Há quem não vá ter direito a uma única linha na nossa História, mas ocupe demasiado tempo a dar-nos cabo da paciência
"Ando, aqui por Oliveira de Frades, um pouco de cara à banda, porque olho
para o meu país e sinto-o, perigosamente, dividido em dois: de um lado,
uma concentradíssima faixa litoral, do outro, grande parte do
território a definhar, a perder gente, a desertificar-se. Este é o
dilema que quero desvendar: porquê? (...) Se tenho saudade dos Afonsos e dos Sanchos, do Dinis, que começaram a
construir uma nação da serra ao mar, com forais, com póvoas marítimas,
com feiras, com mecanismos de atracção e fixação de pessoas, recordo
também Pombal que pensou em Lisboa e sua reconstrução, depois do
devastador terramoto de 1755, mas não esqueceu Vila Real de Santo
António e o seu pescado, a Covilhã e a tecelagem, o Douro e Carcavelos e
os vinhos, a Marinha Grande e os vidros... Da outra malta que para aí
tem andado, na Monarquia e na República, quase nem me lembro a este
respeito. Talvez Fontes Pereira de Melo, em parte. Pouco mais.
Imputo a essa gente que não tem cuidado a sério do meu país a
responsabilidade por este desastre nacional"- In, Um país desalinhado, Frei do Gozo.
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