Um dia a casa vem abaixo
Casa das Ameias, na Praça da República. Há quem defenda que o edifício original remonta ao século XV. O complexo testamento deixado pelo seu último proprietário, Dr. Gil Cabral, tem dificultado a definição da propriedade do imóvel.
“O que gostaríamos era que um particular pegasse e construísse uma unidade hoteleira”- Presidente da Câmara de Vouzela, interrogado sobre a possibilidade da Autarquia avançar para a expropriação da Casa das Ameias, Notícias de Vouzela, 12/02/2009.
Nós também “gostaríamos” de tanta coisa. Por exemplo, que se tivesse percebido que uma zona nobre da vila, como é a Praça da República, nunca devia ter chegado ao nível de desleixo a que chegou, graças ao arrastar do processo em torno da Casa das Ameias. Isto, para já não falar de como “gostaríamos” que se tivesse controlado melhor o fracassado projecto de construção da estalagem que, por um qualquer estranho desígnio, começou por destelhar o edifício, retirando-lhe a sua maior protecção. Tanta coisa de que “gostaríamos”.
Mas, por muito crentes que sejamos, sabemos que ficar a olhar para o céu à espera do milagre, a única coisa que nos garante é... uma dor de pescoço. Neste caso, uma dor de cabeça, enorme, se a casa vem abaixo (hipótese bem provável pelo que nos diz quem destas coisas sabe). Ou será isso mesmo que se pretende, para depois ali se espetar um paralelepípedo de tijolo e cimento, rés-do-chão e 1º andar, direito e esquerdo, com o "douto" argumento de que havia que marcar a fronteira entre a ruína e a “modernidade”?
O complexo testamento do Dr. Gil Cabral (último residente e proprietário da casa) explica alguma coisa sobre a situação a que se chegou, mas não explica tudo. Para além da imagem de um espaço central e da importância histórica do edifício, estão em causa questões de segurança que há muito justificavam intervenção. Ora, é nisto que nós, modestos cidadãos, compreendemos que se gaste dinheiro. E até apoiamos, ao contrário do que sucede com inúteis ampliações de ruas. Se é verdade, como foi noticiado, que os herdeiros estão dispostos a ajudar na resolução do problema, menos se compreende que se continue a adiar .
O título deste texto é pouco original, mas corresponde à mais crua verdade. Vem mesmo abaixo, se continuarmos à espera de um D. Sebastião cheio de notas que ali construa “uma unidade hoteleira” (projecto que nos parece pouco provável, mas disso daremos conta noutra oportunidade). Para já, exige-se a intervenção necessária para que a casa se mantenha de pé e, com ela, a esperança de que conseguiremos fazer mais do que discursos no condicional e esperar por milagres saídos de radiosas manhãs de nevoeiro.
Nós também “gostaríamos” de tanta coisa. Por exemplo, que se tivesse percebido que uma zona nobre da vila, como é a Praça da República, nunca devia ter chegado ao nível de desleixo a que chegou, graças ao arrastar do processo em torno da Casa das Ameias. Isto, para já não falar de como “gostaríamos” que se tivesse controlado melhor o fracassado projecto de construção da estalagem que, por um qualquer estranho desígnio, começou por destelhar o edifício, retirando-lhe a sua maior protecção. Tanta coisa de que “gostaríamos”.
Mas, por muito crentes que sejamos, sabemos que ficar a olhar para o céu à espera do milagre, a única coisa que nos garante é... uma dor de pescoço. Neste caso, uma dor de cabeça, enorme, se a casa vem abaixo (hipótese bem provável pelo que nos diz quem destas coisas sabe). Ou será isso mesmo que se pretende, para depois ali se espetar um paralelepípedo de tijolo e cimento, rés-do-chão e 1º andar, direito e esquerdo, com o "douto" argumento de que havia que marcar a fronteira entre a ruína e a “modernidade”?
O complexo testamento do Dr. Gil Cabral (último residente e proprietário da casa) explica alguma coisa sobre a situação a que se chegou, mas não explica tudo. Para além da imagem de um espaço central e da importância histórica do edifício, estão em causa questões de segurança que há muito justificavam intervenção. Ora, é nisto que nós, modestos cidadãos, compreendemos que se gaste dinheiro. E até apoiamos, ao contrário do que sucede com inúteis ampliações de ruas. Se é verdade, como foi noticiado, que os herdeiros estão dispostos a ajudar na resolução do problema, menos se compreende que se continue a adiar .
