segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Locomotiva E181

Locomotiva E181 fotografada em Vouzela no dia 16-05-1972. 


sexta-feira, fevereiro 15, 2013

À atenção dos arquitetos locais e a pensar em certas obras que se anunciam

Repetimos um destaque, já aqui feito em 2009:  
"Acho que os meus colegas arquitectos pensam que somos todos parvos. Parece que é coisa da arquitectura contemporânea, aquela com “linhas modernas”, genuína da Bayer. Vocês sabem. As caixas brancas suspensas no ar. Eu cá não sei, mas parece que imaginamos o povo como uma cambada de tolinhos a “extasiar” perante as paredes brancas. Paredes não, paramentos, que é mais poético. Eis, então, tudo a extasiar perante os volumes hirtos no horizonte. Coisa linda"- A barriga de um arquitecto

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Escriptura de sociedade que entre si fazem o Presidente, Directores para a organização de uma Philarmonica d'esta Villa

A Banda em 1908. Ver a legenda da foto  aqui.

O documento que citamos (1), datado de 7 de Abril de 1872, é a escritura de constituição da sociedade que criou a "Philarmonica Vouzellense" que antecedeu a atual Sociedade Musical Vouzelense. Trata-se de um interessante registo não só para a história deste tipo de coletividades concelhias, como também para ilustrar o tecido económico e social da época. Numa altura em que se comemoram os 141 anos da Banda, aqui fica para recordar:

