quarta-feira, agosto 04, 2010

Nas Chãs, com direito a camarote

Equipa da Sociedade Musical Vouzelense no campo das Chãs, com a bancada de madeira em fundo

Andava o mundo aos tiros lá pelos idos de 40, quando por estas terras se viveu um surto tal de enriquecimento que a muitos fez corar de vergonha. "O mal de uns é o bem de outros", seria a explicação do fenómeno que torto nasceu e nunca se endireitou: o volfrâmio. Mestre Aquilino comparou-o ao maná bíblico e são muitas as histórias de charutos acesos com notas, ou de reluzentes canetas de ouro a ornamentar o bolso de peito de analfabetos. A verdade é que já durante a 1ª Guerra Mundial a loucura foi tão grande, que o próprio Monte do Castelo foi esventrado e a estrada romana levantada na busca do metal e em plena década de 50, os poucos automóveis registados no concelho de Vouzela, ainda tinham significativa concentração nas freguesias da mineração. Adiante.

Numa antecipação do que se viria a registar cinquenta anos mais tarde, aquando da boom da "política de betão", o futebol beneficiou da abundância. Muito dinheiro foi investido na contratação de jogadores e o campos das Chãs foi melhorado. Um dos melhoramentos, foi a construção de uma vistosa bancada em madeira trabalhada, com geral e camarotes de onde se imagina sair o fumo dos charutos acesos- quem sabe?- com notas de conto.

É essa bancada que se mostra na imagem, durante a festa comemorativa do XII aniversário da Sociedade Musical Vouzelense, em 14 de Fevereiro de 1943. Em primeiro plano, a garbosa equipa de músicos que, pelo "porte atlético", imaginamos ser a dos "casados". Exibem o equipamento emprestado pela Associação de Futebol "Os Vouzelenses" e... a sombra do fotógrafo.


Esta e outras curiosidades podem ser encontradas na publicação com que "Os Vouzelenses" decidiram comemorar os seus 80 anos de vida: "Imagens com histórias". Vai ser lançado durante as Festas do Castelo, registando a inauguração das Chãs que, graças ao capital dos seus fundadores e ao trabalho voluntário de muitos populares, abriram pela primeira vez as "portas" no domingo das festas de há 80 anos. Lá estaremos, no "Jardim", local onde os registos dizem ter nascido o clube, numa altura em que era conhecido por Alameda da Corredoura e ornamentado por tílias. Com textos de Fausto Carvalho, Gil Campos, Girão de Almeida e João Abílio Martins, é um trabalho da Deriva Editores. Arranjos gráficos da "nossa" Filipa e tratamento de imagem da FotoBela. Dia 7 de Agosto, pelas 16 horas.

4 comentários:

CP disse...

Excelente a primeira imagem e tudo o que ela de facto representa.
Pena que não possa estar em Vouzela dia 7, espero que reservem um exemplar do livro para mim.

MR disse...

lol...espetáculo...grande pode...que aconteceu à bancada?

Zé Bonito disse...

MR:

A resposta a essa pergunta... está no livro :))

Ava Jackson disse...

Realmente o seu blog é muito interessante, contém grande e único de informações. Eu gostava de visitar o seu blog. É simplesmente incrível Barbie Jogos