A locomotiva a vapor E96: Aquilo que para nós foi sucata sem valor, foi classificada Monument Historique pelos franceses
Imagem da locomotiva na atualidade (wikipédia)
A data exata de aquisição desta locomotiva pela Compagnie Française por la Construction et Exploitation de Chemins de Fer a L'Etranger não é totalmente conhecida, mas já estaria em funcionamento na empresa em 1913 (segundo alguns registos de manutenção). Faz parte da série E91 - E97 que a empresa sempre tratou como sendo da marca Orenstein & Koppel, no entanto, duas delas são Decauville's (E93 e E95). Sabe-se hoje em dia que houve algumas trocas de contratos e que teriam sido construídas pela Koppel mas sob licença Decauville que terá fornecido os desenhos e até algumas peça.
A E96 é seguramente de construção Koppel, no entanto, fontes francesas referem que alguns componentes têm gravado um "D" (de droite) e um "G" (de gauche), siglas essas que não têm correspondência nem na língua alemã (origem da Orenstein & Koppel que a fabricou), nem na língua portuguesa (que a adquiriu e manteve). Consideram assim que também esta foi fabricada sob licença Decauville.
Independentemente da sua construção, o que é facto, é que foi adquirida pelas linhas do Vale do Vouga. Manteve-se na empresa até à nacionalização de 1946.
Já na vigência da CP, foi transferida para a Linha do Tâmega em 1974.
Em 1978, a CP considerou que não tinha qualquer interesse e, a exemplo do que fez com outras locomotivas a vapor, vendeu-a ao MTVS (Musée des Tramways à Vapeur et des Chemins de Fer Secondaires Français) que a manteve em funcionamento.
Edição: Musée des Transports de la Vallée du Sausseron (Gare de Valmondois)
Coleção: Carlos Pereira
Aquilo que para nós foi sucata sem valor, foi classificada Monument Historique pelos franceses em 31-12-2002, o que garante a sua preservação.
A "Castella Cigars" numa coleção de 30 cromos que editou, intitulada In search os Steam publicou uma imagem desta locomotiva em pleno funcionamento.
Coleção: Carlos Pereira
A cor original da locomotiva era preta. Desconheço se a locomotiva foi pintada de verde ainda na vigência da CP ou se foi uma pintura posterior.
Como dizia a minha avó, "o lixo de uns é o tesouro de outros". É uma pena que, no que toca a comboios, sejamos sempre os "uns" e nunca os "outros". Resta-nos a consolação de saber que está em boas mãos, a locomotiva que tantas vezes cruzou a nossa terra e tantos vouzelenses transportou.
1 comentário:
Magnífica reportagem da nossa
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