A propósito do novo edifício para a Banda de Vouzela
Longe de nós querer "meter a foice em ceara alheia" e pôr em causa a necessidade de novas instalações para a Sociedade Musical Vouzelense (SMV). Pela sua história e serviços prestados, merece tudo. Do que duvidamos, é da continuação desta "lógica" de optar, sempre, por construir novo, em vez de recuperar.
Quando, em finais dos anos 50, os irmãos Pimenta (conhecidos emigrantes vouzelenses no Brasil) fizeram uma importante doação para o "Prédio das Colectividades", a ideia era juntá-las (banda, bombeiros e "Vouzelenses") em instalações comuns. Quando a obra acabou, rapidamente se percebeu que o projecto inicial não era adaptável às necessidades de todas e, a pouco e pouco, acabou por ficar limitado a instalações dos bombeiros.
Mais tarde, foi a vez de "Os Vouzelenses" conseguirem a sua sede. Quem a conhece, sabe que é insuficiente e pouco funcional, não permitindo, sequer, que o arquivo do clube esteja devidamente protegido.
Em qualquer destes exemplos (há mais!) costuma falar-se em deficiente planeamento, mas, pela nossa parte, limitamo-nos a um argumento mais básico: falta de dinheiro. Ela condiciona qualquer projecto e, antes disso, qualquer projectista. Depois, acaba-se por fazer "qualquer coisinha", obra nova ocupando terrenos e capitais, inaugurada com pompa e circunstância mas que, pouco tempo depois, não chega para as necessidades. E a dúvida permanece: não teria sido possível adaptar um edifício já existente? Claro que, no final dos anos 50, isso não era possível. Mas já talvez o fosse quando "Os Vouzelenses" lançaram mãos à obra, apesar dos seus objectivos irem muito além da simples criação de uma sede. Passados todos estes anos, como é possível nada termos aprendido com as experiências anteriores?
Todos sabemos que este "vício" da obra nova foi regra em todo o território nacional. Pavilhões, centros de dia, edifícios escolares, habitações, foram ocupando os espaços, em "mancha de óleo", construindo muito, mas urbanizando pouco (no que este conceito representa de planeamento). Por isso mesmo, Portugal foi, durante muitos tempo, apontado como o país da União Europeia que mais construía e menos recuperava. O resultado está à vista. No território e nos nossos bolsos.
Uma das justificações avançada para este estado das coisas é a de que é mais barato construir do que recuperar. Ora, na nossa modesta opinião, é precisamente aqui que "a porca torce o rabo". A menos que todos os outros países sejam burros e a inteligência seja um exclusivo desta "ocidental praia lusitana", o argumento é falso. O que talvez aconteça é que a falta de formação de grande parte dos profissionais da nossa construção, torna mais raro (e caro) os que têm conhecimentos para fazer algo mais do que amontoar tijolos. O que talvez aconteça é que, mesmo entre profissionais altamente habilitados como engenheiros e arquitectos, acaba por ser mais fácil despachar a coisa com um qualquer paralelepípedo supostamente adaptável a todos os meios e circunstâncias, do que estar a fazer estudos de materiais e a coordenar trabalho com oficiais de artes diversas. Por último, mas não menos importante (antes pelo contrário), talvez as entidades financeiras tenham encarado tarde de mais, as potencialidades do mercado do restauro para a concessão de crédito. Talvez...
Quando, em finais dos anos 50, os irmãos Pimenta (conhecidos emigrantes vouzelenses no Brasil) fizeram uma importante doação para o "Prédio das Colectividades", a ideia era juntá-las (banda, bombeiros e "Vouzelenses") em instalações comuns. Quando a obra acabou, rapidamente se percebeu que o projecto inicial não era adaptável às necessidades de todas e, a pouco e pouco, acabou por ficar limitado a instalações dos bombeiros.
Mais tarde, foi a vez de "Os Vouzelenses" conseguirem a sua sede. Quem a conhece, sabe que é insuficiente e pouco funcional, não permitindo, sequer, que o arquivo do clube esteja devidamente protegido.
Em qualquer destes exemplos (há mais!) costuma falar-se em deficiente planeamento, mas, pela nossa parte, limitamo-nos a um argumento mais básico: falta de dinheiro. Ela condiciona qualquer projecto e, antes disso, qualquer projectista. Depois, acaba-se por fazer "qualquer coisinha", obra nova ocupando terrenos e capitais, inaugurada com pompa e circunstância mas que, pouco tempo depois, não chega para as necessidades. E a dúvida permanece: não teria sido possível adaptar um edifício já existente? Claro que, no final dos anos 50, isso não era possível. Mas já talvez o fosse quando "Os Vouzelenses" lançaram mãos à obra, apesar dos seus objectivos irem muito além da simples criação de uma sede. Passados todos estes anos, como é possível nada termos aprendido com as experiências anteriores?
Todos sabemos que este "vício" da obra nova foi regra em todo o território nacional. Pavilhões, centros de dia, edifícios escolares, habitações, foram ocupando os espaços, em "mancha de óleo", construindo muito, mas urbanizando pouco (no que este conceito representa de planeamento). Por isso mesmo, Portugal foi, durante muitos tempo, apontado como o país da União Europeia que mais construía e menos recuperava. O resultado está à vista. No território e nos nossos bolsos.
Uma das justificações avançada para este estado das coisas é a de que é mais barato construir do que recuperar. Ora, na nossa modesta opinião, é precisamente aqui que "a porca torce o rabo". A menos que todos os outros países sejam burros e a inteligência seja um exclusivo desta "ocidental praia lusitana", o argumento é falso. O que talvez aconteça é que a falta de formação de grande parte dos profissionais da nossa construção, torna mais raro (e caro) os que têm conhecimentos para fazer algo mais do que amontoar tijolos. O que talvez aconteça é que, mesmo entre profissionais altamente habilitados como engenheiros e arquitectos, acaba por ser mais fácil despachar a coisa com um qualquer paralelepípedo supostamente adaptável a todos os meios e circunstâncias, do que estar a fazer estudos de materiais e a coordenar trabalho com oficiais de artes diversas. Por último, mas não menos importante (antes pelo contrário), talvez as entidades financeiras tenham encarado tarde de mais, as potencialidades do mercado do restauro para a concessão de crédito. Talvez...
Lemos no "Notícias de Vouzela" que a Sociedade Musical Vouzelense pensa construir "um auditório (palco e plateia), bar de apoio, várias salas para formação, gabinetes e garagens". Na mesma notícia, o presidente da colectividade afirma que todos "vamos beneficiar: a SMV que fica com condições para os ensaios e para o funcionamento da Escola de Música; a comunidade que terá um espaço para espectáculos". Ora, "espaço para espectáculos", já tem. É o cine-teatro, pelos vistos mais uma obra mal pensada, caso contrário bem gostaria de ter as suas portas mais tempo abertas, quer para os ensaios, quer para os espectáculos da nossa Banda. Se assim tivesse sido, ficavam a faltar as salas para formação, os gabinetes, arrumações e, eventualmente, um bar de apoio. Têm mesmo a certeza de que não teria sido possível adaptar um edifício já existente?
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