quinta-feira, julho 05, 2007

Cá vamos, cantando e rindo...

Ora aí está mais uma daquelas iniciativas que alivia a bílis e faz bem à pele. Os 7 maiores horrores arquitectónicos de Portugal! Iniciativa do “Público” que pediu a sete especialistas (Ana Vaz Milheiro, Jorge Figueira, Ricardo Carvalho, Manuel Graça Dias, Alexandre Alves Costa, José Sarmento Matos e Walter Rossa) para seleccionarem o que há de mais horroroso cá pelo canto. Como as escolhas eram muitas, acabaram por juntar 58 das milhares possíveis. Complicado.

Pena foi terem “urbanizado” a selecção, limitando a escolha à intervenção do arquitecto, já que isso deixou de fora aquele que deve ser apresentado como o “ex libris” do Portugal contemporâneo: o IC2, antiga Estrada Nacional nº1, exemplo maior da selvajaria, do desleixo, da ignorância. Depois, porque os antentados que mais doem estão na delapidação de espaços, cada vez mais ocupados por uma urbanização anárquica em “mancha de óleo”, e não nesta ou naquela obra individualmente entendida. Ora, os senhores arquitectos que me perdoem, mas pouco se têm feito sentir na construção de cidade. O que têm feito são edifícios, que é uma coisa completamente diferente. Independentemente da nossa opinião a seu respeito, os últimos espaços pensados da cidade de Lisboa foram as chamadas Avenidas Novas. “Então e o Parque das Nações?”- perguntam-me normalmente, sempre que me sai este desabafo. Serei, porventura, o único português que não morre de amores pela zona da moda lisboeta, mas no meu modestíssimo parecer, o Parque das Nações é um somatório de intervenções individuais, sem fio condutor, sem diálogo, em que o espaço é tanto mais agradável quanto menos construção/ intervenção tem. Parece que fez as delícias do especulador e acabará destruído por ele.

Economices

É mais do que evidente que não será por falta de soluções técnicas e científicas que a batalha contra as alterações climáticas será perdida. A esse nível já existem as respostas todas, desde alternativas aos combustíveis fósseis, até ao “sequestro geológico do CO2” (uau! Esta ouvi hoje e é fantástica). O problema vai estar na esfera da economia e da política. “Modelos de desenvolvimento”, “globalização”, “ameaça asiática”, vão ser argumentos esgrimidos nos próximos tempos, fazendo passar a ideia de que a via do futuro tem sentido único. É nesta área do “economês” que é preciso bater forte, impondo uma dimensão humanista num debate que querem limitado a números. Devia ser obrigatória formação em Ciências Sociais e Humanas, para todos os governantes, ao contrário da reforma do Ensino Superior que se adivinha.

Há muitas formas de ocupar o solo

Para os que pensam que o uso abusivo dos solos, fica resolvido com alterações ao nível da apropriação privada das mais-valias, deixamos aqui um exemplo das “prioridades” do nosso Primeiro- ministro que até já dirigiu a pasta do Ambiente. A confirmarem-se as previsões divulgadas pela BBC, mais de metade da população vai viver em cidades. Com as prioridades do nosso PM, chega lá mais depressa.

Dificuldade de expressão

A arrogância é uma característica que tem sido identificada em vários governantes, incapazes de explicarem à população as medidas tomadas. Saúde e Educação têm sido as pastas mais afectadas pelo “tique”, a que o próprio Sócrates não escapa. No entanto, o modo como o Ministro da Agricultura respondeu a um pescador de Peniche, que o confrontava com as consequências das directivas europeias, é má educação pura e simples. Talvez venhamos a ter o primeiro governo caído em desgraça por...dificuldade de expressão.

2 comentários:

Anónimo disse...

Entre a tua proposta do IC2 e as pedreiras espalhadas por todo o país, não sei qual será pior.

Zé Bonito disse...

Subscrevo.