Saibam quantos esta publica Escriptura de contracto de sociedade virem, que no Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus [2] Jesus Christo de mil oito centos setenta e dois, aos 7 de Abril n'esta Villa de Vouzella, e meu cartorio, foram presentes, de uma parte o Excellentissimo João Telles de Loureiro, solteiro, proprietario de Vilharigues, na qualidade de Presidente, João Antonio de Figueiredo, solteiro, Recebedor d'esta Comarca, e Manoel d'Almeida Casaes, casado, negociante, moradores n'este mesma Villa, estes como directores, e da outra parte os socios Augusto José de Figueiredo, casado, sapateiro, com seu fiador, José manuel Serafim, solteiro, carpinteiro, cunhado do dito socio; Francisco Ferreira Pessoa, solteiro, funileiro, com seu fiador, o Reverendo José de Moraes e Carvalho, José Marques, solteiro, carpinteiro de Sampaio, com seu fiador, seu cunhado Augusto José de Figueiredo, já referido; Manoel Rodrigues Ferreira, casado, alfaiate, com seu fiador Antonio Teixeira de Figueiredo, carcereiro da Cadeia d'esta Villa; Ricardo José da Maia, solteiro, caeador, com o fiador seu pae Antonio d'Almeida Paçarico, pedreiro; Bruno José d'Almeida, solteiro, espingardeiro, com o fiador seu pae José Bernardo d'Almeida, casado, official de diligencias; José Ferreira Sequeira, caeador, com seu fiador o predito socio Augusto José de Figueiredo; José Maria da Silva, solteiro, official de alfaiate, com seu fiador Joaquim d'Almeida, casado, sapateiro; Thomaz da Gama e Mello, solteiro, offucial de sapateiro, com seu fiador José Marques d'Almeida, casado, jornaleiro; e Domingos Simões Marques, solteiro, official de alfaiate com o fiador seu pae Marcellino Simões, casado, jornaleiro, estes dois socios menores de vinte e um annos, mas maiores de quatorse, todos os outros bem como os fiadores de maior edade, e Marcellino Corrêa, solteiro, lavrador, com seu fiador seu pae José Corrêa, casado, lavrador, ambos de maior edade, todos moradores n'esta Villa, meus conhecidos e das testemunhas ao diante nomiadas e assignadas, de que dou fé. Por todos os socios, directores e Presidente foi dito que tinham resolvido criar uma Philarmonica denominada =Philarmonica Vouzellense= não só para se recriarem, mas para tocarem aonde forem convidados, mediante qualquer ajuste: Que esta sociedade é feita pelo tempo de dez annos, podendo, depois d'este tempo, continuar a mesma sociedade com os socios que quizerem continuar, ou outros que de novo entrarem. Pelo Presidente foi dito que tomava sobre si a guarda do regulamento original, dando depois uma copia autentica [2 v.] para a direcção; e quando algum socio der cauza a que seja precizo por o regulamento em juizo serão todas as despesas feitas a custa daquelle que der cauza; que qualquer certidão que seja pedida a requerimento de parte, será paga por quem a pedir; os socios e seus fiadores ficam sugeitos a quaes quer despesas que os directores façam com os instrumentos e outros objectos necessarios. Pelos directores foi dito mais que se obrigavam a tomar sobre si a direcção da presente Philarmonica tomando cada um a seu cargo a direcção seis mezes cada anno, salvo para casos que sejam precisos ambos de dois; quando porvintura não possa cumprir aquelle a quem pertença officiará um ao outro para fazer as suas vezes, e no caso que nem um nem outro possam, de accordo com o Presidente nomiarão interinamente quem suas vezes faça. Que os socios muzicos, por si e na qualidade indicada, se obrigão mais a observar o regulamento que se acha asignado pelo Presidente o Excellentissimo João Telles do Loureiro Cardoso de Figueiredo e Almeida: E pelos directores João Antonio de Figueiredo e Manoel d'Almeida Costa Casaes, que é escripto em oitavo de quinze folhas contendo cincoenta e quatro artigos que n'este acto foram lidos perante todos [sic] e que tambem vão assignados por todos e que hade ser transcripto no traslado d'esta Escriptura, ficando d'elle fazendo parte, pois fica sendo sua lei e como tal o reconhecem para todos os effeitos legaes, independetementemente [sic] d'outra qualquer formalidade; e bem assim pelos ditos socios muzicos e seus fiadores, foi mais dito que não só se sugeitavam ás condições que ficam estipuladas e ao regulamento, mas a qual quer alteração que seja precisa fazer-se sendo approvada pela direcção e maioria dos socios. E pelos mencionados directores foi mais dito que se obrigavam a bonar [sic] toda e qual quer quantia necessaria para a mesma, mas sim qualquer socio que tenha meios terá de pagar o seu instrumento d'entro do pago alias do praso de meio anno, e aquelle que não tiver ser-lhe-ha descontado nas cotas que tiver havendo cofre. E n'este acto foi tambem presente Domingos Rodrigues de Sequeira, solteiro, maior, official, digo maior, Secretario da Administração d'este concelho, e morador n'esta Villa, [3] que disse aceitava de Secretario da presente sociedade, tomando a seu cargo as obrigações que lhe são impostas no regulamento já mencionado. E por todos o Excellentissimo Presidente, directores, socios e fiadores mencionados foi outro sim dito que acceitavam esta Escriptura na sua forma com todas as condições e obrigações n'ella impostas, sugeitando-se todos ao inteiro cumprimento d'ella sob a obrigação de sua pessoa e bens. Assim o disseram, acceitaram e outorgaram e eu acceitei a bem dos auzentes a quem tocar possa, sendo testemunhas presentes a este acto José Agostinho Ferreira, casado, proprietario, e José Augusto Ferreira, casado, alfaiate, ambos maiores e d'esta Villa, e a rogo dos que não sabem escrever assigna Alfredo Augusto Ferreira e Silva, solteiro, professor do insino [sic] primario em Rio Muinhos e actualmente residente n'esta mesma Villa, a quem rogaram para o fazer, que todos assignaram depois de lida por mim Manoel da Silva Tavares Junior, Tabellião publico de Notas, que Escrevi e assignei em publico e raso.
                                              
Em test.º MSTJ de verd.e
O T.am Manoel da Silva Tavares Junior

João Telles de Loureiro Cardozo de Figueiredo e Almeida
João Antonio de Figueiredo
Manoel d'Almd.ª Costa Casaes
Domingos  Rodrigues de Sequeira
Augusto Jose de Figd.º
Jose Marques
Francisco Ferreira Pessoa
Thomaz da Gama e Mello
Joze Marques de Almeida 
Domingos Simões Marques
Marsalino Simois
Ricardo Joze da Maia
João Ferreira Sequeira
Bruno Joze de Almeida
Jose Bd.º de Almd.ª
P. e  Jose de Moraes Carvalho
Jose Maria da Silva
Manoel Roiz Ferr.ª
Antonio Teixr.ª de Figd.º

