quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Os números do nosso turismo ou a canjinha feita com a galinha dos ovos de ouro


A Câmara Municipal de Vouzela divulgou alguns números da actividade turística do concelho em 2010. Na sua página online pode ler-se que se registaram 10700 entradas no Parque de Campismo, 3500 participantes nos percursos pedestres, 3800 solicitações feitas no Posto de Turismo, 11500 visitantes no Museu Municipal, para além de todos os que participaram noutras iniciativas como a Doce Vouzela, Festas do Castelo, Alameda com vida, etc.. Bonitos números, sim senhor. Mas, salvo melhor opinião, a permitirem conclusões um pouco diferentes das tiradas pela senhora vereadora Eugénia Liz.

De facto, se reconhecemos as potencialidades do nosso património natural e edificado (o que, aliás, só confirma as conclusões de estudos encomendados pela autarquia local), como compreender que esses não sejam os principais elementos estruturantes de toda a intervenção no território? Como compreender que não se protejam marcas da nossa identidade, como as construções em pedra? Como entender a dificuldade em lançar uma campanha de recuperação de edifícios degradados? Que dizer da apatia perante o abandono de actividades que muito contribuiram para a organização da nossa paisagem, como todas as que dizem respeito à agricultura e à pastorícia?

Sim, é verdade que promoveram os percursos pedestres, organizaram iniciativas como a "Doce Vouzela", mantiveram os níveis de qualidade do Parque de Campismo. Mas, o poder de atracção de tudo isso, está na beleza do que existe, da envolvente que se vai deixando ao deus dará, assim como alguém que mata a galinha dos ovos de ouro para se deliciar com uma modesta canjinha. Será que é por não custarem um cêntimo que as iniciativas de preservação são ignoradas pelos nossos "responsáveis"?

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