A invasão dos urbanóides-3: a perspectiva das coisas
Confesso que resisti ao leitor de “cê-dês” no automóvel. Nada contra, mas o incómodo do armazenamento, as previsíveis consequências da trepidação, levaram-me a adiar a novidade. Só que não imaginam o gozo que dá sair de manhã para o trabalho, atravessar as estradas geladas e desertas das nossas serras, a ouvir os dramas engarrafados do pessoal que desespera, parado, no IC19, ou na Ponte do Freixo. Pois- a realidade nacional formatada pela dimensão dos horizontes urbanóides.
Por isso, limitei-me a sorrir quando ouvi o ministro da Saúde dizer que, na tal rede-de- serviços- que- os- técnicos- disseram- dever- ser- de- uma- maneira- mas- que- as- “opções políticas”- têm- montado- de- outra, nenhuma localidade ficava a mais de 30 minutos de um centro de assistência. Ocorreu-me logo que a Aldeia da Pena não tivesse dimensão para se fazer notar nos mapas do ministério. Ou Sul, Coelheira, Covas do Monte, Fujaco... eu sei lá.
Correia de Campos é de Viseu, mas há muito que se deve dirigir ao trabalho a ouvir as informações de trânsito das rádios nacionais. A coisa mexe connosco, acreditem. A páginas tantas já nos põe a ver grandiosas operações “stop” da brigada de trânsito, coletes reflectores e “pirilampos” a brilhar, arranjando espaço para que um helicóptero aterre numas quaisquer quatro faixas dum caminho nos confins de um vale de São Macário ou da Arada. A miudagem a acorrer, galhofeira, presidente de junta e filarmónica à espera, aprumados, e a senhora professora, rendida, a passar para trabalho de casa: “redacção sobre o dia em que o helicóptero veio buscar o tio Malaquias”. Em trinta minutos, registe-se.
Os efeitos são terríveis, não duvidem. Acabei por me render. Hoje já me fiz à estrada com “lobos, raposas, coiotes”, disco já antigo da Maria João e do Mário Laginha, mais de acordo com a minha realidade. No “cê-dê” do carro.
Por isso, limitei-me a sorrir quando ouvi o ministro da Saúde dizer que, na tal rede-de- serviços- que- os- técnicos- disseram- dever- ser- de- uma- maneira- mas- que- as- “opções políticas”- têm- montado- de- outra, nenhuma localidade ficava a mais de 30 minutos de um centro de assistência. Ocorreu-me logo que a Aldeia da Pena não tivesse dimensão para se fazer notar nos mapas do ministério. Ou Sul, Coelheira, Covas do Monte, Fujaco... eu sei lá.
Correia de Campos é de Viseu, mas há muito que se deve dirigir ao trabalho a ouvir as informações de trânsito das rádios nacionais. A coisa mexe connosco, acreditem. A páginas tantas já nos põe a ver grandiosas operações “stop” da brigada de trânsito, coletes reflectores e “pirilampos” a brilhar, arranjando espaço para que um helicóptero aterre numas quaisquer quatro faixas dum caminho nos confins de um vale de São Macário ou da Arada. A miudagem a acorrer, galhofeira, presidente de junta e filarmónica à espera, aprumados, e a senhora professora, rendida, a passar para trabalho de casa: “redacção sobre o dia em que o helicóptero veio buscar o tio Malaquias”. Em trinta minutos, registe-se.
Os efeitos são terríveis, não duvidem. Acabei por me render. Hoje já me fiz à estrada com “lobos, raposas, coiotes”, disco já antigo da Maria João e do Mário Laginha, mais de acordo com a minha realidade. No “cê-dê” do carro.
3 comentários:
Parabéns pelo seu blogue. Fiz um post a propósito.
AJ
Já vimos. Obrigado pelo destaque.
Bem-hajam!
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