quinta-feira, dezembro 03, 2009

Presos no cimento


José Sócrates afirmou a sua fé nas medidas do governo para combater o desemprego. A fé move montanhas, mas, por aqui, o Caramulo mantém-se quietinho. De qualquer modo, a intervenção do "Altíssimo" tem largo registo nas páginas das histórias da nossa História e quem resolveu Ourique, não deve, agora, hesitar perante uns míseros 10,2 por cento.

Só que, quando olhamos para as tais medidas, sentimos o chão a ceder e os pés a enterrarem-se- é cimento fresco! TGV, Plano Nacional de Barragens, novo aeroporto, mais auto-estradas... O peso da construção civil na ocupação da mão-de-obra dita as suas leis. Mas também reforça um dos mais graves problemas da nossa economia, dominada por sectores pouco ou nada produtivos, muito dependentes do mercado interno e que abusam do território limitando-o à condição de simples mercadoria- por algum motivo a prometida alteração da "Lei dos Solos" tem vindo a ser sucessivamente adiada (começou por ser anunciada em 2007, passou para 2008, já lá vai 2009 e... continua a passar).

Mas, sejamos crentes, optimistas e acreditemos que, pelo menos, o problema do desemprego será resolvido. Certo? Errado! Com o nível de endividamento dos portugueses e com o excesso de oferta de habitação criado nos anos dourados da "política do betão", é duvidoso que, a nível doméstico, se consiga mercado para justificar a dimensão que o sector adquiriu. Admitindo que a União Europeia vai continuar a financiar o desvario, restam as obras públicas, mesmo assim limitadas no tempo e no espaço. Talvez construir dois aeroportos, um em cima do outro, ou uma auto-estrada até aos Açores...


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