Urgências
Confesso que me chega a “mostarda ao nariz”, sempre que oiço essa história do poder autárquico ser “a maior conquista do 25 de Abril”. Nas três décadas de experiência que já leva em democracia e embora reconheça as excepções, concedo-lhe dez anos (os primeiros), em que a maioria da “obra” se orientou pelo interesse dos munícipes e pela melhoria das condições de vida das populações. Depois... bem, depois vieram os dinheiros da Europa e começou a asneira: tudo valia para justificar financiamentos (lembram-se do que aconteceu à primeira geração das ETAR?). Não me esqueço que, há apenas 33 anos atrás, grande parte das nossas localidades não tinham água canalizada, rede de esgotos, electricidade. O problema é que também não ignoro que ainda hoje existem situações dessas, em municípios que não pouparam em “obra de fachada”, espalharam construção por todo o metro quadrado disponível, como se a população fosse aumentar 30 vezes e nenhuma outra utilidade tivesse a terra que não a de levar com casas em cima. À data do 25 de Abril, reconhecia-se a falta de cerca de cem mil fogos para enfrentar as necessidades da população. Hoje, calcula-se um excedente de cerca de 500 mil! Quanto ao resto, o país “transferiu-se” para o litoral, sem que os “legítimos representantes das populações locais”, como gosta de dizer o Dr. Ruas, tivessem “engenho e arte” para contrariar a deriva.
Quando falamos da reestruturação de serviços e no poder das localidades para os manter, também é disto que se trata. Sejam serviços de urgência, comarcas, escolas ou outros quaisquer. O poder reivindicativo de uma localidade, está directamente relacionado com a capacidade que tenha para fixar a população. Ora, dos três concelhos da Região de Lafões, se usarmos como referência o período compreendido entre 1996 e 2006, só Oliveira de Frades evitou a “sangria”, mantendo-se, no entanto, em números modestos. Por isso, não se estranha que o olhar dos decisores se tenha detido nos cerca de 20 mil habitantes do concelho de São Pedro do Sul (quase tantos como os de Oliveira e Vouzela juntos) e lá tenha idealizado o Serviço de Urgência Básico.
Falemos claro: do ponto de vista das necessidades da Região, a medida não faz sentido. Se tivermos em conta os acessos existentes entre as localidades dos três concelhos e entre estas e o Hospital de Viseu, é como se um habitante de Lisboa tivesse que ir a Leiria, para rumar ao Algarve- ofereça-se um mapa das estradas ao Ministério da Saúde! Agora, não se queira é fazer passar uma imagem de “santinho”, como se o poder autárquico não tivesse responsabilidades no assunto. Claro que tem. Não só porque sempre esteve à espera da “Divina Providência” para contrariar o êxodo, como nunca tomou a iniciativa de pensar Lafões como um todo coerente, racionalizando o investimento em estruturas de apoio e aumentando a capacidade reivindicativa face ao poder central. Já que é de "urgências" que se fala, urge colocar o ordenamento do território no topo das prioridades. É mesmo urgente!
Quando falamos da reestruturação de serviços e no poder das localidades para os manter, também é disto que se trata. Sejam serviços de urgência, comarcas, escolas ou outros quaisquer. O poder reivindicativo de uma localidade, está directamente relacionado com a capacidade que tenha para fixar a população. Ora, dos três concelhos da Região de Lafões, se usarmos como referência o período compreendido entre 1996 e 2006, só Oliveira de Frades evitou a “sangria”, mantendo-se, no entanto, em números modestos. Por isso, não se estranha que o olhar dos decisores se tenha detido nos cerca de 20 mil habitantes do concelho de São Pedro do Sul (quase tantos como os de Oliveira e Vouzela juntos) e lá tenha idealizado o Serviço de Urgência Básico.
Falemos claro: do ponto de vista das necessidades da Região, a medida não faz sentido. Se tivermos em conta os acessos existentes entre as localidades dos três concelhos e entre estas e o Hospital de Viseu, é como se um habitante de Lisboa tivesse que ir a Leiria, para rumar ao Algarve- ofereça-se um mapa das estradas ao Ministério da Saúde! Agora, não se queira é fazer passar uma imagem de “santinho”, como se o poder autárquico não tivesse responsabilidades no assunto. Claro que tem. Não só porque sempre esteve à espera da “Divina Providência” para contrariar o êxodo, como nunca tomou a iniciativa de pensar Lafões como um todo coerente, racionalizando o investimento em estruturas de apoio e aumentando a capacidade reivindicativa face ao poder central. Já que é de "urgências" que se fala, urge colocar o ordenamento do território no topo das prioridades. É mesmo urgente!
2 comentários:
É urgente o amor!
É urgente continuar...
Eugénio de Andrade
Uregente ou não, de amanhã até domingo vou estar aí em Vouzela,
a descansar um pouco após mês e meio de trabalho intenso para um
espectáculo de teatro. Agora vai ser o descanso do guerreiro na
aldeia de Covas, Fornelo do Monte, na casa dos meus avós!
Quem realiza o planeamento urbano?
E com que instrumentos?
Quem gere realmente o território?
Técnicos ou politicos?
É sabido que o crescimento de grande parte do nosso país, principalmente ao nível das autarquias, é regido segundo regras pouco explicitas.
As competências estão completamente indefinidas, e não se sabe afinal quem acompanha o quê, por onde passam as decisões.
E cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas, sem que ninguem ligue puto a tanta irresponsabilidade.
Bem haja a quem criou este blogue. Que seja um verdadeiro lugar onde se discutam estas e outras questões.. abraço
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