O título deste texto é pouco original, mas corresponde à mais crua verdade. Vem mesmo abaixo, se continuarmos à espera de um D. Sebastião cheio de notas que ali construa “uma unidade hoteleira” (projecto que nos parece pouco provável, mas disso daremos conta noutra oportunidade). Para já, exige-se a intervenção necessária para que a casa se mantenha de pé e, com ela, a esperança de que conseguiremos fazer mais do que discursos no condicional e esperar por milagres saídos de radiosas manhãs de nevoeiro.
28 comentários:
Desde que se começaram a emitir postais de Vouzela que este edifício tem sido fotografado. Como suponho que os editores não eram tolos e fotografavam apenas o que era importante e "vendia", fica bem demonstrada a importância que sempre lhe foi atribuída, pelo menos desde o início do século XX.
A Casa das Ameias é de facto um dos edifícios mais belos da nossa Vila, também uma realidade que esta casa numa questão metafórica seja também a face das politicas patrimoniais que o nosso concelho tem sofrido nos últimos anos!
Dizer-nos que este edifício seria uma boa estalagem, pensão ou qualquer tipo de dormitório, parece mais uma manobra malabarista de não conter as reais culpas que os executivos autárquicos têm tido.
É necessária uma requalificação do edifício, porque não tarda ele vai cair, veja-mos as imagens do telhado.
Parabéns ao vosso Blog é uma brisa que sopra nos nossos corações vouzelenses e um acreditar que a nossa princesa Vila se torne naquilo que merece, Desenvolvida e com politicas justas!
É disto qu prescisamos! Combate de ideias e lutar contra o marasmo!
El-Padriño
Obrigado pelo incentivo. Contamos contigo para esse combate.
El-Padriño o teu blog continua activo? Não deixes morrer aquilo que eu sou dessa altura...das maravilhosas equipas de futebol"UAP" e associação de estudantes fantástica :D
Sorry pelo off-topic.
Quanto à casa... Ainda vai cair sem quem haja alguém que evite algo.
É preciso é ter voz activa e combater a política do "deixa andar" que esta câmara vai mantendo.
Tenho dito.
BE VZL
Magnífica peça arquitectónica de Lafões!
Que postais que se fizeram dela!
A responsabilidade pela situação da Casa das Ameias é, em primeiro lugar, dos seus proprietários. Trata-se de propriedade privada e compete exclusivamente aos seus titulares tratarem pela sua conservação.
Expropriar a Casa das Ameias para fazer uma unidade hoteleira, para além de ilegal não é uma decisão sensata. As câmaras não estão vocacionadas para para este tipo de actividades. E à de Vouzela já chega ter o Parque de Campismo.
Coisa diferente é uma situação de eminência de perigo de ruína, caso em que a Câmara pode e deve intervir.
A Casa das Ameias é o o exemplo mais marcante da (in)acção dos herdeiros de uma pseudo-aristocracia da vila de Vouzela. Esses herdeiros ainda ostentam o nome dos seus antecessores, usufruem dos seus bens mas não têm a sua capacidade financeira nem a sua influência política. Incapazes sequer de conservar o património que herdaram, afastados da decisão política (a democracia é uma chatice, melhor seria que tivessem continuado a nomear os presidentes de câmara e os regedores) e frustrados por também não terem capacidade de influenciar o poder político para tomar conta dos seus quintais a expensas do erário público, querem manter Vouzela como uma espécie de reserva ecológica onde possam vir ao fim de semana e nas férias mostrar aos amigos aquilo que os seus antecessores ergueram.
São avessos a tudo o que é mudança e, para eles, Vouzela só existiu até ao 25 de Abril. E o que era bom, o poder político destruiu. Poder político que é responsável por tudo o que de mau aconteceu em Vouzela: desde o encerramento do Hotel Mira Vouga até ao estado da Casa das Ameias.
