Sobre a região de Lafões ou um modesto contributo para avivar a memória
Não nos cansamos de citar Amorim Girão (1) quando definiu Lafões como "um todo homogéneo e correspondendo (...) a uma verdadeira região natural". Já nessa altura se insurgia, o Professor, contra uma divisão administrativa "apostada em retalhar e descaracterizar o que de mais profundamente nacional existe no nosso país", contribuindo para o esquecimento de "antigas designações regionais, correspondentes a outros tantos organismos bem individualizados, cujos aspectos dominantes assumem (...) um cunho próprio, que por vezes se revela tanto na constituição geológica dos terrenos e nas formas do relêvo e do clima, como nas diversas manifestações da actividade humana e da vida económica". Hoje, retirem-lhe a especificidade das "diversas manifestações da actividade humana e da vida económica" e o resto está lá todo. Até a necessidade de lutar contra o esvaziamento da memória.
Lafões tem características geográficas bem definidas e uma história razoavelmente conhecida. Quem procura saber algo a respeito de vinho para além da quantidade que lhe enche o copo, sabe não ser por acaso que, num espaço relativamente pequeno, existem qualidades tão diferentes como o Dão e o Lafões. São os ditames da "Mãe Natureza" que criaram condições próprias de solo e clima, orientadoras da vida dos homens ao longo dos séculos e ainda hoje presentes nos aspetos mais pitorescos da paisagem e... na "febre" dos mirtilos.
Lafões tem características geográficas bem definidas e uma história razoavelmente conhecida. Quem procura saber algo a respeito de vinho para além da quantidade que lhe enche o copo, sabe não ser por acaso que, num espaço relativamente pequeno, existem qualidades tão diferentes como o Dão e o Lafões. São os ditames da "Mãe Natureza" que criaram condições próprias de solo e clima, orientadoras da vida dos homens ao longo dos séculos e ainda hoje presentes nos aspetos mais pitorescos da paisagem e... na "febre" dos mirtilos.
Claro que nos podem dizer que a designação "Lafões" de pouco serviu, até agora. As direções camarárias pouco ou nada dialogam (apesar de serem do mesmo partido), o património comum é ignorado, o território é entendido como área fechada em fronteiras rígidas, em vez de recurso partilhado. Perderam-se produtos característicos, desapareceram atividades, descaracterizaram-se muitos espaços e, por tudo isto, perdeu-se gente. Mas as especificidades naturais lá se mantêm, como um diamante em bruto à espera de quem o saiba trabalhar.
Aqueles que olham para a região limitados ao que há em vez do que queremos que haja e menospresam a sua afirmação, devem ser coerentes e alargar os horizontes de análise ao todo nacional. Também ele pouco produz, perde serviços e mostra-se incapaz de manter a sua juventude mais qualificada. Apliquem-lhe, então, os mesmos critérios que levam a desvalorizar Lafões e tentem responder: que sentido faz?
Aqueles que olham para a região limitados ao que há em vez do que queremos que haja e menospresam a sua afirmação, devem ser coerentes e alargar os horizontes de análise ao todo nacional. Também ele pouco produz, perde serviços e mostra-se incapaz de manter a sua juventude mais qualificada. Apliquem-lhe, então, os mesmos critérios que levam a desvalorizar Lafões e tentem responder: que sentido faz?
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1 comentário:
Novamente, o Pastel Vouzela faz um reflexão muito acertada, com a qual concordo plenamente.
Mas o problema em Lafões é um problema presente noutras regiões, é um problema nacional. Não se planeia, não se gere, não se "pensa" o território de uma forma integral e complementar.
Há planeadores do território? Sim, até um Ministério que inclui o "Ordenamento do Território". Há Planos Nacionais nesta área? Sim, até chegar ao nível municipal com os PDM. Os critérios basilares - que poderão ser designados de "base teórica" e com origem académica, estão maioritariamente de acordo, face àquilo me apercebo no estudo destas matérias, com todos estes conceitos de gestão integrada e complementar com respeito pelo que há de característico no território.
Mas, mas há sempre um "mas", não se vê qualquer, ou vê-se pouca, aplicação desses conceitos. A lei existe mas é contornada. E o território cresce, ou diminui e definha, à mercê dos interesses de alguns - que não são de todo os que realmente pretendem!
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