastéis de Vouzela para além de Vouzela.”
A verdade é que tudo gira em torno de ovos, farinha, manteiga e açúcar- o resto bebe na imaginação, no gosto e no engenho de quem os criou. Ambos nascidos na rica doçaria conventual, são indiscutivelmente obras abençoadas que, pelo caminho da boca, nos enriquecem o espírito.
A semelhança aparente entre os pastéis de Vouzela e os de Tentúgal, sempre alimentou um conjunto de crenças pouco documentadas e uma rivalidade sem qualquer sentido- ao fim e ao cabo, a diversidade é, ela própria, a maior riqueza. Estratégias comerciais diferentes, provocaram um maior conhecimento dos que são feitos lá para os lados de Montemor-o-Velho e levaram muitos vouzelenses a defenderem promoção semelhante para os da terra. Puro engano. Como se conclui do escrito da nossa leitora, nem sempre o que está mais ao alcance nos oferece a melhor qualidade.
Saídos da inspiração das freiras do Convento das Carmelitas de Tentúgal, só muito tarde adoptaram o nome da terra como identificação. A proximidade de Coimbra permitiu-lhes beneficiar da divulgação feita por professores e estudantes universitários que, sobretudo a partir da segunda década do século XX, tinham por hábito visitar Tentúgal para provar a iguaria. Se nesta fase os benefícios conseguidos pela terra foram indiscutíveis, já o mesmo não se pode dizer da opção industrial. Hoje, encontram-se pasteis de Tentúgal em toda a parte, quase todos os portugueses os provaram, mas a verdade é que poucos os conhecem. Os verdadeiros. Esses, tal como os de Vouzela, só mesmo no local.
Os pasteis de Vouzela não são melhores, nem piores- são diferentes. Isso basta. Um dos produtos mais conhecidos da região, verdade se diga que não são satisfatoriamente conhecidos e divulgados por ela. A sua história está pouco estudada e a sua origem perde-se nas curvas do tempo, tal como o convento que os criou. É, pois, um dos principais veículos promocionais de Vouzela com considerável margem de progressão. Até porque se lhe disserem que os pode provar numa qualquer área de serviço, ou numa pastelaria fora da terra, desconfie. Os verdadeiros pastéis, de Vouzela e de Tentúgal, não têm conservantes, nem são compatíveis com a frieza da produção industrial. Ainda bem. Um bom motivo para nos visitar(em).
1 comentário:
São efectivamente muito bons. Saboreio-os de quando em vez, no café frente ao pequeno museu, e o ambiente recolhido, a tradição imanente, o doce de ovos que escorre de entre a massa folhada, criam momentos de recatada guloseima.
E não os divulguem muito, porque se a procura for grande, perde-se na qualidade.
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