A eles compete serem os provedores do património. Fazer, construir, realizar, investir, isso compete à Câmara. Desde uma simples esplanada no Largo do Convento, ao telhado da Casa das Ameias, passando para a construção de habitação, tudo passaria pela Câmara, à boa maneira da planificação soviética.
Para eles, a democracia é uma chatice, embora, quase todos se digam simpatizantes de esquerda, porque quase todos defendem a intervenção dos poderes públicos por tudo e por nada, principalmente para resolverem os problemas que eles não são capazes de resolver.
Já deu para perceber toda a sua incoerência ideológica.
Infelizmente, a vila de Vouzela tem mais exemplos destas heranças insolventes.
Caro Espicha (velha alcunha dos vozelenses- "espicha sapos"- para quem não sabe):
O seu comentário aborda temas importantes sobre as características de Vouzela e o conceito de gestão autárquica. O espaço deste Pastel de Vouzela está à sua disposição para as desenvolver. Não precisamos de estar de acordo com os que têm ideias e estão disponíveis para as debater.
No entanto, limitando-nos, agora, ao problema da "Casa das Ameias" e à falta de iniciativa dos proprietários do património da vila, queremos chamar-lhe a atenção para alguns pormenores:
1º) Não sabemos se os herdeiros do Dr. Gil Cabral têm ou não capacidade económica para intervir no edifício. O que sabemos é que, antes de ser um "perigo público", a situação da casa é, desde há muito, um atentado à imagem da vila, ou seja, ao património público. Ora, a sua preservação é uma das responsabilidades da Câmara. Se, como dá a entender, os herdeiros podiam ter resolvido a situação, menos se percebe a indiferença dos autarcas.
2º) É consensual que o modo como se iniciou o processo (falhado) de construção da estalagem, foi um erro. Retirar o telhado nestes edifícios em que as paredes exteriores são a sua maior segurança, é condená-lo. Ora, o acompanhamento das obras é... responsabilidade camarária. Logo, falhou.
3º) Quem passe os olhos pela história de Vouzela, não precisa recuar muito para encontrar lamentos quanto à falta de iniciativa das "forças vivas" da terra. Mais: as boas práticas surgiram sempre quando se deu força a gente de quadrantes políticos diferentes, muitas ideias, mas... pouco capital. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Comissão de Iniciativa. Ora, em democracia, este tipo de iniciativas deviam estar facilitadas e os autarcas deviam ser os mais interessados em incentivá-las. Pelos vistos, não estão, nem são. Se calhar têm razão os que dizem que o nosso poder autárquico, herdou muito do caciquismo do passado e pouco dos princípios democráticos.
4º)Quem dera que tivesse razão quando diz que os "donos" do património "querem manter Vouzela como uma espécie de reserva ecológica(...)". Se assim fosse estva garantida a salvaguarda daquilo que todos os estudos mostram ser o grande trunfo económico do concelho. Infelizmente, temos um país inteiro a mostrar que, normalmente, o objectivo é o contrário. Permite-se a degradação para haver argumentos para entrar no mundo da especulação imobiliária. E aqui, mais uma vez, as autarquias não ficam bem na fotografia.
Terminamos, repetindo o convite para usar este espaço para desenvolver o debate. Basta escrever-nos pelo "mail". As suas opiniões serão sempre respeitadas e publicadas na íntegra.
Caro Zé Bonito:
Em termos gerais, é evidente que toda a sua análise parte do pressuposto que o Privado funciona sempre bem e que o Público, leia-se, Autarquia, funciona sempre mal. E este preconceito vicia todo o raciocínio da sua crítica. Não tenho procuração desta Câmara nem das que a antecederam, mas deve ser feito o contraditório à sua argumentação.
Quanto aos pontos em concreto:
1º) Facto 1: a Casa das Ameias é propriedade privada;
Facto 2: a Casa das Ameias encontra-se bastante degradada;
Pseudo facto 3: a reparação da Casa das Ameias é da responsabilidade da Câmara e não dos seus proprietários.
Como é que se pode chegar a esta conclusão? Só desvirtuando por completo o raciocínio da forma como fez: a situação da Casa das Ameias é um atentado à imagem da Vila; a imagem da vila é património público; a gestão do património público é da responsabilidade da Câmara; assim, a Câmara é a responsável pela preservação da Casa das Ameias.