A rogo,
Alfredo Augusto Ferreira da Silva
Jose Augusto Ferreira

J.e Agostinho Ferr.ª   
______________________________
(1)- Os nossos agradecimentos à Dra. Raquel Ferreira que nos cedeu o documento.

sábado, fevereiro 02, 2013

Um exemplo a seguir

O Município de Vendas Novas (...), manifestou-se contra a privatização da “água e resíduos” tendo enviado para a ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses um parecer desfavorável sobre esta matéria. Esta opinião foi formada depois da análise do projeto de decreto-lei que altera o “regime jurídico dos sistemas multinacionais de captação, tratamento e distribuição de água para consumo público, de recolha, tratamento e rejeição de efluentes e de recolha e tratamento de resíduos” e sobre a proposta de lei que procede à alteração do “regime jurídico dos serviços municipais de abastecimento público de água, do saneamento de águas residuais e de gestão de resíduos urbanos”- Ler toda a notícia

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Foto grafias

Foto de Guilherme Figueiredo, 2012

Nunca faltaram fotógrafos por estas paragens e talvez não seja por acaso. Homem e natureza juntaram-se, durante séculos, criando uma paisagem tão rica de pormenores que nos leva a entender cada momento como único e irrepetível. Por isso, somos tentados a guardá-lo. São ângulos para que se olha mil vezes e mil vezes nos apresentam algo de novo. Guardemo-lo, pois. Mais uma vez.


domingo, janeiro 27, 2013

Ora aí está

A imagem é má, mas fica a intenção. Notícias Magazine de 27 de Janeiro de 2013 e a coisa apresentava-se assim: "Vouzela, Paris, Porto, Lisboa... Não importa onde. As coisas boas acontecem em qualquer lugar (...)". De seguida, o destaque era para o Festival de Imagem de Natureza. Pois claro. Não basta estarmos no mapa. É preciso que ele esteja aberto no sítio certo.

sexta-feira, janeiro 25, 2013

Um grande evento e uma importante lição

É já este fim-de-semana que se realiza, em Vouzela, o III Cinclus- Festival de Imgem de Natureza (consulte o programa, aqui). Criado pelo "nosso" João Cosme, é um exemplo das iniciativas que podem ajudar a promover a região e a contribuir para se organizar um calendário de atrações equilibradamente distribuído por todo o ano.

Não alimentemos ilusões. Os pasteis de Vouzela são um marco do nosso património gastronómico há muito reconhecido, mas não chegam para garantir um fluxo satisfatório de visitantes com significativo impacto nas algibeiras locais. O salto que é urgente dar, tem que encarar Vouzela, ela mesmo, como o principal "produto", com diversos centros de interesse associados às suas muitas potencialidades e com oferta bem distribuída, de modo a evitar as limitações da sazonalidade. Gastronomia, paisagem, património edificado, atividades tradicionais, podem servir para muito mais do que para animar passeios turísticos em épocas de temperaturas amenas.

Recorrendo a um dos muitos estudos sobre estas coisas, 60% do fluxo turístico mundial está relacionado com viagens e lazer, enquanto as deslocações associadas a questões profissionais, interesses de formação, etc., representam os restantes 40 %. No entanto, os que participam em "congressos, convenções e feiras, realizam uma despesa média três vezes superior à de um turista comum (...)".É este último "nicho" que está quase inexplorado em Vouzela e em que se integra o Festival de Imagem de Natureza.

Pois é. O João Cosme serve-se, legitimamente, da sua qualidade profissional, para convidar gente das mais variadas paragens a percorrer as nossas matas, as margens dos nossos rios, a riqueza das nossas quintas, para apreciarem a nossa biodiversidade. Depois, junta-os num encontro anual que já vai na sua terceira edição. Compram pasteis, provam a vitela, falam com as nossas gentes. Alguns vêm de véspera, muitos regressam. É, de facto, um grande evento, mas, sobretudo, uma enorme lição. Para quem quiser aprender.