João António Gonçalves de Figueiredo
Era sobrinho do barão da Costeira (ver a última imagem deste post) e, talvez por sua influência, fez parte do Partido Regenerador pelo qual foi nomeado administrador do concelho de Oliveira de Frades. Em 1885 integrou o grupo fundador da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vouzela, tendo sido "1º patrão e sub-comandante" do seu corpo ativo, para além de presidente da direção e da assembleia. Segundo Lopes da Costa, a sede desta instituição inaugurada em 26 de Fevereiro de 1911, foi edificada em terrenos que, em grande parte, foram por ele oferecidos. Como forma de agradecimento, a corporação decidiu dar o seu nome ao primeiro pronto socorro.
Enquanto presidente da então Junta da Paróquia de Vouzela, seu nome ficou ligado ao alargamento do "ensino primário" no concelho. Esse trabalho fez com que, em 26 de Abril de 1892, tivesse sido louvado pelo Ministro dos Negócios do Reino e agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo (as insígnias foram confiadas à Associação dos Bombeiros de Vouzela). Ainda nesta área, avançou, em 1928, com a proposta (não concretizada) de construção de uma escola primária "modelo" no alto de Sampaio, para o que estava disposto a ceder terreno, dinheiro (dois mil escudos) e o mobiliário necessário, impondo como única condição que se chamasse João Correia de Oliveira. Também ficou ligado à criação da escola de Fataunços.
Quando, em 1895, foi eleito secretário da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, desempenhou papel de relevo na transferência do "Hospital Velho" para a Casa da Cavalaria, onde também foi instalado um asilo. Anos mais tarde administrou esta instituição.
Já após a sua reforma (foi inspetor de Finanças) e, numa altura extremamente difícil da vida local, colaborou na angariação de fundos para o edifício do tribunal. Lopes da Costa refere as suas influências na classificação da Igreja Matriz como monumento nacional e na promulgação do diploma legal que classificou Vouzela como estância de Turismo (Decreto nº 16432, de 28 de Janeiro de 1929). Presidiu à Comissão de Iniciativa e Turismo, tendo ficado ligado a todos os trabalhos de melhoramento no Monte Castelo, nomeadamente à construção da estrada e à vinda do arquiteto Raúl Lino, convidado a dar parecer sobre as obras e que acabou por projetar o fontenário (posteriormente executado sob a responsabilidade do mestre Guilherme José Joaquim Cosme).
Na imensa lista de obras a que ficou ligado, consta ainda o reconhecimento pelo trabalho referente "à denominação das ruas de Vouzela" e o alinhamento da Rua Barão da Costeira, feito "por sua conta", entre "a esquina dos Bombeiros e a casa que era de Leopoldina Batata". Facilitou a aquisição do terreno (Chãs), sua propriedade, onde os pioneiros da Associação de Futebol "Os Vouzelenses" construiram o "Parque Desportivo". Por isso mesmo foi nomeado "sócio benemérito". Em 1943, no mesmo ano em que, por doença, se viu obrigado a abandonar a administração do Hospital e Asilo, a câmara proclamou-o "cidadão honorário de Vouzela".
Para muitos, não passa da modesta referência nesta estátua, paga através de subscrição pública. No entanto, João António Gonçalves de Figueiredo foi dos que fizeram e deixaram fazer daquela obra que verdadeiramente interessa: a que serve a população. Pelo menos que lhe preservem a memória, através dum simples restauro do monumento, de modo a que se perceba o ano do nascimento.
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(1)- Os dados biográficos aqui referidos, foram retirados dos arquivos de Lopes da Costa na Biblioteca Municipal .Foi ainda usada informação de Vouzela- a Terra, os Homens e a Alma, Vouzela 2001, Santa Casa da Misericórdia de Vouzela, 1498-2008, Vouzela 2008 e de "Os Vouzelenses", 80 anos- Imagens com histórias", Vouzela, 2010.