Onde é que falha a premissa? A “imagem da vila” não é património público. Património público são estradas, jardins, largos, praças, etc. A “imagem da vila” é, quanto muito, património imaterial, abstracto, composto por um conjunto de bens privados e bens públicos, por tradições, usos, costumes, histórias, História, cultura, etc, etc.. E não me parece que pretenda municipalizar tudo o que faz parte da “imagem da vila”.
De quem é responsabilidade primeira pela gestão de bens particulares: dos seus proprietários, obviamente.
Quando é que o Estado/Autarquia se pode substituir aos particulares na sua gestão: quando se pretenda adquirir o bem em causa para utilidade pública, quando está em causa a segurança pública ou fazendo aplicar a Lei dos Solos. A expropriação só pode ser realizada nos termos do artigo 1º do Código das Expropriações: os bens imóveis e os direitos a eles inerentes podem ser expropriados por causa de utilidade pública compreendida nas atribuições, fins ou objecto da entidade expropriante, mediante o pagamento contemporâneo de uma justa indemnização.
Ou seja: para que a Casa das Ameias possa ser expropriada pelo município é preciso que lhe seja atribuída uma função de utilidade pública e no âmbito das competências legais da Câmara Municipal.
Coisa diferente é se o edifício ameaçar a segurança. Aí a Câmara é obrigada a intervir e, se for caso disso, substituir-se aos proprietários. Ao que parece, no caso concreto, os proprietários executaram algumas obras de consolidação do edifício após notificação da Câmara e esta propõe-se fazer mais uma vistoria para ver se existem danos provocados pela intempérie deste ano que ameacem a estrutura.
Quanto à Lei dos Solos, parece-me inaplicável ao caso em apreço.
Parece-me, pois difícil de concluir onde é que o Público está a falhar.
2º) Não vejo onde é que “é consensual que o modo como se iniciou o processo (falhado) de construção da estalagem, foi um erro”. E nem sequer já é da competência das Câmaras o acompanhamento das obras. Para isso existem os engenheiros responsáveis pelo projecto e pela sua execução. A remoção do telhado para executar uma obra do tipo reconstrução é o processo adequado quando o telhado não oferece condições de segurança e quando se pretende um acesso mais expedito ao interior do edifício em causa. E vamos presumir que era esse o objectivo do empreiteiro responsável pela obra. Ora, o que aconteceu foi que o investidor que se encontrava a promover a (re)construção da Casa das Ameias faliu. E faliu precisamente na parte mais crítica dos trabalhos, ou seja, após a remoção do telhado.
Mais uma vez, foi o Privado que falhou, a não ser que consiga provar que a falência foi por culpa da Câmara.
3º) Quanto à Comissão de Iniciativa e outras iniciativas semelhantes é de facto bom vê-las nascer. O pior é mantê-las. E mantê-las à custa dos dinheiros públicos parece-me uma sobreposição de estruturas. Já nos chegam os institutos, fundações, empresas municipais e outras aberrações semelhantes. O Privado continua a falhar.
4º) Especulação imobiliária não rima com a vila de Vouzela. Para uns ainda bem, para outros ainda mal.
Aqui, o Privado também falha. Para uns ainda bem, para outros, ainda mal.
Caro Espicha:
Apenas quero esclarecer alguns aspectos em que, pelos vistos, não fui claro. É precisamente porque não acredito num súbito dinamismo da iniciativa privada que defendo um poder público (democrático, entenda-se) mais interventivo. Quanto ao resto, tudo depende mais da sensibilidade e das prioridades, do que propriamente de uma lei que, como sabe, dá para (quase) tudo. Nunca disse que competia à Câmara restaurar a casa. Disse que devia ter accionado os mecanismos necessários para que isso fosse feito. Assim como nunca disse que lhe competia guardar o telhado, mas sim garantir que a interrupção da obra não pusesse em causa a segurança do edifício. A expropriação nunca foi hipótese (pelo menos até agora). A realização de obras a serem pagas pelos proprietários, sim. Como, aliás, pode acontecer em qualquer imóvel que ponha em causa a segurança ou vá contra regulamentação específica. Falta essa regulamentação? Penso que não, já que estamos dentro do que se chama o "centro histórico", referindo-nos a um edifício que (julgo) está classificado (se não estiver, então a "desgraça" ainda é maior).
