terça-feira, junho 17, 2008

Anúncios de 1936



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Estava-se em tempo de Festas do Castelo, corria o ano de 1936. Como ainda hoje acontece, o espaço publicitário do Notícias de Vouzela era reforçado, ocupando uma página inteira- coisa rara naqueles tempos de pouca fartura. Os anúncios que publicamos, integravam essa página. Não estão aqui representadas todas as actividades de porta aberta da Vouzela daqueles tempos, nem essa foi a nossa preocupação. Mas está uma amostra curiosa quanto à diversidade da oferta e às preocupações do tempo.



Dos anúncios publicados, sobressaem duas características do comércio da altura: uma concentração total na vila (só aparece um anúncio das restantes freguesias- Alcofra) e o predomínio de lojas a venderem desde as fazendas às mercearias- talvez tenham sido as percursoras dos actuais supermercados. Num país predominantemente rural, percebe-se que o comércio fosse dominado pelo ramo alimentar (mercearias), abastecido pela produção dos arredores, com uma ou outra extravagância de origem mais longínqua.


Nas aldeias, existiam as “vendas”, lojas de tudo um pouco, raramente com grande variedade de oferta. Isto tornava o comércio da vila dono e senhor do mercado local. Mesmo assim, exceptuando cafés, “casas de pasto”, pensões, poucos eram os que se podiam dar ao luxo da especialização numa só área, privilégio de quem detinha o saber de um ofício: alfaiates, ourives, etc. Ou os sapateiros, que não se limitavam a vender sapatos- fabricavam-nos a gosto e por medida. Guardavam moldes dos clientes mais fieis e faziam-lhos chegar à medida das encomendas. Para qualquer morada, ou latitude- devia ser essa a explicação, para o dinamismo exportador anunciado.


Depois, algumas curiosidades de época, como a importância dada pela hotelaria à afirmação das suas preocupações com o asseio escrito com “c”. Isto, quando ainda era frequente apresentar-se, como diferença no serviço prestado, a disponibilidade de “águas correntes, quentes e frias”. Daí, não se estranhar o palavroso anúncio do “Spumol”, o mais eficaz para “tornar pretos os cabelos brancos”, mas que para além disso, garantia não sei quantas curas certas para as maleitas da derme- não era de produção vouzelense, mas não resistimos a publicá-lo. Intemporal era a segurança da farmácia. Bastava existir. Sem mais palavras.

6 comentários:

CP disse...

Excelente post.
Queria ampliar o anúncio "Casa da Montanha - Dias & Irmão" e não consigo. Será do meu browser?
Gostava de ler o que lá diz já que foram os responsáveis pelas maiores colecções de postais de Vouzela a partir dos anos 20.

Zé Bonito disse...

Este blogger, por vezes, põe-nos a cabeça em água! Pensamos ter resolvido o problema. Pelo menos, em parte (a que te interessa).
As nossas desculpas

CP disse...

Onde era o Hotel Vouzelense?

Zé Bonito disse...

Rua Morais Carvalho, à esquerda de quem desce.

quink644 disse...

Muitos parabéns pelo seu belíssimo post, já copiei a ideia e pedi no Pensão Avenida que alguém que dispusesse desse tipo de documentos que os tirasse do baú.
Um abraço cordial...

Luís Filipe disse...

Estes anúncios são excelentes...no Livro Comemorativo dos 75 anos dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades também encontram anúncios semelhantes...
Muitos parabéns!
Devíamos pensar em unir esforços e fazer um levantamento e imagens antigas e fotografias da nossa região.
Colaborem com o Pastel de Vouzela e com o Pensão Avenida