quarta-feira, agosto 19, 2009

Sobre o despovoamento do Interior

O Emigrante, José Malhoa

De vez em quando lá acontece: os blogues de referência, maioritariamente, de "corte urbano", lembram-se do Interior. Foi o que fez o recente "Simplex", pela pena de Sofia Loureiro dos Santos. O diagnóstico está bem feito (logo no primeiro parágrafo), mas a "terapêutica" é insuficiente. Em linhas gerais, propõe-se um repovoamento através de pessoas que, hoje, residem nas cidades, mas que optem por ares mais saudáveis e belas vistas, beneficiando das facilidades de comunicação existentes. Esquece-se, a Sofia, de alguns "pequenos" pormenores:

1º) Grande parte da paisagem de que tanto se gosta, resultou do modo como o homem moldou o meio e o aproveitou. As principais actividades que a criaram e que a podem manter, são precisamente aquelas que os governos têm ignorado, não encontrando "remédio" para situações de menor produtividade, mas com inegável importância social e ambiental: a agricultura e a pastorícia.

2º) Fazer uma "transfusão" de habitantes de centros urbanos para zonas do Interior (situação até certo ponto inevitável e que já se verifica nalguns casos), sem garantir a continuidade das actividades rurais, acabaria por transformar essas zonas em subúrbios que, na melhor das hipóteses, só conseguiriam manter o "verde" à custa de um ajardinamento intensivo.

3º) A situação do mundo rural deve servir de lição, não apenas pela desertificação que tem sentido, mas também pela enorme injustiça de que foi vítima uma população completamente abandonada, condenada a partir ou a morrer. Mais: a reconversão da agricultura para a produção de produtos de referência, de elevada qualidade, está seriamente comprometida pela dificuldade em conquistar público jovem, afastado pela desvalorização social do sector.

A respeito de tudo isto, é importante não perder a resposta de Henrique Pereira dos Santos ao texto do "Simplex" (ver caixa de comentários), concluída no seu blogue, "Ambio".

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