Quanto à Comissão de Iniciativa a que me referi, existiu nos anos 30 e é um exemplo que devia ser estudado (nada tem que ver com os exemplos que deu, bem conhecidos, até pelo facto dos seus membros trabalharem graciosamente). Os dinheiros eram públicos, como hoje podem ser, sempre que esteja em causa a preservação do património natural e edificado e não sejam viáveis alternativas. Não convém é gastá-lo em obra inútil, ou que não passe de valorização escondida de interesses privados.
Por isso, ao contrário do que concluiu, estou muito longe de pensar que o que é privado funciona bem. Só que o facto de não funcionar (bem ou mal), não pode servir de desculpa para nada se fazer. E, na verdade, há uma longa história destas desculpas em Vouzela.
Tou mesmo a ver o compadrio a funcionar.
A câmara a arranjar a casa como deve ser e entregar de mão beijada aos proprietários capitalistas que nada querem com a casa porque íam gastar muito dinheiro e todos sabemos como funciona o capitalismo.
É preciso alguém "com eles no sítio" pra pegar naquele problema que li está e tentar fazer algo. Seja com tribunal porque aquilo já começa a meter em risco a via pública, seja com palavras e tentativa de expropriação.
O problema é que, com o buraco que esta câmara tem de há uns 6 anos para cá, nem pra comprar tinta tinham dinheiro, quanto mais restaurar aquilo.
É preciso é não calar. É preciso é lutar contra os interesses instalados e pedir pra que seja mostrado algum trabalho desta "equipa" que se encontra na câmara mas que, na vila, NADA faz.
BE VZL
Já agora, admitindo outras interpretações, mas com o objectivo de clarificar responsabilidades, quero deixar aqui o que se lê nos Artigos 89º e 91º do Decreto-Lei 555/99 de 16 de Dezembro, alterado pelo D-L 177/2001 de 4 de Junho. Estes diplomas regulamentam o regime jurídico do licenciamento municipal das operações de loteamento, das obras de urbanização e das obras particulares.
Artº 89º:
1 - As edificações devem ser objecto de obras de conservação pelo menos uma vez em cada período de oito anos.
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, a câmara municipal pode a todo o tempo, oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado, determinar a execução de obras de conservação necessárias à correcção de más condições de segurança ou de salubridade.
(...)
Artº 91º:
[. . .]
1 — Quando o proprietário não iniciar as obras que lhe sejam determinadas nos termos do artigo 89.o ou não as concluir dentro dos prazos que para o efeito lhe forem fixados, pode a câmara municipal tomar posse administrativa do imóvel para lhes dar execução imediata.
(...)
não houve especulação em vouzela? tentem vender um apartamento pelo dinheiro que deram por ele à 3-4 anos atrás e vão ver.
Caro Zé Bonito:
Ou não quis ler ou fingiu que não leu. Se ler bem, perceberá que os proprietários da Casa das Ameias depois de notificados pela Câmara já executaram algumas obras, senão a casa tinha vindo mesmo a baixo.
Depois, a questão da interrupção das obras aquando da tentativa de reconstrução: o investidor faliu. Ponto. Como proceder neste caso? A Câmara continua a obras? Como? Com que legitimidade se ao tempo o edifício não significava qualquer perigo?
Relativamente à Comissão de Iniciativa. Estamos a falar de tempos diferentes, obviamente. O presidente de câmara era nomeado, sem qualquer independência política, sem recursos financeiros, sem meios, sendo mera caixa de ressonância do Governo. As comissões de iniciativa, assim como as comissões de melhoramentos, existiam como forma de pressionar o Governo e de captar fundos para investimento, mas a mais as vezes eram instrumentos de um Estado corporativista e fascista e como forma de sublimar a impossibilidade de participação democrática dos cidadãos. Tratar essas comissões como um bom exemplo, só revela que não compreende que o poder local democrático, apesar de todos os seus defeitos, é uma das melhores conquistas da democracia.
