Feira de Vouzela
Por iniciativa da Escola Básica Integrada de Vouzela e da Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões (ADRL), foi lançado o debate sobre a melhor forma de reanimar a Feira de Vouzela. Criada em 1307 por D. Dinis, respondendo a solicitações dos moradores, porque se “pobraria melhor esse lugar”, Vouzela viu a sua feira ser beneficiada, posteriormente, por D. João I e D. Manuel I, regulamentando localização, infra-estruturas de apoio, isenções e outros privilégios.
Hoje, a Feira de Vouzela reflecte não só as dificuldades por que passam as actividades económicas da região (sobretudo, a agricultura), como as consequências da aplicação da legislação comunitária a que muitos produtores tiveram dificuldade em adaptar-se (e que continuamos a aceitar acriticamente). No entanto, a feira tem uma função social a desempenhar e pode, até, ajudar a inverter uma tendência de abandono, de falta de apoio das actividades locais, de desprezo pela criação de marcas que, erradamente, tem sido o caminho seguido até agora.
Claro que já ninguém aguarda pelo montar das tendas em busca de novidades. Já ninguém precisa da feira para renovar a dispensa de produtos que, cada vez mais, são menos locais. Já ninguém marca o calendário à espera da animação dos dias de feira. Hoje, iniciativas destas fazem sentido integradas numa estratégia promocional de produtos... se houver produtos para promover. E é aqui que nos parece ser necessário repensar os objectivos da Feira de Vouzela, aprendendo com outras experiências da região (São Pedro do Sul, por exemplo) e em articulação com elas.
De facto, a continuação da Feira depende do dinamismo que ainda se consiga introduzir em actividades que se baseiem no que de mais seu tem Vouzela. Produtos agrícolas de qualidade (com uma enorme variedade de frutas quase extintas, com o azeite, o vinho e a aguardente que, por qualquer insondável mistério, nunca foi protegida), o pão, a doçaria e a gastronomia a partir de produtos locais, a tecelagem (de linho e de lã, com aproveitamentos possíveis como os conseguidos pelo Moinho da Carvalha Gorda), a indústria da pedra e de técnicas de construção adaptadas às características regionais, são simples exemplos que, se forem bem enquadrados e apoiados, parecem ter condições para se imporem. Mas, de uma vez por todas, é preciso perceber que as actuais exigências para certificações, divulgação de produtos e distribuição, não são acessíveis à maioria dos produtores locais. Apoiá-los nessa tarefa, deve ser o papel não só das associações, como também da própria autarquia, já que o sucesso das actividades tem reflexos no bem-estar das populações, na redução dos problemas sociais, no desenvolvimento económico local. Ajudar a propor a certificação de alguns produtos, criar parcerias para dar a formação necessária, participar activamente na sua divulgação, e apoiar a criação de redes de distribuição, não parece ser tarefa incompatível com as competências e com as possibilidades do poder local- muito pelo contrário.
Deste modo, a feira seria um momento de encontro e de divulgação de boas práticas, para onde seriam convidados representantes de iniciativas idênticas de outras partes do país. Quanto à necessária dimensão, talvez possa ser conseguida com uma nova periodicidade (talvez, quatro vezes por ano, relacionando-a com as estações, e com uma duração de vários dias) e juntando-a, por exemplo, a festividades que tradicionalmente já atraem muitas pessoas a Vouzela. Ao fim e ao cabo, mais não seria que o retomar da tradição, que associava as feiras a festas religiosas.
Hoje, a Feira de Vouzela reflecte não só as dificuldades por que passam as actividades económicas da região (sobretudo, a agricultura), como as consequências da aplicação da legislação comunitária a que muitos produtores tiveram dificuldade em adaptar-se (e que continuamos a aceitar acriticamente). No entanto, a feira tem uma função social a desempenhar e pode, até, ajudar a inverter uma tendência de abandono, de falta de apoio das actividades locais, de desprezo pela criação de marcas que, erradamente, tem sido o caminho seguido até agora.
Claro que já ninguém aguarda pelo montar das tendas em busca de novidades. Já ninguém precisa da feira para renovar a dispensa de produtos que, cada vez mais, são menos locais. Já ninguém marca o calendário à espera da animação dos dias de feira. Hoje, iniciativas destas fazem sentido integradas numa estratégia promocional de produtos... se houver produtos para promover. E é aqui que nos parece ser necessário repensar os objectivos da Feira de Vouzela, aprendendo com outras experiências da região (São Pedro do Sul, por exemplo) e em articulação com elas.
De facto, a continuação da Feira depende do dinamismo que ainda se consiga introduzir em actividades que se baseiem no que de mais seu tem Vouzela. Produtos agrícolas de qualidade (com uma enorme variedade de frutas quase extintas, com o azeite, o vinho e a aguardente que, por qualquer insondável mistério, nunca foi protegida), o pão, a doçaria e a gastronomia a partir de produtos locais, a tecelagem (de linho e de lã, com aproveitamentos possíveis como os conseguidos pelo Moinho da Carvalha Gorda), a indústria da pedra e de técnicas de construção adaptadas às características regionais, são simples exemplos que, se forem bem enquadrados e apoiados, parecem ter condições para se imporem. Mas, de uma vez por todas, é preciso perceber que as actuais exigências para certificações, divulgação de produtos e distribuição, não são acessíveis à maioria dos produtores locais. Apoiá-los nessa tarefa, deve ser o papel não só das associações, como também da própria autarquia, já que o sucesso das actividades tem reflexos no bem-estar das populações, na redução dos problemas sociais, no desenvolvimento económico local. Ajudar a propor a certificação de alguns produtos, criar parcerias para dar a formação necessária, participar activamente na sua divulgação, e apoiar a criação de redes de distribuição, não parece ser tarefa incompatível com as competências e com as possibilidades do poder local- muito pelo contrário.
Deste modo, a feira seria um momento de encontro e de divulgação de boas práticas, para onde seriam convidados representantes de iniciativas idênticas de outras partes do país. Quanto à necessária dimensão, talvez possa ser conseguida com uma nova periodicidade (talvez, quatro vezes por ano, relacionando-a com as estações, e com uma duração de vários dias) e juntando-a, por exemplo, a festividades que tradicionalmente já atraem muitas pessoas a Vouzela. Ao fim e ao cabo, mais não seria que o retomar da tradição, que associava as feiras a festas religiosas.
No entanto, uma coisa é certa: a dinamização da feira, será sempre uma consequência da reanimação da economia local. Para tal, é preciso acabar, de vez, com preconceitos que têm impedido que a autarquia, uma das maiores fontes de recursos de todas as pequenas regiões, colabore com a dinamização económica local. A verdade é que o fez onde não devia ter feito (promovendo a “política do cimento”) e não consta que os arautos do “livre mercado” tenham protestado. Tem agora a oportunidade para compensar o tempo perdido, sobretudo o nosso, na certeza de que o desenvolvimento de Vouzela ou é baseado no que tem de genuíno, ou... não há mercado que lhe valha.
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