domingo, outubro 11, 2009

Arguididatos

Acabei de votar. Havia filas nas mesas de voto o que não aconteceu há quinze dias, pelo que sou levado a pensar que haverá uma menor abstenção. No final do dia logo se verá.

Voto num dos concelhos onde um dos candidatos tem problemas com a justiça, mas que, tenho de reconhecer tem sido um bom autarca. Ora esta situação deixa-me, e a milhares de outros eleitores, num delicado problema: em quem votar? Num dos partidos do “centrão” que levaram toda a campanha a zurzir no homem mas que não apresentaram nenhuma proposta alternativa coerente ou no tal que, correndo o risco de vir a ser preso, tem obra feita e é reconhecidamente um bom autarca? Ou nos outros partidos que, conscientes de que nunca virão a ganhar as eleições fizeram as mais absurdas e demagógicas promessas, confundindo na maior parte das vezes autárquicas com legislativas?

Não sou partidário do estilo “roubou mas fez”, nem do “não roubou nem fez” e muito menos do “roubou e não fez”. Penso que já seria tempo dos autarcas deixarem de ser vistos como delinquentes encartados, mas receio que tal nunca venha a acontecer em especial nas câmaras com grandes orçamentos, pois eles poderão ser muito sérios, não beneficiarem em nada com o seu poder, mas acima deles estão os partidos que os elegeram mesmo quando se assumem como independentes e que mais dia menos dia vão pressionar, vão pedir ajuda financeira, vão tentar influenciar nesta ou naquela decisão, ou seja irão cobrar o investimento.

Contam-se muitas histórias envolvendo nomes sonantes de grandes partidos, leia-se PS e PSD , de sacos azuis e até da colocação providencial de um juiz no tribunal onde se encontrava um processo contra o autarca e que de mediato foi arquivado por falta de provas. Mas a voz do povo, como a do burro, não chega ao céu, a bagunça veio para ficar.

Restam-me os movimentos de cidadãos independentes, que se criam especificamente para concorrerem às eleições e que se extinguem logo a seguir. Mas é nesses que estão os tais que têm processos e que podem ir acabar o mandato atrás das grades. Por outro lado sou levado a acreditar que dentro ou por detrás desses movimentos estão empresários com interesses no concelho que financiam a campanha e que, quando necessitarem irão cobrar o apoio.Não há almoços de borla.

Assim, não tenho alternativa senão votar em branco ou, se me der na bolha, utilizar o boleteim para chamar nomes às mães e esposas dos ilustres candidatos, o que pouco impacto terá ,dado que só será lido pelos membros da mesa.

Sou agora confrontado com uma noticia na TV, que me diz ter sido morto a tiro por um candidato do PS o marido da candidata do PSD à junta de freguesia de Ermelo no concelho de Vila Real. Poderia ter sido o inverso mas, não sei porquê , não estranho que tenha sido um candidato do PS a cometer tal acto, porque nos últimos tempos aquele partido tem vindo a ter uma postura de intolerância, autoritarismo e caciquismo que, pensava eu, já não devia acontecer na nossa sociedade.

Infelizmente as mentalidades pouco têm mudado e o bairrismo pacóvio convive alegremente com o discurso exaltado e de dedo em riste dos que detêm o poder. As autarquias ,em lugar de se unirem, concorrem entre si e o resultado é bem visível nos investimentos sem qualquer interesse para as populações locais, e cuja razão reside no facto do “vizinho ter feito”. Este é a todos os níveis o grande problema do país: a mentalidade.

Se em 1974 estávamos com um atraso de trinta anos em relação á Europa, neste momento pouco pouco evoluímos, e a justificação só pode estar na educação e na cultura. País iletrado e inculto não vai a lado nenhum por muitas vias rápidas, variantes, travessias inferiores e superiores, jardins, piscinas e passeios a Fátima para idosos que as câmaras possam realizar. não podemos continuar a perder oportunidades.
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NR: Devido ao conteúdo deste post e às exigências da Lei Eleitoral, só o pudemos publicar após as 20 horas- Zé Bonito.

1 comentário:

Zé Bonito disse...

A Fátima já foi,mas os outros ainda são.