E já agora, porque é que não toma a iniciativa e forma uma comissão para comprar a Casa das Ameias, recuperá-la e fazer dela aquilo que entende que faz falta a Vouzela?
Quanto ao BE (não sei se são as iniciais de Bloco de Esquerda) Vouzela:
O capitalismo permitiu que possa escrever no computador em que está sentado e fabricou tudo o que come, bebe, veste ou utiliza, a não ser que se alimente de charutos cubanos ou de mísseis norte coreanos. Tem falhas, claro, mas está aí para durar.
Quanto à situação financeira da Câmara, bastava ler os jornais para perceber que nos últimos anos foram adquiridos em Vouzela edifícios e terrenos de valor suficiente para comprar duas Casas das Ameias: edifício da Cooperativa, pavilhões no Monte Cavalo, terrenos para instalação da Zona Industrial, terrenos em Sampaio.
E a questão que coloco à discussão é: a Câmara compra a Casa das Ameias e depois faz o quê? Museu? Já temos. Biblioteca? Também. Posto de Turismo? Idem, e seria um desperdício. Unidade hoteleira? Francamente, não vejo as Câmaras vocacionadas para esses fins. Comprar, reconstruir e ceder a terceiros? Também não é da competência das Câmaras e poderia sempre ser acusada de especulação imobiliária.
Espicha Sapo disse.
Espicha:
Parece-me que quem não quer ler (e perceber) não sou eu.Parece-me, até, que está a discutir comigo, argumentos que OUTROS lhe deram. Não eu.
Consigo, os argumentos que tenho usado limitam-se a fundamentar uma das partes do problema: apesar do edifício ser privado, a Câmara tem possibilidade e legitimidade (ao contrário do que o Espicha tem dado a entender) para intervir. Ponto final. A situação de falência também está prevista na Lei, embora mais orientada para a mudança de proprietário da obra. Só que o ponto em que ela estava (a obra), facilmente levava a concluir que a segurança do edifício ia ser afectada. Como disse, hoje o acompanhamento das obras já quase não é feito pelas câmaras. Mas se ler o preâmbulo da lei, vê que isso não lhes retirou um milímetro de responsabilidade. Elas é que, por vezes, gostam de disfarçar.
Nunca defendi a compra do edifício, nem acredito (nunca acreditei) na viabilidade de uma estalagem naquele espaço. Isso não quer dizer que recuse a hipótese, se não houver alternativa. Quanto a tudo o que diz já existir e dispensar novas instalações (museu, turismo, arquivo municipal-existe?)tínhamos que fazer outro debate.
Sobre o que é, ou não, competência das autarquias, a conversa é outra. E é aí que está o fundamental da nossa divergência. Aliás, o modo como termina a propor-me a aquisição da casa para resolver o problema, reflecte um conceito de gestão autárquica que conhecemos bem (em todo o País). Se calhar, era melhor comprar todos os espaços em que, por um motivo ou por outro, se têm feito disparates (ou, até, em que seja previsível virem a ser cometidos), ou que se têm deixado ao abandono e desse modo transformar os autarcas em meros organizadores de festas e cobradores de impostos. Quer ser meu sócio?
No entanto, para esclarecimento dos leitores menos informados sobre este processo), convém dizer que tudo aquilo de que temos estado a falar é, apenas, UM dos problemas. Há OUTROS que resultam da transmissão da herança, como escrevi logo no início.
Embora não tenha que ver com o asunto da "Casa das Ameias", convém esclarecer algumas coisas que foram ditas sobre a Comissão de Iniciativa. A bem da História local que nem sempre tem sido tratada com o rigor que devia.
As comissões de iniciativa não foram formas "de pressionar o Governo e de captar fundos para investimento". Elas careciam de autorização do próprio governo. Acontece que a de Vouzela foi pensada em 1928, apenas dois anos após o golpe militar do 28 de Maio, e conseguiu juntar esforços de gente com opiniões políticas muito diferentes. Por exemplo, fizeram parte dela, homens que estiveram na vereação no tempo da República e que foram substituídos após o 28 de Maio. Ao memo tempo, encontramos lá nomes que fizeram toda a sua "carreira" política após a instauração da ditadura.
