OS PASTEIS
Já lá vai o tempo em que se ia ao Café Avenida tomar uma café e comer um dos melhores pasteis de nata do país o que, dito por um lisboeta tem o seu peso. Infelizmente o criador dos pasteis faleceu e como acontece em muitas outras coisas na vida não deixou seguidor, pelo que hoje os pasteis são intragáveis. É pena.
Também é pena que nos variadíssimos certames gastronómicos que estão a decorrer neste fim de semana e largamente publicitados pelas televisões não haja a mais pequena referência aos pasteis de Vouzela. Os de Tentugal estão em todas, mas os de Vouzela nem numa imagem furtiva.
Num festival de doçaria lá estavam a falar na necessidade da certificação das especialidades regionais. E em Vouzela, o que se está a fazer? Será que, tal como a vila os doceiros vouzelenses continuam a viver no século passado? Ao menos promovam o que têm e se é preciso certificar que certifiquem senão arriscamo-nos a curto prazo a ficarmos em eles.
Tal como os pasteis, também o novo governo não muda a receita e o que é pior não muda os doceiros. O PM, desacreditadíssimo, teve imensa dificuldade em recrutar gente capaz para o governo e aí está o "baralha e volta a dar".
É mau de mais para ser verdade e não se lhe augura grande futuro, mas enquanto fazem e não fazem ficam e não ficam lá vai o povo passando mal enquanto os políticos se vão ocupando em "evacuar" pareceres e comentários, como se o que eles dizem fosse levado a sério por alguém.
Como foi referido num dos programas dos "Gatos Fedorento" (do melhor que foi produzido nos últimos tempos em televisão) só após as eleições legislativas vieram a público os maus números do país e são mesmo muito maus. Mais pobreza, mais desemprego, maior clivagem entre ricos e pobres, pior formação, mais corrupção à mistura com submarinos, Freeport, Cova da Beira e como seria expectável pelo que atrás referimos, menor independencia dos meios de comunicação.
Mas como dizia o outro, o povo é sereno e como ainda por cima é quem mais ordena que se amanhem porque eu vou emigrar.
1 comentário:
Também acho curioso o adormecimento da vila de Vouzela e dos diferentes organismos que lá existem, relativamente a um eventual processo de certificação dos pasteis. A explicação talvez esteja na existência de um certo conformismo, como se cada um pensasse para si que aquelas pequenas delícias são uma espécie de dado adquirido e, como tal, não é preciso fazer nada para que as coisas sejam melhores ou, pior, para que não se percam. Contudo, essa atitude é o reflexo da vila que adormece a partir das sete. Da vila que fecha as portas e que as abre para ir à missa. Ou para ir à procissão. Ou às Festas do Castelo, para ver quem vem de fora.
Tenho uma certa pena de falar assim da mais bonita vila de Lafões. Sim, porque S. Pedro e Oliveira vão cedendo gradualmente ao betão e às estradas que esventram quase obscenamente os lugares afectivos que conhecemos desde sempre. E isto não é conversa conservadora, do género de querer manter tudo intocado ou de impedir alterações. É antes uma constatação.
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