Lafões não é só jardim
Há quem ofereça electrodomésticos, outros, mais ousados, garantem empregos. À falta de melhor há quem se fique pelas promessas, coisas que não valem um caracol, mas que se acredita tocarem fundo no coração dos destinatários- assim vai o diálogo (?) com as populações do Interior. E começou a corrida para as autárquicas.
A verdade é que não fazem a mais pequena ideia do que nos hão-de propor. Reconheça-se que a coisa não está fácil. Perante o total vazio de ideias sobre a reorganização das actividades económicas e o ordenamento do território, que podem oferecer os candidatos? Agarrarem-se à esperança de que "papas e bolos enganem os tolos" e aí vai disto: uns, oferecem cidades; outros, a "revisão do PDM para permitir o desenvolvimento". Pelos vistos, nem a imaginação está em alta...
Esta da "revisão do PDM" ainda é herdeira de um dos maiores atentados cometidos contra o território português: a relação entre áreas urbanizáveis e colecta de impostos, que transformou as alterações aos estatutos dos terrenos, numa espécie de "cunhagem de moeda" (como lhe chamou a antiga bastonária da Ordem dos Arquitectos) ao serviço das autarquias.
Na prática, isto traduziu-se na desafectação de áreas da Reserva Agrícola e da Reserva Ecológica, para as destinar à construção. Os bancos perceberam o "furo" e facilitaram o crédito, o que deu origem ao brutal endividamento das famílias, à destruição de áreas imensas cobertas de tijolo e cimento e... ao extremar da crise em que já nos encontrávamos. Pelos vistos há quem não aprenda.
Mais construção não atrai população
O raciocínio que preside a este atentado é de um basismo assustador: promove-se a ideia de que a construção atrai população. Falso! Vão aí aos números do Instituto Nacional de Estatística (INE), quer aos do último censo, quer aos das actualizações e facilmente concluem que os anos dourados da "política do betão", correspondem a uma perda de população tanto no concelho de Vouzela, como na maioria dos concelhos do Interior. Mais: como já por diversas vezes chamámos a atenção, dos três concelhos de Lafões, só Oliveira de Frades resistiu a perdas significativas, embora sem nunca ter aumentado- mais do que os T3 que por lá abundam, é a oferta de emprego que justifica esta relativa estabilidade.
Se o leitor suspeitar que a encosta poente do Castelo pode ser urbanizada, provavelmente deita as mãos à cabeça e pergunta como é possível. Se a isto acrescentarmos que, até agora, nunca foram apresentados números que provem a necessidade de mais construção, talvez pense na hipótese de chamar a polícia. De facto, a história da falta de habitação no concelho de Vouzela, não passa de conversa nunca provada (ainda hoje continuamos à espera dos "números esclarecedores" prometidos há uns anos por um responsável local). O que há é um processo em cadeia, em que se abandonam as habitações antigas para construir novas, numa espiral de ocupação (destruição) inútil de terrenos, raramente com vantagem para o proprietário e com impactos brutais na paisagem. É para isto que serve a tal "revisão do PDM" que há-de pôr ouro líquido a correr pelas ruas... Não é difícil compreender que, entre gente desesperada, sem perspectivas no trabalho da terra, a mensagem passe.
É importante saber que, neste momento, há concelhos (como Vila Franca de Xira) que estão a rever os PDM, precisamente para reduzir a área urbana. Entre nós, mais do que uma alteração dessas, exige-se uma reflexão sobre as áreas que interessa preservar, quer pela sua importância paisagística, quer pela importância que têm na protecção da biodiversidade, quer pelo suporte que representam ou podem representar a actividades ligadas à terra- só mesmo os sonhos mais delirantes dos "patos bravos" podiam ter imaginado um país sem uma das suas maiores reservas estratégicas: a produção alimentar.
Do mesmo modo que aqui temos divulgado o muito que de bom há por estas terras, deixamos, hoje, alguns exemplos (poucos) do piorzinho. Os tais "acidentes" que acontecem, sempre com as melhores intenções de trazer o "pogresso" aos brutos e de libertá-los das silvas e dos calhaus. Aí fica em estilo a condizer. Porque, ao contrário do que diz a canção, Lafões não é só jardim.
