quarta-feira, maio 16, 2007

Estes fogos que nos consomem

São dois textos publicados no início deste mês, dois textos que de algum modo nos mostram duas faces do mesmo problema. Ambos se referem ao desconforto que foi dominando as nossas cidades, à apropriação que se foi fazendo do espaço, sem rosto e sem alma, despromovendo o cidadão para a categoria de simples meio ao serviço de mesquinhos fins. Claro que temos que levar em linha de conta as particularidades que transformaram a especulação imobiliária na actividade económica de “excelência” do Portugal contemporâneo. Claro que temos de considerar as limitações existentes nas relações familiares, na educação... no que quiserem. Mas, se reconhecemos a importância do espaço em que vivemos na evolução do indivíduo, então as cidades, o “urbanismo” que temos, são o primeiro factor de perigo com que se confrontam as nossas crianças e jovens. Seguem-se os textos pela ordem da sua publicação (é só "clicar"):

- O J. foi baleado
- A paisagem global 1

De há uns anos a esta parte, quase adquiriu o estatuto de ritual. É daqueles acontecimentos com data certa, como o início da época balnear- é a “época dos fogos”. Repetem-se imagens e explicações. Denuncia-se o desleixo, reflecte-se sobre as particularidades do clima, lamenta-se o abandono dos campos. Uma vez por ano. Poucos se atrevem a reconhecer que uma floresta monocultural de resinosas e eucaliptos (perto de metade da floresta portuguesa), só serve para arder. Pela minha parte, todos os anos, por esta altura, penso no velho comboio do Vale do Vouga, durante muito tempo acusado de ser o incendiário da região. Foi-se o comboio, ficou o fogo e a estupidez dos homens. Mas também a lucidez de alguns que, como o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, deu à revista “Visão”, entrevista que se segue. Em 2003. Nada mais actual.

- Entrevista com Gonçalo Ribeiro Telles

1 comentário:

Anónimo disse...

se há desperdício de inteligências neste país, o que se tem feito com Ribeiro Telles é um exemplo disso. Autor de estudos que advertiram para os perigos que corríamos, ninguém lhe ligou. Um caso sério de ter razão antes de tempo.