Quando disse (e repito) que tinha sido uma iniciativa que os actuias responsáveis pelo concelho deviam estudar, referia-me a essa colaboração de gente diferente, com opiniões diferentes (muito mais do que as divergências actuais entre partidos), mas que conseguiu concentrar esforços em torno de ideias concretas para Vouzela.
Tal como disse (e repito), em democracia devia ser mais fácil dinamizar a participação directa dos cidadãos (em torno de projectos precisos). No entanto, a experiência mostra que assim não é. Precisamente porque, ao contrário do que defende o Espicha, o poder autárquico não só não tem lições de democracia a dar, como a tentação para o tornar (ainda) menos democrático, tem sido muia (veja-se o que esteve previsto sobre a alteração da legislação sobre as eleições autárquicas).
Quanto à nossa posição sobre o poder autárquico que temos, há vários textos publicados no "Pastel de Vouzela". De qualquer modo, uma síntese pode ser encontrada aqui: http://pasteldevouzela.blogspot.com/2007/02/urgncias.html
Gostei de ver toda a discussão.
É importante que ela exista e dela nascerá (?) alguma luz.
É óbvio que a Câmara pode ter um papel mais interventivo desde que "esteja para aí virada".
E a intervenção no sentido de preservar o património, arquitectónico no caso, constitui uma obrigação sua.
Por agora deixo-lhes uma sugestão:
Porque não intermediar uma reunião entre os "proprietários" e o Grupo Pestana tendo em vista a instalação de uma Pousada, depois de saber junto deste Grupo da sua disponibilidade para avançar?
Uma coia a Câmara não deve nem pode fazer: ficar impávida e serena como se nada fosse consigo.
O que gostava de saber é se no meio das obras não apareceu por lá um caixote cheio de fotos antigas de Vouzela.
Sim, as iniciais são de Bloco de Esquerda. E então?
Parece-me a mim que o sr Espicha está a tentar mandar areia pros
olhos das pessoas.
Acerca do capitalismo...parece-me um defensor acérrimo do mesmo portanto nem vale apena continuar a conversa.
Continuando...
Meu amigo eu vivi em Vouzela até há bem pouco tempo, desde que nasci. Eu sou vouzelense de gema e gosto da minha vila, ao contrário do sr presidente da câmara que gosta mais de Viseu (onde reside) do que de Vouzela. Gosta mais da encosta do Caramulo que da vila de Vouzela.
Se a câmara está tão bem, porque ainda não pagou o que deve a fornecedores em São Pedro do Sul (há alguns que nem um prego fiam à câmara de Vouzela), porque não pagam a dívida com a Visabeira quando fizeram MAIS UM dos passeios da 3ª idade à discoteca?
Sei do que falo.
Qual a obra que se vê em alguns anos de mandato? ZERO!
Abrir caminhos florestais?
Toda a zona desde Paços de Vilharigues até Queirã está esquecida.
Mas para tanta defesa da Câmara Municipal e seus timoneiros, das duas um: ou faz parte dos governantes de Vouzela, ou é do partido e, como todos, não olha em volta mas olha sim a cores partidárias na hora de votar.
Quanto à casa, ainda vou morrer e ela vai estar no mesmo estado deplorável e perigoso.
A discussão já está a enveredar por outro caminho que até tem a sua piada. Assim, confesso que
há momentos quando "comentei", também estive para dizer que este "espicha" seria um mensageiro da edilidade ou até mais... e com o qual não estou de acordo na maioria do que diz.
Mas que ninguém se zangue, Vouzela há-de arranjar formas de recuperar e manter este belo edifício.
a.Rodrigues
O que acontece é que, caso esta casa estivesse na encosta do caramulo, já tinha sido recuperada.
Tudo o que disse tem a ver com a discussão. Quem viveu lá e ainda volta, se não de 15 em 15 dias, de mês a mês, sabe o que se passa.
Tenho pena de ver a vila parada no tempo e ninguém a fazer nada.
Parece que toda a gente tem medo de falar.
Abraço
BE
Ora,pelo que se vê aqui, não só ninguém tem medo de falar, como não há dúvida de que o A. Rodrigues tem razão:"Vouzela há-de arranjar formas de recuperar e manter este belo edifício". Assim o debate continue, franco e aberto. Ideias diferentes são fundamentais, mas só servem de algo se assumirem o confroto.