Aquilo a que chamam "desenvolvimento"... e depois chorem pelo turismo
A verdade é que não fazem a mais pequena ideia do que nos hão-de propor. Reconheça-se que a coisa não está fácil. Perante o total vazio de ideias sobre a reorganização das actividades económicas e o ordenamento do território, que podem oferecer os candidatos? Agarrarem-se à esperança de que "papas e bolos enganem os tolos" e aí vai disto: uns, oferecem cidades; outros, a "revisão do PDM para permitir o desenvolvimento". Pelos vistos, nem a imaginação está em alta...
Esta da "revisão do PDM" ainda é herdeira de um dos maiores atentados cometidos contra o território português: a relação entre áreas urbanizáveis e colecta de impostos, que transformou as alterações aos estatutos dos terrenos, numa espécie de "cunhagem de moeda" (como lhe chamou a antiga bastonária da Ordem dos Arquitectos) ao serviço das autarquias.
Na prática, isto traduziu-se na desafectação de áreas da Reserva Agrícola e da Reserva Ecológica, para as destinar à construção. Os bancos perceberam o "furo" e facilitaram o crédito, o que deu origem ao brutal endividamento das famílias, à destruição de áreas imensas cobertas de tijolo e cimento e... ao extremar da crise em que já nos encontrávamos. Pelos vistos há quem não aprenda.
Mais construção não atrai população
O raciocínio que preside a este atentado é de um basismo assustador: promove-se a ideia de que a construção atrai população. Falso! Vão aí aos números do Instituto Nacional de Estatística (INE), quer aos do último censo, quer aos das actualizações e facilmente concluem que os anos dourados da "política do betão", correspondem a uma perda de população tanto no concelho de Vouzela, como na maioria dos concelhos do Interior. Mais: como já por diversas vezes chamámos a atenção, dos três concelhos de Lafões, só Oliveira de Frades resistiu a perdas significativas, embora sem nunca ter aumentado- mais do que os T3 que por lá abundam, é a oferta de emprego que justifica esta relativa estabilidade.
Se o leitor suspeitar que a encosta poente do Castelo pode ser urbanizada, provavelmente deita as mãos à cabeça e pergunta como é possível. Se a isto acrescentarmos que, até agora, nunca foram apresentados números que provem a necessidade de mais construção, talvez pense na hipótese de chamar a polícia. De facto, a história da falta de habitação no concelho de Vouzela, não passa de conversa nunca provada (ainda hoje continuamos à espera dos "números esclarecedores" prometidos há uns anos por um responsável local). O que há é um processo em cadeia, em que se abandonam as habitações antigas para construir novas, numa espiral de ocupação (destruição) inútil de terrenos, raramente com vantagem para o proprietário e com impactos brutais na paisagem. É para isto que serve a tal "revisão do PDM" que há-de pôr ouro líquido a correr pelas ruas... Não é difícil compreender que, entre gente desesperada, sem perspectivas no trabalho da terra, a mensagem passe.
É importante saber que, neste momento, há concelhos (como Vila Franca de Xira) que estão a rever os PDM, precisamente para reduzir a área urbana. Entre nós, mais do que uma alteração dessas, exige-se uma reflexão sobre as áreas que interessa preservar, quer pela sua importância paisagística, quer pela importância que têm na protecção da biodiversidade, quer pelo suporte que representam ou podem representar a actividades ligadas à terra- só mesmo os sonhos mais delirantes dos "patos bravos" podiam ter imaginado um país sem uma das suas maiores reservas estratégicas: a produção alimentar.
Do mesmo modo que aqui temos divulgado o muito que de bom há por estas terras, deixamos, hoje, alguns exemplos (poucos) do piorzinho. Os tais "acidentes" que acontecem, sempre com as melhores intenções de trazer o "pogresso" aos brutos e de libertá-los das silvas e dos calhaus. Aí fica em estilo a condizer. Porque, ao contrário do que diz a canção, Lafões não é só jardim.
Aquilo a que chamam "desenvolvimento"... e depois chorem pelo turismo
1 comentário:
preocupante, mas como pará-los?
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