Agradeço, desde já, a todos os que estão a participar. Muito obrigado.
Algumas notas apenas:
1. "Vouzela há-de arranjar formas de recuperar e manter este belo edifício". Bonito. Poético. Chega a ser comovente. Pena é que até a Igreja Matriz tenha de ser limpa pelas funcionárias da Câmara, tal é inacção das gentes de Vouzela. As pessoas não têm medo de falar, falam até demais. Têm é preguiça de fazer qualquer coisa pela sua terra.
2. Não sou mensageiro do presidente da câmara nem ele precisa. Alás, não concordo com muitas coisas que fez e acho que há outras que podia ter feito e não fez. Exemplo do 1º caso: devia ter acabado com os subsídios ao futebol. Exemplo do 2º caso: devia ter investido mais na vila.
3. Em virtude do plano de saneamento financeiro que foi aprovado, a Câmara de Vouzela está obrigada a pagar a 30 dias, por isso essa história dos fornecedores de São Pedro deve ser mesmo...hitória.
4. Só houve um passeio à discoteca e a Visabeira não cobrou nada pela utilização. Agora, por favor, BE não venha dizer que houve tratamento de favor por parte de uma empresa capitalista.
Espicha sapo disse.
De tudo o que disse...
Os subsídios do futebol foram praticamente cortados.
É óbvio que podiam ser todos cortados. E assim ficar uma vila ainda mais atrasada em relação a todas as outras. Afinal os nossos jovens vão para Oliveira e São Pedro para praticar desporto porque já há tão pouco... Há em Ventosa, em Cambra e em Vouzela um clube despedaçado que qualquer dia morre.
Quanto à ida à discoteca eu disse:
"Visabeira quando fizeram MAIS UM dos passeios da 3ª idade à discoteca?"
Mais um dos passeios da 3ª idade. Vamos a ver se nos entendemos.
Quanto ao resto, fique com a sua ideia que eu fico com as minhas informações.
É que os passeios da 3ª idade convêm...afinal a 3ª idade dá muitos votos e é sempre bom lembrar nas campanhas eleitorais.
Mas é tão fácil andar a defender a câmara como se vê...mas podia-se identificar e dizer quem é. Logo se vía se possuía cartão laranja ou não. É que, em Vouzela, apenas quem tem esse cartão, pode opinar.
Quando diz que o sr presidente não precisem de fala por ele...é verdade mas também é verdade que quando fala pouco acerta e, em debates, normalmente é encostado à parede.
Andou a fazer luta por causa das urgências para inglês ver...É o que digo.
Campanha eleitoral na cabeça e movimentam-se... porque passado isso, são uns anos a penar.
BE disse
BE Vouzela como é que consigo entrar em contacto convosco?
Que bela discução! Parabéns é disto que Vouzela necessita!
Abraço!!
envia mail para mim e depois posso encaminhar isso.
be.vouzela@gmail.com
Vai ao teu blog UAP que deixei lá coment. provavelmente conhecemo-nos.
Caros,
Escrevo pois penso ser descendente de um dos proprietários dessa Casa das Ameias, também conhecida como Casa dos Teles. Tenho por hipótese que o meu 5º avô Nuno de Barros Teles do Loureiro Cardoso terá nascido nessa casa. Desconheço em que mãos estará a casa, se em algum familiar que desconheço, mas gostaria de saber não só se algum de vós me pode dar informação sobre a história da 'casa das ameias' ou 'casa dos Teles', por uma questão de curiosidade, e ainda saber se conseguiram fazer finalmente um hotel??
Cumprimentos
Caros,
Escrevo pois penso ser descendente de um dos proprietários dessa Casa das Ameias, também conhecida como Casa dos Teles. Tenho por hipótese que o meu 5º avô Nuno de Barros Teles do Loureiro Cardoso terá nascido nessa casa. Desconheço em que mãos estará a casa, se em algum familiar que desconheço, mas gostaria de saber não só se algum de vós me pode dar informação sobre a história da 'casa das ameias' ou 'casa dos Teles', por uma questão de curiosidade, e ainda saber se conseguiram fazer finalmente um hotel??
Cumprimentos
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